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Dois estudos recentes do Ibevar-FIA Business School mostram o impacto do comprometimento da renda dos brasileiros nas vendas do varejo neste início de 2023. A projeção de vendas para o período entre fevereiro e abril ante os mesmo meses do ano passado está em queda e a estimativa a inadimplência mostra tendência de alta na mesma medição.
Segundo estudo, a projeção de vendas para o varejo restrito são de queda de 0,07% em fevereiro de 2023 ante fevereiro de 2022, acelerando para -0,35% e para -1,21% em abril. Para o varejo ampliado, que inclui materiais de construção, automóveis, parte e peças, as projeções são de -1,56%, -2,75% e -3,53%, respectivamente.
A variação do acumulado de 12 meses prevista pelo Ibevar também espelha essa deterioração, com alta de 1,29% em fevereiro no varejo restrito, caindo para 0,69% em março e 0,10% em abril. Para o varejo ampliado, há previsão de queda de 0,71% no acumulado de 12 meses em fevereiro, de -1,71% em março e de -2,31% em abril.
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Para Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, o principal fator que explica esse percepção é o endividamento das famílias. “Isso acaba sendo elevado pelas incertezas presentes no mercado nesse início do novo governo”, comenta.
Uma das características desse momento, segundo ele, é a antecipação do período de promoções no varejo, que não só chegou mais cedo, como também em níveis maiores.
Sobre o fato de o varejo ampliado ter número piores do que o do varejo restrito, a explicação é que se trata de bens de valor maior, altamente dependentes de crédito e num momento de juros altos para combate à inflação.
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O outro estudo está relacionado à inadimplência. A nova projeção do Ibevar-Fia Business School, é que a taxa de atrasos de pagamento com 90 dia ou mais entre 5,63% e 6,21%, em fevereiro, com média estimada 5,92%. Isso implica um aumento de 0,06 ponto porcentual em relação ao valor real de dezembro de 2022, alta igual à estimada para janeiro de 2023.
Para março, a inadimplência deve ficar entre 5,64% e 6,39%, com média de 6,01%. Já a taxa esperada para abril deve ficar entre 5,74% e 6,66%, com média de 6,20%.
Felisoni destaca que os problemas de comunicação do novo governo, como as discussões sobre a independência do Banco Central, podem não ser percebidos pelo consumidor comum, mas ele é afetado tem a sensação de insegurança geral. Sobre os projetos de renegociação de dívidas que têm sido anunciados, o professor afirma que qualquer ação no sentido de reduzir o endividamento é bem-vindo.
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E o trabalho de redução de inflação é fundamental, segundo presidente do Ibevar. “Inflação é um imposto, que retira renda. E é regressivo, porque tira mais de quem ganha menos”, comenta.