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No cenário empreendedor brasileiro, a busca por investimentos é uma etapa fundamental para o crescimento e desenvolvimento das startups. Nesse contexto, uma estratégia eficaz de distribuição de equity (participação societária) se mostra crucial para atrair investidores e garantir recursos necessários para impulsionar o negócio.
Convidamos Carolina Perroni Sanvicente, cofundadora da empresa Perroni Sanvicente & Schirmer advogados, para o “Trilha da Inovação”, trazendo insights valiosos sobre a escolha de investimentos, a importância da assessoria jurídica e os desafios enfrentados pelas startups.
Com apenas três anos de atuação, o escritório já aparece no ranking ttr entre os 10 maiores nacionais em número de operações de venture capital. Carolina tem se destacado não apenas como especialista em Direito Empresarial, mas também como empreendedora de sucesso, e já realizou mais de 180 operações de fusões e aquisições.
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Nós listamos oito pontos para ficar olho, segundo a advogada:
Entendendo o CapTable
O captable, ou tabela de participação societária, representa a divisão da propriedade da empresa entre seus sócios.
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“Então quando a gente está ali no contrato social e normalmente nos contratos sociais as empresas que são os documentos de identificação dela, tem um quadrinho que tem ali o nome do sócio, número de cotas”, explica Carolina.
Essa tabela é descrita no contrato social e estabelece as regras de alocação de cotas e a participação de cada sócio. Para empreendedores inexperientes, pode surgir a dúvida sobre como iniciar essa divisão societária. A advogada explica que, geralmente, os fundadores iniciam uma startup detendo 100% do capital. No entanto, à medida que buscam investimentos, a participação dos fundadores é diluída.
Etapas de investimento e diluição
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Ao longo do processo de captação de recursos, é comum que startups atraiam investidores anjos, aceleradoras e fundos de investimento. Cada etapa de investimento pode resultar em diluição da participação societária dos fundadores.
“Os fundadores começam uma startup com 100% do capital nas suas mãos. Quando eles vão buscar um investidor anjo, normalmente esse investidor anjo vai pedir de 15%, 12%, algumas aceleradoras até 8%, 9%.”.
Já as rodadas de pré-seed e seed podem levar à diluição adicional de cerca de 15% a 20%. Na rodada de série A, que geralmente envolve um maior volume de investimentos, é ideal que os fundadores mantenham entre 60% e 75% da participação no cap table.
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Encontrando um equilíbrio societário
Embora a diluição dos fundadores possa parecer preocupante, Carolina ressalta que o contexto e o estágio da startup devem ser considerados. É importante compreender que cada investidor e rodada de investimento possui suas características e expectativas específicas.
A diluição excessiva pode sinalizar falta de controle e motivação por parte dos fundadores, o que pode afetar negativamente o interesse dos investidores. No entanto, Carolina também destaca que diluições estratégicas podem trazer benefícios, como a entrada de investidores estratégicos e a ampliação das oportunidades de crescimento.
A Importância da motivação dos fundadores
De acordo com Carol, a principal preocupação dos investidores ao observar a diluição dos fundadores é a motivação e dedicação desses empreendedores. “Se os fundadores perderem a motivação e o interesse devido a diluições excessivas, podem se afastar ou buscar novas oportunidades. Isso afeta diretamente a continuidade e o caminho da empresa. Portanto, a motivação dos fundadores é um fator crucial na avaliação dos investidores”.
Encontrando um equilíbrio
Ao enfrentar diluições durante o processo de investimento, Carol enfatiza a importância de construir uma narrativa consistente que explique as razões por trás da diluição. “A estratégia adotada pela startup, os investimentos estratégicos recebidos e a visão de crescimento podem influenciar positivamente a percepção dos investidores”.
Além disso, a busca por um equilíbrio societário adequado, considerando as expectativas dos investidores e a motivação dos fundadores, é fundamental para garantir uma relação saudável e duradoura entre todas as partes envolvidas.
Carolina destaca a importância de encontrar um equilíbrio societário que motive os fundadores a permanecerem engajados e a conduzirem a empresa ao sucesso.
“Isso implica o investidor perder o capitão do navio. E ele não vai levar o navio adiante, porque ele não investiu para adquirir a empresa, ele investiu para tracionar, ele investiu para aquilo fazer sentido na estratégia dele, mas ele não quer cuidar do navio, ele quer que tu cuide”, diz Carol. Ao compreender o captable e os estágios de diluição durante o processo de investimento, os empreendedores podem tomar decisões mais embasadas e estratégicas, garantindo uma base sólida para o crescimento e o desenvolvimento de suas startups.
Diferença entre fundos VC e CVC
Ao abordar a diferença entre fundos de venture capital (VC) e Corporate Venture Capital (CVC), Carolina destacou a importância de compreender as características distintas desses fundos. “Os CVCs são fundos de investimento mantidos por empresas estabelecidas, que buscam investir em startups alinhadas à sua estratégia e setor de atuação. Eles oferecem não apenas capital, mas também expertise e conexões valiosas”, explicou Carolina.
Já os fundos VC são tradicionais e têm como objetivo principal investir em startups e empresas em estágio inicial, visando alto potencial de crescimento. Compreender essas diferenças é essencial para os empreendedores na busca por investimentos adequados aos seus objetivos e necessidades.
Como escolher um investidor
Quando questionada sobre como escolher o investidor certo, Carolina enfatizou a importância de alinhar interesses e expectativas. “Se tu não está apta ou tem esse apetite para dividir, não vá atrás de investidor ou de sócio. Siga a trilha sozinha, vá no banco, hoje tem muitas opções”, aconselhou Carolina.
Ela ressaltou que é fundamental definir claramente o motivo pelo qual está buscando investimento, seja pelo capital financeiro ou pelo valor estratégico que o investidor pode trazer. Além disso, é importante considerar a afinidade, os valores e a expertise do investidor, buscando encontrar um parceiro que compartilhe a visão e o propósito da startup.
Importância da assessoria jurídica para as startups
Ao abordar a relevância da assessoria jurídica para as startups, Carolina destacou sua experiência em operações de fusões e aquisições e sua atuação como coordenadora jurídica em grandes empresas. Ela ressaltou que o jurídico, especialmente em startups, precisa ser um setor de soluções, capaz de pensar fora da caixa e oferecer suporte jurídico adequado para as demandas específicas do empreendimento.
“O jurídico precisa ser aquele que pensa fora da caixa, independentemente do que tu tens de formação”, afirmou Carolina. Ela também mencionou a importância de estabelecer uma comunicação clara e informal com os fundadores e demais áreas da empresa, buscando ser um parceiro que contribui para o crescimento e a viabilidade financeira e operacional do negócio.
Por Ana Medici, apresentadora do Trilha da Inovação.