Carrefour Brasil (CRFB3): venda de fatia pela Advent abalou ações, mas o que esperar após operações?

Analistas do Bradesco BBI apontaram para pressão sobre papéis no curto prazo, mas veem liquidez mais alta à frente

Equipe InfoMoney

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Na última sexta-feira (4), uma operação chamou a atenção do mercado. O fundo de private equity (que compra participação em companhia) Advent vendeu cerca de 85% de sua posição no Carrefour Brasil por meio do chamado “block trade” (leilão em Bolsa).

Naquela sessão, as ações do Carrefour (CRFB3) lideraram as baixas do Ibovespa, fechando em queda de 6,76%, a R$ 12,00.

O Advent segue como acionista do Carrefour, mas agora com 12 milhões de ações, segundo informações do Valor.

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Segundo a publicação, a decisão da venda foi tomada principalmente para se aproveitar da atual taxa de câmbio, algo de muita importância para um private equity internacional. O preço da ação também ajudou, criando um momento ideal para o início do desinvestimento. Fora isso, a leitura é de que há no Brasil muita oportunidade no varejo, depois de um período difícil para o setor que levou para baixo o preço das ações das empresas. No Brasil, o Advent é conhecido pela sua atuação no setor.

O Advent é um fundo de private equityque adquiriu as operações do Walmart Brasil em junho de 2018 e iniciou a recuperação das operações de varejo de alimentos sob um novo nome de empresa: Grupo Big.

Conforme destaca o Bradesco BBI, em março de 2023, o Carrefour Brasil anunciou a aquisição das operações do Grupo Big pelo valor patrimonial de R$ 7,5 bilhões, aprovado pelas autoridades antitruste brasileiras em junho de 2022.

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Advent e Walmart (que detinha 20% do Grupo Big) receberam 70% do valor patrimonial em dinheiro, enquanto os 30% restantes foram recebidos em ações da CRFB3. Na época do anúncio da operação, os donos do Grupo Big receberam 116,8 milhões de ações, sendo 23,4 milhões do Walmart US e 93,4 milhões da Advent, pelo preço de R$ 19,26 por papel.

Portanto, o total de ações representava uma participação de 5,5% no Carrefour Brasil após a conclusão da aquisição do Grupo Big. Por fim, a Advent e o Walmart concordaram com um período de bloqueio de 6 meses que terminou em dezembro do ano passado.

Na avaliação do BBI, o modo de saída da Advent representa um risco de overhang (pressão vendedora) no curto prazo.

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Quando a ação CRFB3 subiu 55% em relação ao preço mais baixo de 2023 durante a divulgação dos resultados do 1T23 em 8 de maio, a Advent aproveitou a oportunidade para monetizar parte de sua participação.

No futuro, o BBI acredita que, se as ações do CRFB3 continuarem com desempenho superior nos próximos meses, a Advent provavelmente venderá as ações restantes e sairá totalmente do Carrefour Brasil. Portanto, a incerteza do momento de saída pode afetar negativamente o sentimento sobre a ação no curto prazo.

“No entanto, uma saída da Advent não muda nossa tese de longo prazo sobre o nome. A Advent não é um acionista estratégico de longo prazo para o Carrefour Brasil, e também não era esperado que detivesse ações da CRFB3 no longo prazo. Continuamos a ver o Carrefour Brasil como líder de mercado de longo prazo no setor de varejo de alimentos, dada a força da bandeira Atacadão (atacarejo), a maior marca de supermercado do país, e os formatos de lojas complementares com clubes de compras, lojas de conveniência, e-commerce e hipermercados”, aponta o BBI.

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O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel, com preço-alvo de R$ 17 (ou potencial de alta de 40,50% frente o fechamento de segunda-feira).

Para os analistas do banco, os desafios de curto prazo da integração do Grupo Big estão chegando ao fim e veem ventos favoráveis em 2024 em relação à concorrência, cenário macro e dinâmica micro que devem levar a um crescimento sólido do lucro nos próximos anos.

No curto prazo, há alguns insights positivos para a tese do Carrefour Brasil. Em primeiro lugar, a alta administração deve permanecer inalterada, uma vez que não espera que a saída da Advent provoque a saída de nenhum dos principais executivos.

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“Todo o pessoal-chave do Grupo Big deixado no Carrefour Brasil eram profissionais experientes do setor de varejo. Portanto, acreditamos que esses executivos estão comprometidos com a estratégia de longo prazo do Carrefour Brasil”, avalia.

Além disso, aponta, a liquidez das ações deve melhorar: os volumes negociados de CRFB3 foram de US$ 23,7 milhões em média nos últimos três meses, em comparação com US$ 69,3 milhões para ASAI3.

“Embora reconheçamos que o Carrefour Brasil não o alcançará totalmente, já que o Assai é uma sociedade anônima sem acionista controlador, a liquidez das ações do CRFB3 deve melhorar substancialmente. Após a saída total da Advent/Walmart, o Carrefour Brasil deve ter cerca de 30% do free float, de cerca de 25% atualmente”, avalia o banco.

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