A partir de R$ 10 milhões: como funciona a assessoria financeira para milionários

Conheça as aplicações e as análises sugeridas para esse tipo de investidor

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – Se você faz parte do clube, ótimo. Se não faz, saiba que esta reportagem ainda pode ser útil. Os investidores que têm alguns milhões de reais para aplicar contam com assessorias especializadas em ajudá-los a planejar sua vida financeira e investir melhor – e alguns dos conselhos podem (devem, dependendo do caso) ser usados por investidores comuns.

No XP Private, marca do grupo XP responsável por atender clientes que têm a partir de R$ 10 milhões, uma das etapas iniciais do planejamento financeiro é a análise do patrimônio e do estilo de vida do investidor. Os profissionais sugerem a melhor organização levando em conta os objetivos do cliente e o pagamento de impostos.

Um exemplo: investir por meio de uma empresa costuma ser ineficiente do ponto de vista fiscal, já que empresas não têm acesso a títulos com isenção de imposto. Outro exemplo: se o investidor tem filhos morando em outros países, pode ser o caso de manter recursos no exterior, e os assessores indicam a melhor maneira de fazer isso.

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Planejar como o patrimônio será dividido entre os herdeiros é outro ponto fundamental. “Uma estrutura adequada faz muita diferença e pode ter impactos significativos no patrimônio”, diz Beny Podlubny, sócio responsável pelo XP Private, que tem R$ 70 bilhões sob custódia.

Passada essa fase inicial, os assessores fazem sugestões de investimento. Numa primeira etapa, é preciso definir em que classes de ativos os recursos serão aplicados – renda fixa, bolsa etc. “Diversos estudos mostram que cerca de 90% do retorno de uma carteira se deve à alocação bem-feita dos recursos do investidor, de acordo com seu perfil e objetivos”, diz Podlubny.

Depois disso, é hora de selecionar os produtos. “Muitos clientes querem inverter a ordem. Veem um fundo indo bem e decidem aplicar nele sem levar e conta as características do produto e se ele se enquadra em seu perfil – e, claro, ignorando o fato de que desempenho passado não diz nada sobre resultados futuros”, afirma.

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O executivo também enfatiza a necessidade de diversificar os investimentos, mas da maneira correta, escolhendo aplicações realmente distintas. “Aplicar em CDBs de bancos diferentes não é diversificar”, diz. Feita do jeito certo, porém, contribui para reduzir riscos e aumentar o retorno da carteira.

Nesse ponto, os milionários contam com uma vantagem em relação aos investidores comuns, já que têm acesso a alternativas com aplicação mínima maior, como fundos de private equity e venture capital – ainda que usem esses produtos ‘com moderação’. “A maioria dos clientes ainda é conservadora, mas o interesse por opções menos convencionais vem aumentando”, diz Podlubny.

Atualmente, a carteira sugerida pelo XP Private para investidores moderados – que tem uma expectativa de retorno de 125% do CDI, horizonte de investimento de 3 anos e volatilidade esperada de 3% — é a seguinte:

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Carteira sugerida para um investidor moderadoxp_private_(1).[1]

A carteira sofreu duas modificações recentemente. Uma delas foi o aumento da aplicação em renda fixa atrelada à inflação. O que motivou a mudança foi a situação ainda delicada da economia, que pode levar o Banco Central a reduzir os juros no fim do ano. Na visão da equipe de alocação do XP Private, a melhor maneira de ganhar com isso está nessa classe de ativos.

Outra mudança foi zerar os investimentos em dólares no exterior e substituí-los por investimentos em reais. Como o cenário é que a reforma da Previdência será aprovada neste ano, o real deve valorizar e, por isso, é melhor estar posicionado na moeda local.

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Além de definir a carteira de investimentos, diz Podlubny, é preciso fazer seu balanceamento ao longo do tempo. Quando a bolsa cai, por exemplo, é necessário comprar mais ações e, assim, manter estável a fatia destinada a essa classe de ativos. “Quem não faz isso pode ficar com um perfil de risco completamente diferente do sugerido”, diz o executivo.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.