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Depois de um quarto trimestre de 2022 (4T22) e um ano passado desafiadores, dias melhores virão para o Santander Brasil (SANB11)? Os executivos do banco, Mario Leão (CEO), Angel Santodomingo (CFO), traçaram suas estratégias para o banco em conversa com analistas de mercado no fim da semana passada. A conversa foi vista como positiva, mas analistas seguem cautelosos com os papéis.
Renan Manda e Matheus Guimarães, analistas da XP, apontaram terem saído da reunião com os executivos com uma visão mais clara das operações do banco e das possíveis melhorias em sua eficiência no longo prazo, bem como sua estratégia daqui para frente.
A Genial Investimentos ressalta que, com vasta experiência em bancos de atacado e passagens por diversos bancos de investimentos, mas relativamente pouca experiência no varejo, Leão assumiu o Santander em janeiro de 2022 em um momento bem desafiador de eleições presidenciais, inflação galopante, juros subindo mais rápido que esperado e deterioração no ciclo de crédito. O quarto trimestre de 2022 (4T22) foi fraco, com o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) despencando para 8%, bem abaixo dos usuais 20%, impactado também pelo “efeito Americanas” AMER3).
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Entre os destaques da reunião, a XP aponta que, desde que Leão assumiu o cargo no início de 2022, vem mergulhando fundo nas operações do banco. “Entendemos que ele busca não apenas a aproximar-se das operações do banco em todo o país e mapear possíveis melhorias, mas também ajudar a estimular e engajar as equipes. Por sua vez, isso permitiria uma gestão mais eficaz das operações do banco no futuro”, avaliam.
Os analistas esperam que o CEO se concentre em aumentar a diversificação das fontes de receitas e portfólio do banco, o que garantiria um balanço e resultados mais resilientes.
A revisão e modernização de processos, aliadas a melhorias tecnológicas, parecem ser algumas das oportunidades para possíveis melhorias nas operações do Santander. Como parte do crescimento do banco no Brasil veio de fusões e aquisições, isso provavelmente trouxe a alguns processos e/ou sistemas legados.
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Apesar de isso ser avaliado, a XP não espera que o Santander mude sua estratégia de ALM (Assets and Liabilities Management, gestão de ativos e passivos) no curto prazo (fazendo hedge de sua carteira), pois provavelmente o país passa pelo pico do ciclo de aperto monetário. Um hedge neste momento impediria o banco de se beneficiar da flexibilização das taxas de juros no médio prazo, aponta.
A Genial ressalta que, depois de vários anos com uma agenda mais espartana de ganho de eficiência sob o comando de Sergio Rial, os analistas da casa saíram do encontro com a impressão que Mario Leão virá com uma gestão com mais autonomia, colaborativa, expansionista e digital, buscando uma agenda de mais crescimento. Isso talvez pressione os custos em um primeiro momento antes das receitas começarem a crescer, avalia a casa.
Com um histórico de banco de atacado e para diminuir qualquer vácuo entre sua gestão e de seu predecessor, Leão passou seu início de gestão viajando por todas as regiões das operações do Santander Brasil para melhorar sua conexão com o banco, principalmente nas operações de varejo. “Diferentemente de um tom mais duro típico de um investment banker, ficamos bem impressionados com a nível de energia mais motivacional, importante para o varejo, ao nosso ver”, aponta a Genial.
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A casa também destaca que o Santander está aumentando o número de funcionários. Inicialmente investindo na distribuição agro, assessoria de investimento e internalização de prestadores terceirizados. Nesse último, Santander irá internalizar terceiros de TI e atendimento. O CEO acredita que irá melhorar a eficiência, com mais gente, menos custo e melhor qualidade. O investimento em tecnologia continua para redução de custos otimizando processos de suporte (backoffice) e melhora da jornada com cliente.
Leão também reiterou a preferência do conceito de lojas bancárias ao invés de agências. A intenção é continuar crescer o número de pontos de venda, mas com cara lojas de consumo.
