Buscar empréstimos pode acontecer por diversos motivos, desde para a quitação de dívidas de cheque especial ou cartão de crédito, até para financiar projetos como a compra da casa própria, a aquisição de um carro ou a realização de um curso de extensão. O fato é que, uma hora ou outra, essa busca acontece. E, muitas vezes, a taxa de juros assusta e pode comprometer os planos de muitas pessoas. Nesse cenário entra o score de crédito – que pode te ajudar a conseguir juros mais baixos. Mas, para isso, você precisa estar com a sua vida financeira em ordem, ou seja, com todas as contas devidamente pagas.
De acordo com dados do Banco Central, o valor cobrado pelos bancos em novos empréstimos têm subido ao longo dos meses. Em setembro de 2021, a média chegou a 21,6% ao ano, maior valor desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020. Se pensarmos nos últimos doze meses, a taxa média de juros do sistema financeiro subiu 3,5 pontos percentuais.
Neste guia do InfoMoney, você vai entender como e de que maneira funciona o score, a forma medi-lo e quais as principais instituições que o calculam. Além disso, vai saber o que pode ajudar a aumentá-lo.
O que é score
Trata-se de um indicador do seu perfil financeiro. Isso quer dizer, na prática, que ele mostra se você é um bom pagador ou não. Ele é calculado pelos chamados birôs de crédito, empresas que fazem a gestão de uma série de dados relacionados ao histórico de pagamentos das pessoas, como Serasa, Serviço de Proteção de Crédito (SPC), Boa Vista e Quod.
As informações têm base nos dados presentes no cadastro positivo, criado em 2011 e regulamentado no ano passado. Diferentemente do cadastro negativo, que lista quem está com o nome sujo e leva em consideração as contas não pagas, o score sinaliza, por meio de uma nota, quem consegue quitar em dia todas as dívidas e contas.
O score leva em consideração pagamentos de contas, boletos e crediários, nome negativado e relacionamento financeiro com as empresas nas quais você adquiriu produtos e serviços. A soma dos três fatores gera a “nota de crédito” de uma pessoa. Outras informações também são utilizadas, como estado civil, emprego formalizado em carteira e hábitos de consumo – isso pode variar de empresa para empresa.
Score 2.0
Em maio de 2021, o Serasa lançou um novo modelo de cálculo da métrica. Denominado Score 2.0, ela passa a valorizar mais os bons hábitos de pagamentos do que o histórico de dívidas de cada um. Dados positivos (de cartão de crédito, consórcio, consignado, empréstimos e financiamentos), comportamentos de pagamento, tempo e tipos de contratos passaram a ter um peso de 62% em vez de 26%, assim como o informações de dívidas e histórico de regularização e em aberto passaram de 57% para 19%.
Isso quer dizer que, se antes o peso maior era para os dados negativos, como o consumidor atrasar as contas, agora, mesmo que alguém tenha tido problemas no passado, os pagamentos feitos em dia ao longo dos anos terão uma importância maior para compor o score.
Qual a importância do Score
Segundo dados do Banco Mundial, o uso do cadastro positivo podem:
- Aumentar em até 88% a aprovação de crédito;
- Reduzir a inadimplência em até 45%;
- Aumentar do saldo de crédito de 47% para até 66% do PIB.
Nos Estados Unidos, por exemplo, antes da implementação do cadastro, só 40% das pessoas tinham acesso a crédito. Hoje, esse número é de 80% e mais da metade dos consumidores ficou mais propenso a pagar as contas em dia, já que isso poderia melhorar suas condições para obter empréstimos. Já na Alemanha, com o cadastro positivo, a concessão de crédito supera em três vezes a média internacional.
Como é calculado?
A ideia por trás do Score é que, com acesso a mais informações sobre o consumidor, instituições financeiras e empresas de varejo possam adequar as ofertas de crédito. O objetivo é ter mais informações na hora de analisar o risco de oferecer crédito. Ou seja, um banco pode oferecer taxas de juros menores àqueles que têm o hábito de pagar todas as suas contas em dia.
Para isso, elas analisam a nota do score. Quanto mais alta, maiores são as chances de a pessoa honrar com seus compromissos financeiros. A pontuação vai de zero a mil pontos. Quanto mais próxima estiver de mil, melhor é o seu perfil financeiro e, portanto, maiores as chances de ter um pedido de crédito aprovado.
- Até 300 pontos há alto risco de inadimplência;
- Entre 300 e 700 médio risco;
- Acima de 700 baixo risco e mais probabilidade de conseguir juros mais baixos.
