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AGBI levanta R$ 80 milhões com Fiagro Verde e parte para a compra de fazendas

Gestora prevê captar ao menos R$ 300 milhões com o fundo, que fomentará operações que incluem créditos de carbono  

Fernando Lopes

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A AGBI, gestora de recursos especializada em investimentos em ativos reais, já levantou R$ 80 milhões com seu Fiagro Verde, lançado no ano passado, e está perto de adquirir a primeira propriedade rural com esses recursos. No agro, o foco da gestora é comprar terras com pastos degradados para lucrar com sua recuperação e transformação em lavouras.

O AGBI III Carbon Fiagro FIP é o terceiro fundo lançado pela empresa com esse objetivo, e o primeiro a incluir nos cálculos de remuneração os créditos de carbono que podem ser gerados com a transformação de pastagens degradadas em áreas agrícolas. O objetivo da gestora é levantar R$ 300 milhões com investidores do país, e ampliar esse valor para até R$ 1 bilhão com a participação de estrangeiros.

Para receber a denominação de fundo verde pelos critérios da Climate Bonds Iniciative (CBI) e da Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR), padrão da União Europeia, o AGBI III se comprometeu a não desmatar as fazendas que forem adquiridas, a compensar em dobro eventuais desmates feitos após a promulgação do Código Florestal de 2012 e a implantar nas propriedades técnicas sustentáveis como integração lavoura-pecuária-floresta e plantio direto.

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Segundo Luciano Lewandowski, sócio-fundador da AGBI, o objetivo é comprar pelo menos cinco fazendas, com cerca de 30 mil hectares no total. A gestora mapeou quase mil fazendas no Brasil nos últimos anos e concentrou esforços em Mato Grosso, onde os riscos são considerados menores – 14 propriedades foram visitadas no Estado nas últimas semanas.

Luciano Lewandowski, sócio-fundador da AGBI (foto: Divulgação)

Segundo Gustavo Fonseca, sócio-diretor da gestora, os principais riscos embutidos em operações do gênero são ambientais e legais. A qualidade do solo da fazenda é outro ponto nevrálgico, uma vez que o fator influencia a velocidade da transformação dos pastos em lavouras. A AGBI conta com equipe própria e trabalha com parceiros para checar esses pontos.

No primeiro veículo de investimentos que lançou para inaugurar seu modelo de negócios, a gestora comprou uma fazenda em Nobres (MT) em 2013, por quase R$ 40 milhões, e vendeu a propriedade em 2021, por R$ 186 milhões. Com o segundo fundo que criou nessa frente, fez uma aquisição em Comodoro (MT) em 2017, por pouco menos de R$ 30 milhões, e a venda foi realizada em 2022, por R$ 146 milhões. As propriedades tinham, no total, cerca de 15 mil hectares

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É esse potencial de valorização que está na mira da AGBI com seu Fiagro Verde,  independentemente do valor que poderá ser agregado pelos créditos de carbono – até porque esse mercado ainda está sendo regulamentado no país. Para mensurar e monetizar os créditos de carbono, a gestora estabeleceu uma parceria com a Infrapar Sustainability.

Marco Antônio Fujihara, sócio-fundador da Infrapar observa que, como em uma mesma propriedade as condições do solo normalmente variam, os créditos que podem ser obtidos com sua transformação também podem ser diferentes, a depender da área analisada. “Temos que usar diversas metodologias para chegarmos a uma visão sistêmica”, disse.

“Atualmente, o valor dos créditos de carbono é muito pequeno diante do resultado obtido com a transformação dos pastos degradados em áreas agrícolas em si. Mas isso vai mudar. Há grandes grupos investindo em agricultura regenerativa, e a expectativa no mercado é que haja um boom de preços no futuro”, disse Mário Lewandowski, diretor de novos negócios da AGBI.

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O Fiagro Verde da gestora tem prazo de dez anos, e a expectativa é que os créditos de carbono rendam frutos em cinco ou seis anos.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.