O Goldman Sachs também ressalta que Leão tem formação técnica em banco de atacado, mas tem se concentrado principalmente em entender a operação de varejo desde que foi nomeado CEO. Ele acredita que mais camadas gerenciais estão agora envolvidas no processo de tomada de decisão do banco, enquanto as equipes comerciais têm mais autonomia para conduzir as operações.
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Entre suas principais prioridades como CEO estão o foco no cliente e a diversificação de produtos. De fato, ele acredita que os resultados podem ser mais isolados das desacelerações cíclicas à medida que o banco desenvolve fluxos de receita mais diversificados com exposição relativamente menor ao financiamento ao consumidor.
O Santander segue focado em entregar uma agenda de crescimento, consistente com as metas de curto prazo previstas no 4T22.. O mercado total endereçável do agronegócio deve continuar crescendo e pode acomodar mais concorrentes, enquanto o Santander espera ganhar participação dos concorrentes nos demais segmentos.
Por outro lado, o banco está mais seletivo em cartões de crédito desde dezembro de 2021, resultando naturalmente em perdas de participação de mercado. O Santander espera explorar sua grande base de clientes (60 milhões), enquanto adiciona mais 1 milhão de clientes ao segmento Select, que é relativamente mais lucrativo, até o final do ano.
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Visão cautelosa continua
Embora vejam várias melhorias potenciais agregando valor às suas operações no longo prazo, os analistas da XP esperam que os resultados do banco continuem pressionados no curto prazo e se recuperem gradativamente ao longo dos próximos trimestres. “Como resultado, mantemos nossa visão conservadora sobre o papel e nossa recomendação neutra para a ação”, destacaram.
Na mesma linha, a Genial também apontou visão conservadora para a ação. “O 4T22 foi fraco, com fortes impactos de provisões puxadas pelos segmentos mais sensíveis a economia (pessoa física e PMEs) e apenas 30% de provisionamento dos créditos tóxicos de Americanas. Para 2023, esperamos que os resultados continuem fracos, pressionados pelas provisões de PF, tesouraria ainda no negativo e o restante dos créditos tóxicos de Americanas”, apontam os analistas da casa.
Dessa forma, reiteraram a sua recomendação de venda para os ativos nesse momento do ciclo, com preço alvo de R$ 27,10, um valor 5,57% abaixo do fechamento da véspera. “Apesar da mensagem positiva de crescimento de longo prazo dessa reunião, o cenário de curto prazo continua desafiador. Entendemos que o valuation atual está um pouco mais esticado que seus pares negociando a 1,28 vez o P/VP [preço de uma ação dividido pelo seu próprio valor patrimonial] para 2022 e 8,21 vezes o P/L [preço sobre o lucro] esperado para 2023”, ressalta.
O Goldman Sachs também tem recomendação de venda para os ativos, com preço-alvo de R$ 25, ou queda de 13% em relação ao fechamento de sexta.
O UBS BB, por sua vez, mantém recomendação neutra para os ativos e revisou o preço-alvo ligeiramente para baixo – de R$ 31 para R$ 30 (upside de 4,5%) – de forma a incorporar os resultados do quarto trimestre de 2022. “Esperamos que o consenso de mercado continue a revisar para baixo as expectativas de lucro do banco após os fracos resultados trimestrais e as preocupações permanentes relacionadas ao segmento empresarial”, destacam os analistas.
Sobre a reunião, eles também reiteram que a a impressão foi positiva com as mudanças em curso, mas aponta que deve levar tempo para ver os impactos da modernização do banco. Entre as principais mudanças, destacam a simplificação de processos e produtos, o novo CRM (Customer Relationship Management, ou práticas focadas no relacionamento com o cliente), que deve melhorar a assertividade da equipe de vendas, além do formato das agências do banco.
A administração espera que essas iniciativas levem a alguma participação de mercado ganho (em produtos focados) e também para uma maior diversificação de receita.
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