Produção industrial sobe 0,1% em junho ante maio; expectativa era de queda de 0,1%

Ante junho de 2022, houve alta de 0,3%; a indústria brasileira acumula recuo de 0,3% no acumulado do ano e alta de 0,1% em 12 meses

Roberto de Lira

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A produção industrial brasileira subiu 0,1% em junho, após também ter registrado alta de 0,3% em maio, conforme dados divulgados nesta terça-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ante junho de 2022, houve alta de 0,3%. Com isso, a indústria brasileira acumula recuo de 0,3% no acumulado do ano e alta de 0,1% em 12 meses.

O indicador de junho veio melhor que o esperado pelo consenso Refinitiv de analistas, que apontava para uma queda de 0,1% na comparação mensal. Na comparação  anual, a previsão era de alta de 0,3%

Em junho, apenas uma das quatro grandes categorias econômicas e 7 dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram alta.

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Segundo André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), os dois meses seguidos de alta não revertem a perda de abril, quando a taxa foi de -0,6%. “Ainda que o primeiro semestre de 2023 mostre saldo positivo de 0,5% quando comparado com o patamar de dezembro de 2022, o ritmo está muito aquém do que o setor precisa para recuperar as perdas do passado recente”, comentou em nota. Ele destacou que a produção industrial ainda se encontra 1,4% abaixo do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020.

Em junho, o segmento de bens intermediários – o de maior peso no indicador – foi o único que mostrou dinamismo. Ainda que no campo negativo, a categoria saiu de uma queda de 2,1% no primeiro quadrimestre para encerrar o semestre com recuo de apenas 0,5%.

“Há uma relação muito clara com o setor extrativo, que exerce uma liderança em termos de crescimento, com expansão de 5,8% nos primeiros seis meses do ano, com destaque para minério de ferro e petróleo”, comentou Macedo.

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analista também ressaltou a importância dos resultados dos setores de alimentos, mais especificamente o do açúcar e dos itens derivados da soja e de derivados do petróleo. “As demais categorias econômicas não fizeram esse movimento de melhora de ritmo durante o semestre, mesmo os segmentos que fecharam com taxas positivas”, ponderou.

Na passagem de maio para junho, a maior influência positiva nos grupos de atividades veio de indústrias extrativas, que avançaram 2,9% no mês, após crescer 1,4% em maio. “São cinco taxas positivas em seis meses, influenciadas pelo avanço na extração de petróleo e minérios de ferro”, disse Macedo, destacando que o setor é um dos poucos que estão acima do patamar pré-pandemia, com 7% de alta ante o nível de fevereiro de 2020.

Outros setores que contribuíram para o resultado de junho de 2023 foram confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,9%), de produtos de borracha e de material plástico (1,2%) e de produtos de metal (1,2%). Já entre as 16 atividades em queda, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,0%) e máquinas e equipamentos (-4,5%) exerceram os principais impactos.

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Comparação anual

Na comparação de junho de 2023 com o mesmo mês de 2022, a produção industrial avançou 0,3%, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 8 dos 25 ramos, 34 dos 80 grupos e 41,7% dos 789 produtos pesquisados.

O chamado “efeito-calendário” não apareceu nesta comparação, pois junho de 2023 teve 21 dias úteis, o mesmo número de junho de 2022.

Entre as atividades, o destaque também ficou para indústrias extrativas, com avanço de 11%. Outros setores como produtos alimentícios (4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%), impressão e reprodução de gravações (23,7%) e outros equipamentos de transporte (10,1%) também deram contribuições positivas.

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Entre as 17 atividades em queda, chamaram a atenção do IBGE os resultados das atividades de produtos químicos (-9,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,0%), máquinas e equipamentos (-7,3%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,6%), que exerceram as maiores influências.

Entre as grandes categorias econômicas, na mesma comparação, bens intermediários teve a maior alta, avançando 1,8%. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis (0,1%) também teve resultado positivo no mês, embora menos intenso do que a média da indústria (0,3%). Por outro lado, houve quedas em bens de consumo duráveis (-3,9%) e bens de capital (-10,3%).

O setor produtor de bens intermediários cresceu 1,8%, segunda taxa positiva consecutiva na comparação interanual, mas menos intensa do que a do mês anterior (3,1%). A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis teve variação positiva de 0,1%, também registrando a segunda alta seguida, porém, menos intensa do que a registrada no mês anterior (0,9%).

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Já o segmento de bens de consumo duráveis teve queda de 3,9% em junho de 2023 na comparação com junho de 2022, interrompendo cinco meses consecutivos de crescimento nesse tipo de comparação, enquanto o setor produtor de bens de capital apresentou recuo de 10,3% e marcou a 10ª taxa negativa consecutiva nessa comparação.