Publicidade
A comissão externa que tratou da crise dos ianomâmis aprovou, no início da tarde desta quarta-feira (14), o relatório final apresentado pelo senador Dr. Hiran (PP-RR). O relatório já havia sido lido na reunião dessa terça-feira (13), quando foi concedida vista coletiva aos membros da comissão. A aprovação veio depois de um acordo para o relator fazer alguns ajustes no texto final, com demandas apresentadas pelas senadoras Eliziane Gama (PSD-MA), Leila Barros (PDT-DF), Teresa Leitão (PT-PE) e Zenaide Maia (PSD-RN).
O relatório propõe medidas econômicas e de autossustento para os indígenas, além de sugerir incentivos a empresas que dinamizem a economia local. O documento também traz sugestões de projetos que tratam da exploração de minérios, medidas para evitar poluição do meio ambiente no processo de mineração e recomenda uma série de ações voltadas para a saúde do povo ianomâmi. Outra sugestão do relatório, que será enviado ao Executivo, é um projeto que trata de forma específica do preconceito contra os povos indígenas.
Segundo o presidente da comissão, senador Chico Rodrigues (PSB-RR), o colegiado trabalhou de forma muito produtiva. Ele elogiou a convivência entre os membros da comissão e defendeu o respeito à lei como forma de evitar conflitos. Rodrigues disse que a preocupação com os indígenas e com os trabalhadores do garimpo em Roraima norteou a busca pelo consenso dentro da comissão. Ele ainda registrou que sua referência aos ianomâmis como “povo primitivo” é sempre feita de forma carinhosa e pelo fato de “eles serem os primeiros e os pioneiros”.
Newsletter
Liga de FIIs
Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
“Sabemos da importância de proteger seus usos, suas crenças e seus costumes, como símbolos do nosso país. Hoje, na comissão, podemos dizer: dever cumprido”, afirmou Rodrigues.
Dr. Hiran destacou o trabalho coletivo na construção do relatório e agradeceu o apoio dos colegas de comissão. Ele disse que o relatório foi uma forma de reafirmar seu compromisso como médico de priorizar o bem-estar e a saúde das pessoas.
“Oferecemos aqui o que acreditamos que sejam proposições positivas para proteger as comunidades indígenas e sugestões que podem criar um ambiente de desenvolvimento para o estado de Roraima”, declarou o relator.
Continua depois da publicidade
A senadora Leila agradeceu a sensibilidade do presidente e do relator, por atenderem as pautas apresentadas pelo grupo de senadoras. Ela elogiou o consenso em torno do relatório e lembrou que os principais beneficiados serão os indígenas. Para a senadora Eliziane, vice-presidente da comissão, o relatório final é fruto da democracia e do diálogo. Com o acordo, ela deixou de apresentar seu relatório alternativo. Por sua vez, a senadora Zenaide reforçou a ideia de que as terras indígenas precisam ser protegidas do garimpo.
“Precisamos deixar claro ao povo brasileiro porque estamos aqui. A nossa missão está cumprida “, afirmou Zenaide.
Acordo
Logo no início da reunião, a senadora Eliziane sugeriu um acordo sobre alguns pontos do relatório final do Dr. Hiran. Ela disse que o relatório não abordou de forma aprofundada a crise dos ianomâmis, “que foram vítimas de uma invasão consentida [pelo governo] nos últimos anos”. Segundo a senadora, o relatório desviou o foco para outros temas, como a defesa da legalização da mineração nas terras indígenas. Eliziane lamentou também o fato de o relatório ter citado “os raros episódios” das mortes de garimpeiros por indígenas, mas não ter mencionado as mortes de indígenas por garimpeiros. Conforme informou a senadora, os ianomâmis representam 101 das 103 mortes na região do conflito, no ano de 2021.
Continua depois da publicidade
“É no mínimo estranho que centenas de mortes de indígenas pelos invasores passem despercebidas”, destacou a senadora.
Eliziane também criticou o relatório por não propor medidas para evitar o processo de “esquentar” o ouro explorado pelos garimpos ilegais e pela ausência de referência ao crescimento do número de garimpeiros como vetor do aumento de doenças na região. Porém, a senadora reconheceu pontos positivos no relatório, como o apontamento da inércia estatal na última década e a falta de ação dos governos diante da pandemia do coronavírus em relação aos indígenas de Roraima. Ela elogiou a sugestão do relatório no sentido de pedir uma cooperação mais eficiente entre a União e o estado.
Em resposta, o Dr. Hiran disse que elaborou seu relatório final com muito cuidado, procurando um caráter técnico e evitando o viés ideológico, considerando todos os posicionamentos colhidos nas visitas e nas audiências públicas. Ele pediu relações mais harmônicas, com o fim da polarização, para o bem de todos os brasileiros. Diante das críticas e sugestões, Eliziane propôs a suspensão da reunião, para tentar um acordo com o relator.
Continua depois da publicidade
O presidente da comissão acatou a proposta e suspendeu a reunião por 10 minutos. Rodrigues destacou que o relatório é um conjunto de sugestões para o Executivo. Elogiou o trabalho do relator e de todos os membros da comissão. Depois de 40 minutos de suspensão, a reunião foi retomada e o relatório final aprovado.
Comissão
A comissão temporária foi instalada no dia 15 de fevereiro para acompanhar, em Roraima, a crise humanitária do povo ianomâmi e a saída dos garimpeiros de suas terras. O prazo de funcionamento era de 120 dias e vencia nesta quarta-feira. Criada inicialmente com cinco membros, o colegiado teve o número de integrantes aumentado para oito, conforme requerimento aprovado em Plenário.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.