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Renda fixa nos EUA paga até 10% ao ano em títulos de empresas; por que taxas subiram – e valem a pena?

Com alta das taxas pelo Fed, rentabilidade dos bonds sobe e pode ser alternativa de alocação de renda fixa no exterior

Ana Paula Ribeiro

Imagem: Getty Image
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O cenário de juros altos nos Estados Unidos faz com que os títulos emitidos por empresas, os chamados bonds, tenham rendimentos que se aproximam dos 10% ao ano. As taxas variam de acordo com o prazo e a companhia emissora, mas o investidor interessado precisa saber qual o nível de risco que pretende assumir, já que os rendimentos maiores implicam também riscos maiores.

Esses rendimentos estão ligados à alta de juros nos Estados Unidos. A taxa está na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano e é esperado que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) promova ao menos mais uma elevação nesse ano na tentativa de controlar a inflação – o que já é sentido no mercado de títulos do Tesouro, com taxas no maior patamar desde 2011.

As Treasuries são considerados os títulos mais seguros dos Estados Unidos e as emissões feitas por empresas sempre pagam mais do que eles. Além disso, o cenário mais incerto sobre o rumo dos juros ditado pelo Fed também faz com que os spreads (diferença entre o que as Treasuries pagam e a taxa oferecida nos bonds) subam mais, o que leva ao ambiente de alto rendimento.

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Dados da Levante Investimentos mostram que há oferta de títulos com bons rendimentos para diferentes perfis de investidores, o que facilita na hora de fazer a diversificação da carteira no exterior.

“Para investidores brasileiros, esses ativos trazem diversificação cambial, com rendimentos não diretamente influenciados pelo real brasileiro, minimizando riscos cambiais”, explica Vitor Wolfgram, analista da Levante Corp.

Confira na tabela os bonds com taxas mais elevadas atualmente:

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Empresa Código do ativo Vencimento Yield, em % ao ano
Pemex PEMEX 5.350 MTN 2028 10,24
BRF BRFSC  5.750 ’50 2050 8,64
CSN CSNAC 6.750 ’24 2028 8,14
Equipav CNTRA  6.750 ’25 2029 8,13
Marfrig MRFGC 6.625 ’24 2029 8,10
Banco de Bogotá BBO 6.250 2026 7,54
Braskem BRKME  4.500 ’29 2030 7,43
XP Inc XP 3.250 ’26 2026 7,37
Petro Rio PRIOC 6.125 ’24 2026 7,25
Natura NATUC 4.125 ’28 2028 7,21
Rede D’Or HSLZE 4.500 ’29 2030 7,14
Cosan CSANC 5.500 ’24 2029 6,90
Usiminas USIME 5.875 ’23 2026 6,83
Suzano SUZBC 7.000 ’46 2047 6,82
Embraer EMBRC 6.950 2028 6,62

Fonte: Levante. Os dados foram coletados em 16/08/23.

O analista explica que ativos de menor duração e nota de crédito mais elevada são ideias para os investidores mais conservadores. “Esses papéis são menos vulneráveis aos riscos de mercado, mas também possuem menor remuneração”, explica.

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Como exemplo, cita o Citigroup, que tem um bond com vencimento em 2026 e um yield (taxa de retorno) de 5,64% ao ano.

Já os ativos de maior duração e menor qualidade de crédito são destinados aos investidores que querem correr mais riscos, já que os papéis são mais voláteis. Como exemplo, cita o BRFSC, emitido pela BRF no exterior, que irá vencer em 2050 e tem um yield de 8,64% ao ano.

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Renda fixa americana começa a ficar “interessante” – em certos casos, até melhor que ações, diz BB Asset

A Lord Abbett vê um cenário mais propício a uma tomada um pouco maior de risco em 2023. De acordo com relatório da gestora americana, 2022 foi marcado por uma maior dúvida em relação ao crescimento global. No entanto, ao longo desse ano, parte das incertezas se dissiparam.

Com base nessa premissa, a gestora vê oportunidade em títulos com um risco de crédito um pouco maior, com rating (nota de risco) abaixo de BB pelas agências de classificação, mas sem chegar ao território CCC – onde se concentram as empresas que podem ter maiores problemas caso o crescimento da economia seja frustrado.

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“Você pode gerar altos níveis de renda no mercado de curto prazo e alto rendimento com duração limitada na exposição”, explicam os analistas, de acordo com o relatório.

Spreads em alta, como aproveitar?

Ian Cao, sócio da Gama Investimentos, lembra que o aumento das taxas dos bonds está ligado a um cenário – o aumento da inflação – não limitado aos Estados Unidos. Foi um movimento global que levou todos os principais bancos centrais a agir, em um processo de aperto monetário que ainda não chegou ao fim.

“Há um deslocamento brutal das taxas devido ao momento dos juros, então não vai ter nada abaixo de 5% ao ano, porque 5% já é o risco zero”, diz. “E os spreads [entre as taxas dos bonds e das Treasuries] sobem porque há um medo de que a contração monetária possa gerar uma recessão, o que aumenta a probabilidade de as empresas terem mais dificuldade em realizar os seus pagamentos”.

Sem maior clareza sobre até quando os juros nos Estados Unidos continuarão subindo e que efeito isso terá na economia, Cao acredita que a renda fixa americana continuará sendo uma boa opção de investimentos.

Mas embora os rendimentos dos bonds estejam atrativos, Cao lembra que nem todos os investidores terão a capacidade de fazer a análise de crédito desses papéis ou mesmo recursos suficientes para manter uma diversificação aceitável. Para esses, as saídas são os fundos de crédito no exterior.

Entre carteiras que podem atender a esse interesse, Cao cita cinco de quatro gestores diferentes: Colchester Global Bond; Oaktree Global Credit; Oaktree Global Convertible Bond; Lord Abbett High Income; e Man GLG High Yield Opportunities.

“É uma diversificação maior. O fundo da Oaktree tem entre 600 e 800 emissores, então cada emissor vai ter uma participação muito baixa no fundo. Se tiver algum problema, vai comprometer pouco da rentabilidade total”, diz.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney