Se você está em busca de diversificação internacional para os seus investimentos, ou simplesmente informações sobre o mercado financeiro internacional, já deve ter ouvido falar sobre a Bolsa de Nova York – ou NYSE. Essa é a maior bolsa de valores do mundo, com capitalização de mercado de, aproximadamente, US$ 27 trilhões. Para você ter uma ideia, esse valor representa mais de 30% da capitalização do mercado global, e é cerca de 13 vezes maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
As maiores companhias do mundo estão listadas na NYSE, o que faz dessa bolsa um importante um termômetro da economia mundial. Pela sua relevância na economia e no mercado financeiro mundial, preparamos esse conteúdo com tudo o que você precisa saber sobre a Bolsa de Nova York. Continue a leitura a seguir!
O que é a NYSE
A sigla NYSE vem de New York Stock Exchange, e significa literalmente Bolsa de Valores de Nova York. Como vimos, ela é considerada o maior centro financeiro do mundo, no qual estão listadas gigantes como Coca-Cola, Disney, Walmart, Johnson & Johnson, Berkshire Hathaway, Alibaba, entre outras.
A Bolsa de Nova York também é responsável por dois índices que estão entre os mais importantes do mercado financeiro mundial: o Dow Jones Industrial Average (DIJA) – ou simplesmente Dow Jones – e o S&P 500 (SPX). Esses índices refletem o desempenho de mais de 500 companhias que estão entre as de maior valor de mercado do mundo.
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Quando surgiu Bolsa de Valores de Nova York
A ideia que deu origem à NYSE data de 1792, quando 24 corretores se reuniram e assinaram o Acordo de Buttonwood. Como forma de resposta à crise financeira que ocorria na época, esse acordo tinha o objetivo de garantir a estabilidade e a confiabilidade das transações financeiras.
Na ocasião, as diretrizes do acordo previram que não haveria mais a intermediação de leiloeiros de commodities. Dessa forma, as negociações de ativos nos Estados Unidos passariam a ocorrer diretamente entre corretores.
No início, os corretores se reuniam de maneira informal, e esses encontros ocorriam no Tontine Coffee House, na ilha de Manhattan. Inclusive esse café foi construído por um grupo de corretores em 1793, justamente para servir de ponto de apoio dessas reuniões.
Em pouco tempo, o Tontine se tornou um centro comercial e financeiro bastante movimentado. Nesse sentido, há registros de leilões e eventos sociais realizados nas suas dependências, além de manifestações políticas, como conflitos entre conservadores e liberais da época. Até mesmo defensores e críticos da Revolução Francesa chegaram a confrontar suas ideias no café.
Com o passar dos anos, o Tontine ficou pequeno para o volume de negociações que os corretores realizavam. Por isso, surgiu a necessidade de um local maior e mais organizado para esse mercado, além de uma legislação específica para a sua regulação. Dessa forma, em 1817, foi oficializada a criação da New York Stock and Exchange Board (NYSEB), com sede em Wall Street, em uma sala alugada.
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Em 1863, a sigla foi encurtada para NYSE. Poucos anos depois, em 1865, o número médio de negociações diárias já passava de 300 ações, contra menos de 30 no começo de suas atividades.
As primeiras máquinas que registravam as oscilações dos preços das ações chegaram em 1867. Já os primeiros telefones vieram em 1878 e, por fim, a NYSE ganhou energia elétrica em 1883. Nessa época, o volume médio de transações diárias já superava a marca de 1 milhão.
A atual sede da Bolsa de Valores de Nova York foi inaugurada em 1903. Durante décadas, as negociações aumentavam rapidamente, até que, em 25 de outubro de 1929, a NYSE quebrou devido ao enorme volume de vendas de ações que ocorrera um dia antes.
A data ficou conhecida mundialmente como “Black Tuesday”, e marca o início da Grande Depressão dos anos 30. Essa grande crise financeira mundial durou até 1941. No entanto, o Dow Jones só voltaria ao patamar recorde de antes da depressão no ano de 1953.
Estrutura da NYSE na atualidade
A Bolsa de Valores de Nova York já estava consolidada como maior centro financeiro do mercado mundial, quando importantes transformações ocorreram já no início do século XXI.
Em 2006, a NYSE fez a sua abertura de capital (IPO), quando as participações dos atuais sócios foram transformadas em ações. Foi também neste ano que ela adquiriu a bolsa Arquipelago Exchange, dando início ao NYSE Group.
Um ano depois, ocorreu a fusão do NYSE Group com Euronext, a bolsa europeia. Dessa forma, foi criada a NYSE Euronext, com o pregão atuando nos dois continentes. Por fim, em 2008, NYSE Euronext adquiriu a bolsa americana Stock Exchange, que passou a se chamar NYSE American depois de sua reestruturação.
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Como funciona a NYSE
Em 2005, a Bolsa de Valores de Nova York implementou a modalidade de pregão híbrido – o NYSE Hibrid Market. A partir daí, foi possível mesclar o pregão presencial à modalidade eletrônica.
Embora ainda ofereça a possibilidade de negociações presenciais, a grande maioria das transações na NYSE ocorre eletronicamente.
Onde fica a NYSE
A NYSE está localizada na Wall Street, uma rua formada por oito quarteirões no sul da ilha de Manhattan, em Nova York. Além da Bolsa de Valores de Nova York, esse famoso centro financeiro abriga alguns dos principais bancos e instituições do mercado de capitais.
O endereço da NYSE é 11 Wall St, New York, NY 10005, EUA.
Horário de funcionamento da Bolsa de Valores de Nova York
No mercado de capitais norte-americano, as operações regulares começam às 9h30 e terminam às 16h00 (horário local). No entanto, também ocorrem operações fora desse horário, como é o caso do pre-market, que vai das 08h30 às 9h00 e do after hours, que acontece entre 16h00 e 18h30.
Empresas listadas na NYSE
Atualmente, a NYSE possui cerca de 3 mil empresas listadas, que somam aproximadamente US$ 27 trilhões em valor de mercado. Diferentemente da NASDAQ (segunda maior bolsa de valores do mundo), a Bolsa de Nova York não tem foco em empresas de um setor específico. Isso significa que, além de companhias que atuam em setores de inovação, você encontra na NYSE gigantes de todos os segmentos, principalmente dos mais tradicionais da economia.
A seguir, conheça algumas das principais companhias listadas nessa bolsa:
Empresa | Ticker |
Alcoa | AA |
American Express | AXP |
Boeing | BA |
Bank of America | BAC |
Caterpillar | CAT |
Chevron | CVX |
DuPont | DD |
Walt Disney | DIS |
General Electric | GE |
Home Depot | HD |
HP | HPQ |
Johnson & Johnson | JNJ |
JP Morgan Chase | JPM |
Coca Cola | KO |
3M | MMM |
McDonalds | MDC |
Merck | MRK |
AT&T | T |
Procter and Gamble | PG |
Pfizer | PFE |
Walmart | WMT |
Exxon Mobil | XOM |
Quais as diferenças entre NYSE e NASDAQ
NYSE e NASDAQ são as maiores e mais importantes bolsas de valores do mercado financeiro mundial. No entanto, alguns importantes aspectos as diferenciam, conforme veremos a seguir.
Setor de atuação das empresas
Possivelmente essa seja a primeira diferença que aparece quando falamos nas duas bolsas de valores. Como vimos no item anterior, a NASDAQ concentra as maiores companhias mundiais que atuam nos setores ligados à tecnologia. Por outro lado, embora a NYSE também tenha empresas desses setores, ela lista majoritariamente as que atuam na economia tradicional, como indústrias, bancos, comércio, e assim por diante.
Volume de negociação
Outra diferença entre NYSE e NASDAQ está no volume diário de negociações realizadas em cada uma delas. Apesar de ser a maior bolsa mundial, a NYSE negocia cerca de US$ 1,2 trilhão em média, ao passo que, na NASDAQ, esse volume chega perto de US$ 1,8 trilhão.
Capitalização total
Quando falamos em capitalização total de uma bolsa de valores, estamos nos referindo à soma do valor de mercado de todas as empresas listadas. Nesse sentido, a NYSE supera a NASDAQ, pois possui cerca de US$ 27 trilhões distribuídos em aproximadamente 3 mil empresas. Ao passo que a bolsa de tecnologia reúne perto de 3,2 mil empresas, com capitalização total de mercado estimada em US$ 24,5 trilhões.
Custo de listagem
Para que uma empresa possa abrir o capital na bolsa, ela tem alguns gastos chamados de custo de listagem. No caso da NYSE, esse custo poderia chegar perto de US$ 500 mil em 2021. Por sua vez, a NASDAQ é bem mais acessível, pois cobra cerca de US$ 50 mil para que uma empresa faça o IPO. Consequentemente, isso acaba atraindo mais empresas, principalmente as que atuam a menos tempo no mercado.
Volatilidade e risco
Como a NYSE tem, em sua maioria, empresas que atuam em setores mais tradicionais da economia, a sua volatilidade tende a ser menor do que a da NASDAQ, que é concentrada em tecnologia. Dessa forma, o risco da Bolsa de Nova York também tende a ser menor do que o da bolsa de tecnologia.
