Apple: Por que é a ação favorita da carteira de Buffett e o que os analistas esperam para ela

Buffett apontou que o desejo dos consumidores pelos produtos dela a diferencia das demais, enquanto maior parte dos analistas tem visão positiva para papéis

Lara Rizério

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Entre os diversos destaques do encontro anual da Berkshire Hathaway no último sábado (6), em Omaha, Nebraska, esteve a fala de Warren Buffett reforçando a visão de que a Apple (AAPL34) é a empresa favorita do seu portfolio de ações.

Buffett apontou que o desejo dos consumidores pelos produtos da companhia a diferencia das demais.

“Nosso critério para a Apple é diferente dos outros negócios que possuímos – simplesmente é um negócio melhor do que qualquer outro que possuímos”, disse Buffett.

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Ele acrescentou que o status do iPhone entre os consumidores o torna um “produto extraordinário”, deixando-o muito feliz por possuir uma participação na empresa. “

A Apple tem uma posição com os consumidores em que eles pagam US$ 1.500 ou o que quer que seja por um telefone. E as mesmas pessoas pagam US$ 35.000 para ter um segundo carro, e [se] tiverem que desistir de um segundo carro ou desistir de seu iPhone, elas desistem de seu segundo carro. Quero dizer, é um produto extraordinário”, afirmou.

Além disso, um outro fator é que a Berkshire consegue elevar a sua a posição na companhia sem sequer precisar gastar com ações. “Eles estão recomprando suas ações. Então, em vez de termos 5,6%, passamos para 6% sem termos feito nada. Em um trimestre, a empresa passou de 15,7 bilhões de ações para 15 bilhões”, apontou.

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Dessa forma, ele esclareceu que a empresa não compõe 35% do portfólio da Berkshire – mas é uma participação de destaque.

Cabe destacar que, na última sexta-feira (5), as ações da Apple dispararam 4,69%, em um dia positivo para os mercados, mas também por conta dos números do segundo trimestre fiscal divulgados no dia anterior.

As vendas de iPhone avançaram 1,5% no período, a US$ 51,3 bilhões, valor maior que a estimativa de US$ 48,66 bilhões dos especialistas ouvidos pela FactSet.

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“Temos o prazer de relatar um recorde histórico em Serviços e um recorde trimestral de março para o iPhone, apesar do ambiente macroeconômico desafiador, e de ter nossa base instalada de dispositivos ativos atingindo um recorde histórico”, comemorou o CEO da companhia, Tim Cook.

Os dados reforçaram a visão otimista de diversos analistas sobre a empresa. De acordo com compilação da Refinitiv com 42 casas de análise que cobrem o papel da companhia, negociado na Nasdaq, 34 possuem recomendação de compra para a ação, 7 de manutenção e somente 1 tem venda para o papel.

Esse único que recomenda venda é o Itaú BBA que, após o resultado da semana passada, reiterou a visão negativa, mas destacou a resiliência da companhia.

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“No último trimestre, destacamos que o resultado do primeiro trimestre seria chave para a Apple. Em nossa opinião, uma recessão nos EUA e na Europa – e uma desaceleração está de fato atingindo uma série de produtos, de carros a PCs – provavelmente atingiria a Apple. Bem, atingiu Samsung, Qualcomm, Foxconn. Mas não a maior empresa dos EUA quanto à capitalização de mercado. Ainda assim, se nos aprofundarmos no resultado, na melhor das hipóteses, os números vieram pouco inspiradores”, afirmam os analistas.

As receitas caíram 3% em base anual lideradas por um desempenho bastante negativo nas Américas (principalmente nos EUA), onde as receitas caíram 7,6%. Na Europa, as receitas ficaram estáveis, provavelmente apoiadas pelo mesmo benefício de uma base de comparação fraca no ano passado devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia (este efeito ajudou todas as outras grandes empresas de tecnologia (especialmente a META). Na China, a receita também caiu 2,9%, apesar da reabertura econômica.

“Mas, o fato de as receitas com iPhones terem ficado acima da expectativa dos investidores e o guidance (projeção) para o mesmo declínio nada inspirador de receita de 3% no próximo trimestre foi suficiente para a Apple manter seu status de ‘porto seguro resiliente’, apesar de seu múltiplo preço em relação ao lucro por ação (P/L) de 26 vezes em 2024”, apontam os analistas do banco.

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Para o BBA, a reação do mercado diz que não basta que as receitas caiam 3% e o resultado operacional (Ebit, ou lucro antes de juros e impostos) tenha baixa de 5%, com lucro por ação estável em relação ao ano anterior, para que as ações caiam.

“Estamos em um mercado impulsionado pelo momento e a tecnologia tem tudo a ver com isso. Portanto, um choque é necessário. Veremos um choque de demanda ou um impacto severo nos lucros? Bem, não sabemos. Mas definitivamente achamos que existem opções melhores para colocar seu dinheiro nesse ambiente do que nesta ação”, conclui o banco.

O Goldman Sachs, por sua vez, reiterou visão positiva, com recomendação de compra após o balanço.

“Ganhamos confiança em nossa classificação de compra e acreditamos que as ações da Apple continuam atraentes”, avalia.

Em primeiro lugar, os analistas do banco apontam que os dados de vendas do iPhone foram impulsionados pela recuperação das vendas perdidas devido a problemas anteriores de fornecimento, bem como desempenho melhor do que o esperado nos mercados em desenvolvimento (por exemplo, receita na Índia, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Turquia dobrou no comparativo anual).

Dada a baixa participação do iPhone nesses mercados (por exemplo, 3% na Índia, menos que 1% na Indonésia), o sucesso da Apple nos mercados em desenvolvimento deve contribuir para o crescimento da receita e da base instalada nos próximos anos, destacam.

Em segundo lugar, a receita de serviços cresceu 5% no ano, com recordes de receita de todos os tempos na App Store, Music, iCloud e pagamentos, continuando a provar que os serviços são uma fonte confiável de crescimento de longo prazo.

“Além dos ventos favoráveis seculares do crescimento dos gastos com aplicativos e da base instalada de dispositivos da Apple, somos encorajados pelos investimentos contínuos da Apple em seus principais negócios de serviços, incluindo publicidade e TV”, avaliam.

Em terceiro lugar, apontam o generoso programa de retorno de capital ao acionista, que continua a apoiar as ações. A Apple gerou US$ 26 bilhões em fluxo de caixa livre no trimestre e devolveu US$ 24 bilhões em capital aos acionistas. Recentemente, anunciou uma autorização para aumento de recompra dos ativos de US$ 90 bilhões e aumento de dividendos de 4%, à medida que continua progredindo em direção ao caixa líquido neutro.

O JPMorgan também reiterou recomendação equivalente à compra (overweight, ou exposição acima da média do mercado) para os ativos da companhia, destacando a resiliência dela em meio ao cenário macroeconômico conturbado.

“No geral, os resultados e o guidance são exatamente o que os investidores esperavam da empresa para se sentirem seguros de seu posicionamento defensivo e, ao mesmo tempo, da maior resiliência da big tech no cenário macro atual (…) Embora possamos ver alguns investidores desconfortáveis quanto a um múltiplo de preço sobre o lucro de 26 vezes, acreditamos que a resiliência do negócio comprovada nos números atuais, bem como no início da pandemia (2020), justificará amplamente os motivos para pagar um prêmio [sobre a ação]”, avaliam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.