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Ibovespa cai 1,53% na sessão, com fiscal no radar, e acumula queda de 5,19% em agosto

Questão fiscal brasileira apareceu nos últimos pregões, mas o mês foi marcado, majoritariamente, por pressão vinda do exterior

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,53% nesta quinta-feira (31), aos 115.741 pontos, acumulando uma queda de 5,19% em agosto e encerrando uma sequência de quatro meses de alta. Se, por boa parte do mês, foi o cenário externo que ditou um menor otimismo com a Bolsa brasileira, nos últimos pregões notícias domésticas foram as principais responsáveis pelos recuos.

Hoje e ontem o Ibovespa, inclusive, destoou do exterior. Nessa quarta, os principais índices norte-americanos subiram enquanto o brasileiro, caiu.  Já neste quarto pregão da semana, o último nos Estados Unidos já que amanhã é feriado por lá, Dow Jones e S&P 500 recuaram 0,48% e 0,16%, bem menos do que o seu par tupiniquim, enquanto a Nasdaq conseguiu fechar em leve alta de 0,11%.

No mês, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 2,35%, 1,78% e 2,17%.

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“A Bolsa Brasileira hoje está caindo em função das vários projetos que foram publicados hoje de manhã a respeito de tributação, afetando tanto a subvenção de ICMS como o fim do juros sobre capital próprio (JCP)”, comenta Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.

No caso do ICMS, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, editou uma medida provisória que pode tirar os benefícios fiscais de várias companhias. Já no caso do JCP, o projeto de lei prevê o fim do mecanismo de distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) por empresas a partir de primeiro dia de 2024.

O Orçamento aprovado para 2024 traz uma ampliação de gastos de R$ 129 bilhões em relação a este ano. Para cumprir a meta de primário zero, o projeto estabelece um aumento de R$ 168 bilhões em arrecadação, incluindo receitas ainda não aprovadas – tanto a MP quanto o projeto de lei terão de passar no Congresso, por exemplo.

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Ontem, receios fiscais após a publicação do resultado do Governo Central (composto por Tesouro, Previdência e Banco Central) já tinham feito a curva de juros brasileira subir e a movimentação se repetiu nesta quinta. Os DIs para 2024 ganharam 1,5 ponto-base, a 12,39%, e os para 2025, 4,5 pontos, a 10,55%. Os contratos para 2027 foram a 10,37%, com mais 15,5 pontos, e os para 2029, a 10,85%, com mais 16 pontos. As taxas dos DIs para 2031 avançaram 14 pontos, a 11,11%.

“A política voltou a dominar a cena e impactou o Ibovespa após a ministra Simone Tebet informar que o governo precisa arrecadar R$ 168 bilhões em receitas para zerar o déficit em 2024”, explica Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “A perspectiva de desequilíbrio nas contas públicas pode gerar mais tensão tanto na bolsa quanto no mercado cambial, o índice pode continuar a ser pressionado pela incerteza política e econômica no Brasil. A divulgação do projeto está prevista para hoje”.

Essa tendência que apareceu nos últimos dias não foi a mesma vista no restante de agosto. Na maior parte do mês, o Ibovespa sofreu mais por conta do exterior do que por conta dos acontecimentos locais.

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A questão dos juros nos Estados Unidos foi bastante presente. Fora isso, a economia da China também empurrou o índice brasileiro para baixo durante boa parte do mês.

“Acho que o grande destaque do mês de agosto no mercado interno foi a reversão do fluxo dos investidores estrangeiros na Bolsa. Até junho, eles estavam entrando e, agora, saíram. Isso contrariou, decepcionou, o mercado”, menciona Luís Moran, head da EQI Research. “Esse movimento foi muito mais reflexo de algumas mudanças que aconteceram lá nos Estados Unidos, com toda uma questão no programa de emissões do Tesouro e do juros”.

Nos Estados Unidos, o fato de o Tesouro ter emitido muita dívida para recompor seu caixa jogou os treasuries yields para cima. Fora isso, o temor de que o Federal Reserve poderia voltar a subir o juros, principalmente após o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, também pesou.

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O fato de os treasuries yields estarem pagando mais, com perspectiva de ir além, atrai capital para a maior economia do mundo. Boa forma de ilustrar isso é observando o DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras moedas de países desenvolvidos, que saiu de cerca de 101,80 no primeiro pregão de agosto para 103,63 no fechamento do último.

Frente ao real, o dólar avançou 4,6% em agosto, com alta de 1,68% nesta quinta, a R$ 4,950 – contando também com o fato de que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos caiu.

Por fim, os sinais de que a economia da China estão mais fracas também pesaram sobre o Ibovespa, que conta com peso importante das exportadoras de commodities. As ações ordinárias da Vale (VALE3) recuaram 3,50% no mês, as da CSN Mineração (CMIN3), 3,82%, e as da CSN (CSNA3), 12,50%.

Em setembro, a questão fiscal brasileira, os juros nos Estados Unidos e a possibilidade de estímulos na China continuam em destaque.

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