Outro ponto importante a observar é que os setores de inovação demandam constantes investimentos. Por isso, essas empresas tendem a ser mais endividadas, o que também contribui para a volatilidade de suas ações em momentos econômicos mais instáveis.
Empresas brasileiras com ADRs na NYSE
Quando uma empresa não americana deseja captar recursos no mercado internacional, ela pode fazer emitindo ADRs (American Depositary Receipts). Esses títulos permitem que investidores tenham acesso a diversas companhias internacionais por meio das bolsas norte-americanas – NYSE e NASDAQ.
Os ADRs têm lastro nas ações que representam. Ou seja, quando o investidor adquire esse título, a ação referente a ele fica custodiada. Nesse sentido, a lógica é como a dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), porém, no caso dos ADRs, as negociações ocorrem no mercado de capitais norte-americano.
Existem diversas companhias brasileiras que possuem ADRs na Bolsa de Nova York. Algumas das mais conhecidas são as seguintes:
Empresa | Código ADR |
Petrobras | PBR |
Vale | VALE |
Ambev | ABEV |
Bradesco | BBD e BBDO |
Itaú | ITUB |
Azul | AZUL |
BRF | BRFS |
Gerdau | GGB |
PagSeguro | PAGS |
CEMIG | CIG |
Sabesp | SBS |
Braskem | BAK |
Natura | NTCO |
TIM | TIMB |
Lojas Renner | LRENY |
WEG | WEGZY |
Cielo | CIOXY |
Marfrig | MRRTY |
Índices que representam ações listadas na NYSE
Na Bolsa de Nova York, os dois principais índices são o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average, sendo que ambos rastreiam também empresas listadas na NASDAQ. A seguir, entenda quais as diferenças entre eles.
S&P 500 (SPX)
Principal índice da NYSE, S&P 500 é a abreviatura para Standard & Poor’s 500. Ele representa as 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos e, por isso, é uma das principais ferramentas para acompanhar o mercado acionário do país.
Entre as companhias com maior peso no índice, estão Apple, Microsoft, Google, Visa, Berkshite Hathaway e Johnson & Johnson.
Dow Jones Industrial Average (DIJA)
Também chamado de Dow 30, esse índice acompanha o desempenho de 30 blue chips do mercado norte-americano. Nomes como Coca-Cola, Chevron, Intel, Apple, 3M, American Express, Walmart, Nike e Visa estão entre as gigantes que o Dow Jones representa.
Criado em 1896, esse é o índice mais antigo do mercado acionário. Embora famoso até hoje, há críticas em relação à sua efetividade para mensurar a economia norte-americana. Isso porque ele considera um número muito reduzido de empresas se comparado ao S&P 500. Além disso, ignora empresas menores na sua composição, o que, de certa forma, distorce a leitura do mercado acionário.
Outros índices
Além dos principais descritos acima, existem outros índices importantes no mercado acionário:
Índice | Bolsa que rastreia | Composição |
NYSE Composite (NYA) | NYSE | Todas as ações listadas na NYSE, incluindo companhias de outros países e suas subsidiárias. |
Russel 3000 (RUA) | NYSE e NASDAQ | Três mil maiores empresas do mercado norte-americano. |
Russel 2000 (RUT) | NYSE e NASDAQ | Duas mil menores empresas que formam o Russel 3000. |
Russel 1000 (RUI) | NYSE e NASDAQ | Mil maiores empresas que formam o Russel 3000. |
Importância da Bolsa de Valores de Nova York
Como vimos, a NYSE é a bolsa mais importante dos Estados Unidos, maior economia do mundo,e tem listadas as empresas com as maiores capitalizações de mercado. Por isso, essa bolsa é o principal termômetro do mercado acionário mundial. Ou seja, tudo o que acontece na Bolsa de Nova York acaba se refletindo nas outras bolsas do mundo.
Por exemplo, se ocorrer uma forte queda na NYSE, é provável que isso impacte a economia de diversos outros países. Um clássico exemplo disso foi a crise do subprime em 2008, quando os problemas no mercado imobiliário dos EUA fizeram com que a NYSE sofresse uma de suas maiores quedas da história recente. Isso gerou efeitos em toda a economia mundial, inclusive no Brasil.
Outro ponto importante é o fato de a NYSE ter o S&P 500 e o Dow Jones, dois dos mais importantes índices do mercado acionário. Mais um motivo para que o investidor internacional não perca nunca de vista o desempenho e as oscilações da Bolsa de Nova York.