China reage à investigação da Comissão Europeia sobre subsídios para fabricantes de carros elétricos

Anúncio foi feito ontem pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen; governo chinês acusa UE de "protecionismo flagrante"

Roberto de Lira

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A China reagiu ao anúncio feito ontem de que a Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre benefícios estatais do país asiático aos produtores de veículos elétricos, que pode acabar com a imposição de tarifas extras para proteger os fabricantes europeus de práticas concorrenciais consideradas injustas. O anúncio foi feito na quarta-feira (13)  pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em seu discurso anual ao Parlamento do bloco.

Segundo disse Leyen em seu discurso, o setor é uma indústria crucial para a economia limpa, com um enorme potencial para a Europa, mas os mercados globais estão agora inundados com carros eléctricos chineses mais baratos. “E o seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais. Isso está distorcendo nosso mercado”, afirmou.

Ela disse ainda em seu discurso que a Europa está aberta à concorrência, mas não para uma corrida até o fundo e que o bloco deve se defender contra “práticas injustas”. A presidente da Comissão Europeia reconheceu que é vital manter linhas abertas de comunicação e diálogo com a China, mas que é necessário eliminar esses riscos. Essa, inclusive, será sua abordagem com as lideranças chinesas numa reunião de cúpula UE-China agendada para este ano.

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A China reagiu às declarações. Segundo a CNBC, as autoridades do país asiático acusaram a União Europeia de “protecionismo flagrante”. O Ministério do Comércio chinês teria apelado ao diálogo para salvaguardar os interesses das empresas chinesas e comprometer-se com os esforços globais para enfrentar as alterações climáticas e alcançar a neutralidade de carbono.

“A China acredita que as investigações anunciadas pela União Europeia em nome da ‘concorrência leal’ visam, na verdade, proteger as suas próprias indústrias”, disse o ministério a jornalistas nesta quinta-feira (14).

“É um ato flagrantemente protecionista que irá perturbar e distorcer seriamente a indústria automotiva e a cadeia de abastecimento global. E terá um impacto negativo nas relações econômicas e comerciais China-UE”, afirmou o ministério.

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Já Cui Dongshu, o secretário-geral da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros escreveu nesta quinta-feira (14) em sua conta pessoal do WeChat, que o crescimento das exportações são fruto da forte cadeia de suprimentos local.

“As exportações de veículos de nova energia da China estão registrando volumes mais fortes não devido aos enormes subsídios estatais, mas por causa da altamente competitiva cadeia de fornecimento industrial da China devido à forte concorrência de mercado interno”, disse.

Nesta semana associação chinesa de fabricantes de automóveis revelou que as exportações dos chamados veículos de nova energia dispararam 110% no acumulado do ano até agosto ante o mesmo período do ano passado.

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Um total de 727 mil NEVs foram exportados nesses oito meses, sendo que as exportações de veículos elétricos puros aumentaram 120%, para 665 mil unidades. Já as vendas externas de veículos elétricos híbridos plug-in aumentaram 73,5%, para 62 mil unidades, informou a agência de notícias Xinhua.

Segundo a Reuters, a Comissão Europeia terá até 13 meses para avaliar se deve impor tarifas acima da taxa padrão de 10% da UE para automóveis. A investigação abrange carros movidos a bateria da China, incluindo também marcas não chinesas fabricadas por lá, como Tesla, Renault e BMW.