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Empresas fazem fila para costurar negócios com sauditas

Oncoclínicas, Azul, Ânima e Luft Logistics estão em conversas com empresas árabes com o objetivo de operar no país do Golfo Pérsico

Raquel Balarin Lucinda Pinto

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Um entra e sai frenético tomou conta do 30º andar do prédio da XP, em São Paulo, logo depois do evento promovido pela instituição na tarde de segunda-feira (31) com o ministro de Investimento da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih e o ministro dos Transportes do Brasil, Renan Calheiros Filho.

Em salas temáticas, empresários e executivos dos dois países discutiam investimentos lá e cá. Os sauditas, grandes produtores de petróleo, têm reservados US$ 3 trilhões para investimentos até 2030 e um mercado de quase 36 milhões de pessoas.

As brasileiras Oncoclínicas (saúde), Azul (setor aéreo), Ânima (Educação) e Luft Logistics (logística) estão com conversas engatilhadas para prospectar negócios na Arábia Saudita. Outras empresas, de setores do varejo, construção e concessões, tiveram encontros privados com o ministro Al-Falih na tarde de ontem.

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“Temos empresas brasileiras com know-how para levar para a Arábia Saudita e eles querem investir em empresas estratégicas, como já fizeram em BRF, Minerva e Vale – e podem também avançar para portos e ferrovias no futuro”, diz Rafael Furlanetti, diretor institucional da XP Inc. Segundo ele, a XP vê hoje uma grande oportunidade de ser o link entre os grupos brasileiros e a região do Golfo.

Uma das empresas brasileiras que estudam a exportação de know-how é a Oncoclínicas. O  grupo fundado pelo médico brasileiro Bruno Ferrari e dedicado aos serviços de tratamento oncológico anunciou na segunda-feira (31) um memorando de entendimento “não-vinculante” com o grupo Mashafi.

O objetivo é analisar oportunidades de investimento no país em conjunto com a empresa saudita para replicar lá o modelo de tratamento oncológico desenvolvido pela empresa aqui. Cerca de 90% da população saudita deverá ter planos de saúde até 2025 – um mercado de 32 milhões de pessoas. O Brasil, para efeito de comparação, tinha perto de 50 milhões de beneficiários de planos em maio deste ano.

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O IM Business apurou que a liderança da Oncoclínicas esteve há cerca de um ano e meio prospectando o mercado saudita. Agora, com o acordo de exploração de oportunidades, uma nova visita está marcada para setembro. Se o negócio avançar, será a primeira operação internacional da Oncoclínicas na área assistencial.

No setor educacional, os árabes estão interessados na metodologia de ensino da Ânima, que opera 25 marcas de educação, tem 13 faculdades de medicina e um total de cerca de 400 mil estudantes. A empresa já está em conversas para uma visita ao país.

A aérea Azul, que participou do evento ontem, vê a ampliação do comércio entre os países e da movimentação de carga na região como uma oportunidade. Diferentemente dos seus vizinhos Qatar (Qatar Airways) e Emirados Árabes (Etihad Airways Emirates Airline), a Arábia Saudita não tem uma companhia nacional de aviação.

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Com a CCR, a última das brasileiras a avistar-se nesta segunda com o ministro saudita, o interesse foi pelo know-how brasileiro na área de mobilidade urbana. Arábia Saudita está investindo na criação de cidades modernas, como fizeram seus vizinhos do mundo árabe.

A Luft Logistics, empresa que oferece serviços e soluções em logística, assinou um memorando de entendimento junto ao Ministério do Desenvolvimento da Arábia Saudita  que pode envolver a venda de tecnologia para empresas que precisam criar ou aperfeiçoar suas operações de logística de e-commerce. Segundo o CEO da empresa, Luciano Luft,  a parceria também pode resultar em uma operação da brasileira em terras sauditas.

“Ao longo dos próximos meses, vamos receber informações sobre esse  mercado, visitar o país para avaliar se vamos oferecer esse conhecimento para outras empresas ou, se fizer sentido, montar alguma operação”, disse ele. A Luft, fundada em 1975 , é classificada hoje como uma “logtech” – empresa de tecnologia com foco em soluções logística e forte atuação no setor agrícola e de e-commerce.

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Uma de suas soluções é um sistema de geolocalização – a empresa cria uma referência de localização considerando as referências de latitude e longitude após a primeira entrega e isso substitui o endereço postal. “Estamos muito avançados nesse tipo de solução porque atuamos em um país de dimensões muito grandes,  daí o interesse nessa aproximação”, explica o empresário.

Em sua apresentação no evento da XP, o ministro Al-Falih destacou a evolução dos indicadores macroeconômicos do país desde 2016 (o PIB cresceu a uma média anual de 6,6% nos últimos seis anos) e o crescimento do mercado de capitais, que é hoje de US$ 2,4 trilhões (9º maior do mundo). “Temos muito interesse em investir e em atrair empresas para o Reino. Infelizmente, nossos setores ficaram adormecidos por um tempo”, disse Al-Falih em sua terceira visita ao país.

O ministro de Investimento saudita, que foi CEO da empresa de petróleo Saudi Aramco, conheceu a XP em uma das corridas de Fórmula 1. A Saudi Aramco e a XP patrocinam a equipe Aston Martin.