Tesouro Direto: taxa de prefixado curto cai e se aproxima da mínima em 20 meses após ata do Copom e IPCA-15

Parte do Comitê de Política Monetária do BC queria dar sinalização mais clara sobre os próximos passos da autarquia na reunião da semana passada

Leonardo Guimarães

Publicidade

A taxa do título prefixado de curto prazo oferecido pelo Tesouro Direto operam em queda nesta terça-feira (27). O mercado repercute a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e o IPCA-15 de junho.

A ata do Copom, divulgada nesta manhã, mostrou que houve divergência no grupo sobre o grau de sinalização acerca dos próximos passos da autoridade monetária. Enquanto uma parte do colegiado defendia um sinal de “processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, outro grupo se mostrou mais cauteloso.

Ricardo Schweitzer, analista CNPI independente, destaca ainda que “o Copom sinaliza que a ancoragem das expectativas de inflação num horizonte mais longo passa por decisões que reforcem a confiança nas metas de inflação”. Para ele, a autarquia manda um recado para o governo federal, que vem criticando o trabalho do comitê.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“É difícil alinhar as expectativas do mercado em torno de uma meta que até o presidente questiona”, diz Schweitzer.

Outro tema importante do dia é o IPCA-15, a prévia da inflação oficial. O indicador desacelerou para 0,04% em junho na comparação com maio. O consenso Refinitiv de analistas do mercado financeiro apontava inflação de 0,01% no mês.

Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o indicador pode melhorar a visão do BC sobre o cenário econômico brasileiro. “De acordo com a ata, os membros do Copom reconhecem a melhora do cenário inflacionário, mas esperam a divulgação de mais dados”, lembra o especialista.

Continua depois da publicidade

No Tesouro Direto, a taxa do títulos prefixado curto, que vence em 2026, tinha queda na comparação com a última atualização de segunda-feira (26). O Tesouro Prefixado 2026 tinha rentabilidade de 10,37% ao ano, contra 10,41% na véspera. Mais cedo, o título pagava 10,34% ao ano, a menor taxa desde 14 de outubro de 2021.

Já o prefixado com vencimento em 2029 tinha taxa de 10,76% ao ano ante 10,72% ontem.

A negociação do Tesouro Prefixado 2033 foi suspensa porque o título paga cupom semestral de juros no próximo dia 3. Quatro dias úteis antes do pagamento de juros as vendas são suspensas. A partir de quinta-feira (29) também não será possível resgatar o dinheiro investido no papel.

Continua depois da publicidade

Os juros dos títulos atrelados à inflação operam em alta. A rentabilidade do Tesouro IPCA+ 2032 saía de 5,24% na véspera para 5,27% ao ano hoje, enquanto o juro real do Tesouro IPCA+ 2035 subia de 5,29% para 5,34%. A taxa do papel com vencimento em 2055 subia de 5,52% para 5,56% ao ano.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (27): 

Ata do Copom

Para o grupo que pediu mais cautela na última reunião do Copom, realizada entre os dias 20 e 21 de junho, ainda é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo.

Continua depois da publicidade

“Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, pondera o documento.

O BC ainda afirmou que, apesar de fatores benignos contribuírem para dinâmica interna da inflação corrente no Brasil, o processo desinflacionário no País continua em um estágio que demanda serenidade e paciência na condução da política monetária. “As expectativas de inflação seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), embora tenha ocorrido uma pequena diminuição da desancoragem na margem”, afirmou o documento.

IPCA-15

Com o dado divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA-15 acumulou variação de 3,40% nos últimos 12 meses, abaixo dos 4,07% observados nos 12 meses até abril. Para essa leitura, o consenso dos analistas estava em 3,39%.

Continua depois da publicidade

O dado manteve a tendência de desaceleração no ano, após ter alcançado 0,76% em fevereiro, 0,69% em março, 0,57% em abril e 0,51% em maio.

Segundo o IBGE, seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta no mês de junho.

Reforma tributária

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na véspera que a reforma tributária será negociada após o retorno do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que está em Portugal. A volta de Lira está programada para amanhã (28). Segundo Haddad, o governo quer aprovar o tema com o maior número de votos possível.

Continua depois da publicidade

“Não queremos votar essa PEC [proposta de emenda à Constituição] com apenas 308 votos. Queremos votar com bastante apoio porque é uma coisa para a sociedade, para o Brasil. É uma transição lenta, mas que aponta na direção correta. Então temos muito trabalho pela frente”, disse o ministro.