Petrobras (PETR4): após indicação de mais dois diretores, foco do mercado segue em dividendos e preço de combustíveis

Credit Suisse ainda avalia que política de dividendo deve ser similar a dos outros períodos no 4º tri, mas segue cautela com ação

Lara Rizério

Photo by Wagner Meier/Getty Images
Photo by Wagner Meier/Getty Images

Publicidade

Na noite de sexta-feira (17),  o presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, indicou dois novos membros para a composição da diretoria executiva.

Sergio Caetano Leite foi indicado para diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores. Clarice Coppetti foi indicada como diretora executiva de relacionamento institucional e sustentabilidade.

Prates já havia indicado cinco nomes de diretores no começo de fevereiro, que foram bem recebidos pelo mercado. São eles:

Continua depois da publicidade

Todos os nomes indicados ainda precisam da aprovação do Comitê de Pessoas, bem como da deliberação final do Conselho de Administração antes que as nomeações entrem em vigor.

Em relatório, o Credit Suisse ressaltou, antes de falar sobre a possível nova composição da diretoria, que a Petrobras é hoje uma empresa muito bem administrada. “De fato, desde 2015, a Petrobras ministra uma masterclass sobre recuperação corporativa, apoiada por gestores experientes ao longo do tempo”, avalia.

O banco aponta que, apesar das pressões externas – e às vezes políticas – e de muitas mudanças na diretoria executiva, os dirigentes prezaram pela continuidade e seguiram o caminho certo, mostrando a importância da diretoria. Ao longo dos anos, ressaltou, a Petrobras desalavancou, recalibrou o foco (com sólidos planos de negócios) e se tornou muito rentável.

Continua depois da publicidade

“Desde que a atual equipe de gestão assumiu o cargo em 2021, a Petrobras distribuiu R$ 282 bilhões (em comparação com o valor de mercado atual de R$ 369 bilhões) em dividendos aos acionistas – R$ 104 bilhões dos quais para o governo brasileiro. Isso antes de contabilizar quaisquer dividendos do 4T22”, aponta o banco.

Assim, os analistas do Credit, Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, questionam se a nova diretoria mudará o rumo da empresa. “Embora esperemos algum grau de continuidade, estamos particularmente preocupados com três tópicos: (i) alocação de capital (e a manutenção do bom plano de negócios 2023-2027), (ii) possíveis mudanças sobre a política de preços e (iii) eventuais alterações na política de dividendos”, afirmam.

Cabe ressaltar que, com a indicação de Leite como CFO, Prates, fechou o trio que, se aprovado, terá o poder de decidir sobre reajustes nos preços dos combustíveis. Além dele e do próprio Prates, também fará parte do grupo que delibera sobre preços o escolhido para a diretoria de Comercialização e Logística, o engenheiro químico e bacharel em Direito Claudio Schlosser.

Continua depois da publicidade

O Credit reforça que a governança da Petrobras exige que todas as indicações sejam submetidas ao processo interno de análise de conformidade e integridade, incluindo verificação de antecedentes. Todas as indicações serão apreciadas pelo Comitê de Pessoas e encaminhadas ao Conselho de Administração (CA) para deliberação final.

“Além disso, daqui para frente, esperamos que o governo (através do Ministério de Minas e Energia) faça nomeações para o Conselho de Administração (nas próximas semanas). Esses nomes também devem ser avaliados pelos procedimentos internos de governança da Petrobras, do Comitê de Pessoas e aprovados em Assembleia Geral – seja em AGO, marcada para 19 de abril de 2023, ou em AGE, que deve ser convocada com 30 dias de antecedência”, avalia.

Após a indicação dos diretores, o Itaú BBA também ressalta que os candidatos ao Conselho de Administração e a possível criação de uma nova área de energia renovável ainda está por ser vista.

Continua depois da publicidade

Dividendos no radar

O Goldman Sachs reforça, com destaque para a indicação Sergio Caetano Leite, que o CFO é uma das pessoas-chave que conduzem os pagamentos de dividendos dentro da empresa.

“Observamos, no entanto, que os procedimentos de aprovação interna podem levar algumas semanas e, como tal, os próximos resultados (do quarto trimestre de 2022) provavelmente serão anunciados em 1 de março com um dividendo seguindo a atual política de dividendos do atual CFO”, avalia o Goldman.

Cabe destacar que, no início de fevereiro, o Bradesco BBI tinha cortado de 60% para 40% a probabilidade de a petroleira pagar entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões em dividendos do quarto trimestre de 2022 (4T22), afirmando que, com as mudanças na diretoria, os proventos ficariam nas mãos do novo governo.

Continua depois da publicidade

Já o Credit apontou, em relatório do último dia 15, que no curto prazo a Petrobras deve distribuir dividendos com base em sua política atual. Assim, estimam  um pagamento em torno de US$ 5 bilhões (com dividend yield, ou valor do dividendo sobre preço do papel, de cerca de 6,9%). A distribuição, vale ressaltar, terá que ser aprovada pela gestão, pelo conselho e pelos acionistas.

“Alguns investidores parecem particularmente preocupados ou céticos com um cenário em que o novo management não siga a política de dividendos , ou mesmo que os dividendos não sejam aprovados na AGO, mas nossa visão é mais construtiva”, avalia.

Para o banco, O preço das opções da Petrobras sugere que o mercado espera que a empresa distribua cerca de US$ 2,8 bilhões no 4T22 (payout, ou pagamento frente o lucro, de 38%), o que também pode ser interpretado como uma probabilidade de 56% de distribuir dividendos de acordo com a política, em vez da alternativa de zero dividendos no trimestre.

Olhando para 2023, a precificação da opção sugere um dividendo implícito de US$ 6,8 bilhões para o ano, payout de 34%, substancialmente abaixo da política de dividendos de US$ 17,4 bilhões das estimativas da casa (payout de 88%).

De qualquer forma, mesmo mais construtivos sobre os dividendos neste trimestre, o Credit tem recomendação neutra para o ADR PBR da Petrobras (equivalente ao ordinário), com preço-alvo de US$ 16 (ainda uma alta de 38,5% em relação ao fechamento de sexta).

O Goldman também tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de US$ 10,90 para a mesma classe de ativo (ou um valor 5,6% menor em relação ao fechamento de sexta). “Permanecemos com recomendação neutra pois, apesar do valuation relativamente barato, reconhecemos o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos”, avalia.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.