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Professor nos últimos 30 anos e ex-reitor da Unicamp, Marcelo Knobel assumirá a presidência do Insper a partir de 1.º de março. Físico, o novo presidente foi selecionado por uma empresa de headhunter, sem nunca antes ter pisado no Insper. Agora, pretende ampliar a área de pesquisa da instituição e internacionalizá-la.
“Acho que (os recrutadores) buscaram um acadêmico com experiência administrativa que possa trazer conhecimento, contato e boas práticas no que diz respeito à pesquisa e à internacionalização”, diz em entrevista ao Estadão.
Entre as propostas para internacionalizar a instituição, estão a atração de professores do exterior e o desenvolvimento de pesquisa em parceria com profissionais de universidades de fora. Há ainda a intenção de adotar inglês e espanhol nas salas de aula, o que pode aumentar o interesse de estudantes estrangeiros. Confira os principais trechos da entrevista.
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Qual a razão da mudança?
O que me levou a aceitar a posição é que o Insper é um modelo para o País. Criou cursos baseados na experiência de ensino e aprendizagem. Foi desenvolvendo pesquisa na área de administração e de economia. Agora tem engenharia, ciência da computação, direito. Também está buscando aprimorar as atividades de pesquisa. A ideia de contribuir para um novo modelo de universidade – de instituições privadas sem fins de lucro -, fazer pesquisa, melhorar o País, me despertou interesse.
O sr. falou de pesquisa, mas o Insper forma profissionais mais para o mercado do que para a academia.
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O Insper se consolidou na educação executiva, de MBAs, e também na graduação, que começou com administração e economia. Mas tem um corpo docente, nessas áreas principalmente, que tem feito pesquisa de ponta. Ao longo do tempo, o Insper também foi desenvolvendo outros cursos. Tem três engenharias, direito e ciência da computação. Nessas áreas, é preciso dar esse salto de qualidade na direção de pesquisas.
A sua ida para o Insper significa uma mudança de perfil da instituição?
Nas entrevistas, nunca me disseram um direcionamento, apenas ressaltaram a missão e a visão do Insper, que é promover a transformação do Brasil por meio da formação de líderes inovadores e pesquisa aplicada, atuando com a excelência acadêmica e visão integrada das áreas do conhecimento. Trago a experiência de gestão em uma universidade e de governança, que é importante para preparar o Insper para ações mais complexas, dado que o caminho natural é transformá-lo em universidade.
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Como seria a internacionalização?
Atrair professores da América Latina e do exterior, brasileiros que eventualmente tenham feito pós-graduação no exterior. Ampliar as colaborações em intercâmbio de estudantes e nas pesquisas.
Vocês devem adotar aulas em inglês?
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Está no radar. Não só em inglês, mas também em espanhol.
O Insper é uma instituição de elite. O sr. vem de uma universidade pioneira em programa de inclusão. Pensa em trazer cotas e diversificar o corpo discente?
Essa não é uma preocupação só minha, mas também do Insper. Boa parte das doações que o Insper recebe vai para o programa de bolsas, que atende 10% dos alunos. Está no plano ampliar o programa de ações afirmativas. Temos parceria, como a da Eduafro, para ampliar o número de estudantes pretos e pardos.
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Há intenção de aumentar o número de bolsistas?
Está nos planos ampliar, mas isso virá com um projeto de sustentabilidade financeira.
Que diagnóstico o sr. faz do ensino superior no País?
Tem alguns problemas que são estruturais. Aproximadamente 20% dos jovens de 18 a 24 anos estão em um curso universitário. Desses, 77% estão em instituições privadas. Das quais aproximadamente metade com fins de lucro.
Ter fins lucrativos leva à má qualidade no ensino?
Não posso generalizar, mas tem a sua parcela de contribuição. A lógica nessas instituições é a busca de minimização de custos e aumento de matrículas. É uma lógica que vai um pouco contra, em alguns momentos, a busca da qualidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.