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Nos últimos 12 meses, mudanças importantes ocorreram na economia e na política, local e globalmente: a inflação disparou, houve uma eleição, os juros escalaram, os mercados azedaram. Esses e outros fatores levaram investidores de todos os portes a repensar as escolhas para as suas carteiras para assegurar a rentabilidade – ou “surfar a onda” dos ativos financeiros.
É o que mostra um levantamento exclusivo feito para o InfoMoney pelo Gorila, plataforma de consolidação e acompanhamento de investimentos. O estudo contemplou as carteiras de mais de 402 mil usuários, com até R$ 100 milhões em patrimônio compilado no aplicativo.
Os resultados mostram que, entre maio de 2022 e abril deste ano, diminuiu a proporção de investidores que possuem títulos de renda fixa do Tesouro Direto e emitidos por empresas, enquanto cresceu a quantidade daqueles que investem em ativos de renda variável.
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No caso do Tesouro Direto e dos títulos de dívida privados (como as debêntures, entre outros), 36% dos usuários possuíam pelo menos algum volume de recursos alocado nos ativos. O índice chegou a passar de 39% em agosto de 2022, mas caiu para 36,09% em dezembro e para 34,59% em abril deste ano.
“Uma hipótese para essa correlação é que a elevação da taxa Selic para 13,75%, em agosto de 2022, provocou uma retirada de recursos pelos pequenos e médios investidores, devido ao efeito das perdas em renda fixa, em função da marcação a mercado”, explica José Carlos Luxo, professor de finanças do Insper.
Quando a política monetária passa por um ciclo de aumento dos juros, os títulos de renda fixa emitidos em meses e anos anteriores ao ajuste perdem valor. Isso porque os retornos prefixados naquele momento eram menores do que os de títulos emitidos com a taxa atual.
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O contrário também é verdadeiro. Quando a política monetária vira para um ciclo de queda dos juros, os preços dos títulos antigos sobem, porque as taxas anteriores eram maiores do que os juros futuros. A marcação a mercado permite a visualização dessas mudanças.
Outra informação que mostra as preferências dos investidores é o quanto eles alocam em cada tipo de ativos. Entre os que possuem títulos do Tesouro Direto e de dívida privada, a fatia alocada nesses papéis era de 60,27% em maio do ano passado, chegando a 55,51% agora em abril.
A situação é diferente no caso das alocações em ações, ETFs (fundos de índices), BDRs (recibos de ações estrangeiras listados na B3) e derivativos negociados na Bolsa brasileira. Do total carteiras analisadas, 61,62% tinham algum investimento nesses ativos em maio de 2022, número que chegou a 63,53% em abril deste ano.
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No que se refere ao montante da carteira investido nesses papéis de renda variável, o valor correspondia a 64,75% em maio do ano passado, chegando a 62,88% do portfólio de quem tinha alguma alocação neles.
No caso dos fundos de investimento imobiliário, que já viveram dias melhores na época de juros mais baixos, o salto foi maior. Ao que parece, as pessoas estão diferenciando risco de oportunidade. Do total de investidores acompanhados pelo Gorila, 40,80% tinham algum investimento em FIIs em maio de 2022. Em abril deste ano, o índice dos que tinham pelo menos alguns centavos alocado pulou para 43,35%.
Quanto ao montante das carteiras investido nesses ativos, em maio do ano passado o valor correspondia a 37,94%, chegando a 38,52% no mês passado.
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Os fundos de investimento comuns também apresentaram movimento positivo. O levantamento indica que o número de pessoas que tinham aplicações nesses ativos correspondia a 25,88% em maio de 2022, alcançando 27,20% em abril de 2023. O montante destinado a esses ativos na carteira também subiu, de 68,90% para 69,09% no período.
Os criptoativos, ainda vistos como uma “novidade” por muita gente, apresentaram crescimento no período. Em maio do ano passado, 7,62% dos usuários do Gorila tinham algum valor da carteira alocado em criptoativos, índice que subiu para 8,02% em abril deste ano. Já o montante dos ativos correspondia a 30,97% na carteira, caindo para 30,30% no mês passado. O número de investidores cresceu, mas o montante não acompanhou a certeza de que o risco pode valer a pena.
Fora dos ativos de risco, até a poupança – que entrega uma das menores rentabilidades da renda fixa – também teve seu avanço. O total de investidores que tinham algum valor na boa e velha caderneta correspondia a 5,23% em maio do ano passado, passando para 5,56% no mês passado. O montante destinado à poupança registrou leve crescimento, de 47,47% do total das carteiras para 47,69%.