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Carrefour (CRFB3), dona do Atacadão, e Assaí (ASAI3) divulgaram na semana passada seus resultados do segundo trimestre, surpreendendo positivamente o mercado apesar do período mais desafiador para o negócio.
As ações ordinárias do Carrefour subiram mais de 8% no pregão seguinte à publicação e as do Assaí, quase 5%, mesmo com as vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) tendo recuado nos dois casos (3% na primeira empresa e 1,7% na segunda).
Analistas vinham, desde antes da publicação, anunciando que esperavam um recuo do faturamento nas unidades pela deflação, que leva os clientes, principalmente os do segmento B2B (business to business) a estocarem menos produtos. Além disso, a competição maior na região Sudeste, onde as duas têm forte presença, também era uma questão.
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Nesta frente, os especialistas viram o Assaí como mais positivo. A XP destacou em relatório que apesar da queda do SSS o grupo foi melhor do que o rival na comparação anual e que houve ainda melhora na base trimestral.
Os próprios executivos do grupo, em sua teleconferência de resultados, amenizaram os problemas quanto à competição e ao macro, lembrando algo que foi pouco explorado pelos analistas – a base de comparação anual, no caso o segundo trimestre do ano passado, é muito forte por conta do fato de que as unidades do Extra, herdadas pelo Assaí, estavam fechadas no período.
Tanto o Assaí quanto o Carrefour, com o Atacadão, se encontram no meio de processos de desenvolvimento de lojas, principalmente de atacarejo, após aquisições realizadas. As duas companhias surpreenderam positivamente no quesito execução.
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Carrefour e Assaí mais rentáveis
O Itaú BBA afirmou que as margens Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) das lojas convertidas pelo Carrefour tiveram tendências positivas, atingindo o ponto de equilíbrio. A margem consolidada fora as unidades em maturação ficou em 6,7% estável na comparação ano a ano.
“Se essas tendências continuarem nos próximos trimestres, o Carrefour poderá apresentar um melhor momento operacional. Diante das baixas expectativas do mercado para os resultados da empresa no período, não descartamos uma reação marginalmente positiva da ação no pregão”, avaliou o banco.
Na margem bruta, houve aumento na base anual de 0,8 ponto percentual, para 14,9% impulsionado por melhores negociações com fornecedores, após a integração do Grupo BIG.
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Os diretores do Carrefour mencionaram o tema. “A gente negociou entre 0,5% e 1,4% de desconto nos preços que pagávamos, o que resultou em estabilidade de margens. Com a entrada do BIG, a gente aumentou ainda mais a escala e ainda pegamos as melhores práticas de cada um”, mencionou Eric Alencar, diretor financeiro (CFO) da empresa.
No caso do Assaí, a margem bruta ficou estável na base anual em 16% mas o Ebitda superou o consenso.
O Bradesco BBI destacou que a mínima pressão na margem Ebitda do Assaí em meio à maior expansão da área de vendas desde seu IPO em 2021 provou que a empresa tem um “modelo de negócio resiliente e operação consistente”. A XP apontou que a companhia realizou um forte controle das despesas gerais e administrativas (com recuo de 8% no ano).
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“A empresa também registrou melhorias no capital de giro no trimestre, resultando em uma geração de caixa decente de R$ 1,1 bilhão no período (ou R$ 400 milhões, considerando o pagamento de R$ 700 milhões relacionados à aquisição das lojas Extra). No geral, apesar das tendências de receita mais fracas, os resultados foram decentes”, expôs o BBA.
Por enquanto, o resultado do Assaí, já mais consolidados, sustenta melhores recomendações para a companhia. O grupo tem 11 recomendações de compra e três neutras, com preço-alvo médio em R$ 17,50 (32,5% de upside frente ao fechamento da última sexta), enquanto o Carrefour tem seis recomendações de comrpa e oito neutras, com alvo médio em R$ 16 (upside de 26,2%).
Para diretores, avanços estão só começando
Em outro ponto em comum, os diretores das duas companhias afirmaram que há espaço para ainda mais melhoras operacionais durante seus encontros com analistas.
Os diretores do Carrefour aguardam mais impactos das mudanças do BIG. Segundo eles, por exemplo, apenas metade das sinergias foram implementadas até agora, com R$ 1,2 bilhão capturados. Fora isso, a maturação de lojas e o avanço do Banco Carrefour nas novas unidades também são fatores aguardados com certo otimismo pela diretoria.
“Nossos esforços agora se voltam para o aumento das vendas e para os impactos relacionados à integração. Os gastos com conversões de lojas devem começar a diminuir agora nesse terceiro trimestre e o que devemos ver o impacto relacionado a curva normal de maturação de lojas”, explicam, mencionando que o processo completo pode durar até 36 meses.
Se a deflação faz os clientes do B2B (business to business) a montarem estoques menores, por exemplo, o próprio Carrefour também surfou diminuindo seu número de estoque de 77 para 70 dias.
“Se a gente fica com um estoque grande no momento em que cada dia ele vale menos você tem uma situação que é para a margem bruta. Temos, além disso, tido a capacidade de estar comprando bem”, falou Stéphane Maquaire, diretor executivo (CEO).
A redução do estoque ajudou a companhia a ter um bom resultado de caixa, apesar dos gastos com a transformação das lojas BIG ainda pesarem no acumulado dos últimos doze meses.
No Assaí as expectativas são semelhantes.
“Devemos ter uma evolução das lojas no terceiro e quarto trimestre”, comentou o CEO Belmiro Gomes. Ele lembrou também que o foco em 2022 foi abertura das lojas e que, com essa fase finalizada, a companhia agora focará em galerias, ganhando com aluguel de unidades nos seus espaços. “Trouxe uma receita de R$ 44 milhões e esperamos ao menos dobrar esse valor”, defendeu.
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