Além dos bancos, veja outras empresas que podem checar seu score:
- Construtoras e imobiliárias;
- Lojas de departamento;
- Seguradoras de automóveis;
- Empresas de internet e telefonia.
O score pode ser consultado de forma gratuita pelos sites e aplicativos dos birôs de crédito: Serasa, SPC, Boa Vista e Quod. Além da pontuação, você tem acesso a informações mais detalhadas sobre as variações da nota e dicas do que pode fazer para aumentar seu número e quais os comportamentos que devem ser evitados
Ele é calculado de forma online e em tempo real. E é importante ressaltar que não se trata de algo obrigatório. Você pode solicitar sua exclusão do cadastro positivo por meio dos canais de atendimento (telefônico, físico ou eletrônico) de qualquer um dos gestores de bancos de dados.
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Tanto a Serasa quanto o SPC calculam o score a partir de dados do consumidor e seu nível de inadimplência – seja de pessoas físicas ou pessoas jurídicas. A diferença é a forma como as informações são coletadas.
A Serasa é uma empresa privada que coleta dados de fontes públicas e privadas, como bancos, lojas, operadoras de telecomunicações e instituições financeiras. “Trabalhamos com quatro grupos de informações: dados do Cadastro Positivo, dívidas incluídas no cadastro de inadimplência, consultas do CPF e também temos uma parceria com o SPC para receber dados sobre histórico de dívidas”, explica Heber Alves, gerente de produtos sênior na Serasa.
Já o SPC, é um banco de dados que faz parte do sistema Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Além do Cadastro Positivo, o SPC reúne informações do comércio e os dados são coletados de lojistas, associações comerciais e estabelecimentos credenciados à organização. Eles cedem os registros de pagamentos de pessoas que já compraram algum bem ou serviço.
O que é um score bom?
A pontuação do score é dividida em três faixas. “Elas funcionam como um norte e indicam as chances de inadimplência de cada pessoa. A pontuação vai de 0 a 1.000 e indica a probabilidade daquele consumidor honrar com seus compromissos financeiros”, explica Cristiano Corrêa, coordenador do curso de Administração do Ibmec SP. Quanto mais próxima de mil, maiores são as chances daquele perfil ter um crédito aprovado.
Pontuações acima de 700 significam um score bom. Nesse caso, existe um baixo risco de inadimplência. “Ter um score alto significa ser um excelente pagador. Ou seja, você mantém todas as suas contas em dia, não atrasa parcelas de financiamento, mantém um bom histórico e tem uma boa saúde financeira”, explica Eliane Deliberali, planejadora financeira CFP pela Planejar. Aqueles que têm um bom score também garantem credibilidade no mercado financeiro e, consequentemente, acesso a financiamentos e empréstimos com condições melhores.
O que é um score regular?
O score regular está entre 301 e 700 pontos. Nesse caso, existe um risco médio de inadimplência. Funciona como uma luz amarela indicando que o consumidor pode não fazer o pagamento de uma conta em dia. As pessoas que estão nessa faixa podem conseguir boas taxas ou cartões de crédito mais básicos, mas também podem encontrar dificuldades em aumentar o limite ou acessar produtos financeiros mais robustos.
“É onde está a média dos scores dos brasileiros. Nessas faixas intermediárias existe uma compensação pelo risco. Como as chances de inadimplência são um pouco maiores, o credor possivelmente vai trabalhar com uma taxa de juros um pouco maior também, ou até mesmo uma opção com menos parcelamentos”, explica Heber.
O que é um score baixo?
O score baixo está em pontuações de 0 a 300. O risco de inadimplência é alto e as instituições te reconhecem como um mau pagador, dificilmente liberando algum crédito.
“Ter um score baixo significa que você não mantém suas contas em dia e, consequentemente, não tem uma vida financeira saudável. Essas pessoas costumam ter mais dificuldades em obter créditos com taxas mais vantajosas”, explica Eliane. Até mesmo um cartão com pouco limite pode ser recusado, já que as instituições entendem que os riscos de não assumir o pagamento são altos.
Quais contas ajudam a aumentar o score?
As contas básicas de serviços continuados entram na análise da pontuação. Água, energia elétrica, gás, telefone, TV à cabo e internet são algumas delas. A fatura do cartão de crédito também tem um grande peso no score. “Essas despesas mensais, fixas e que estão presentes no nosso dia a dia contam para o Cadastro Positivo e, consequentemente, para o cálculo da pontuação”, explica Eliane.
No caso dessas contas, o próprio fornecedor do serviço tem sua política de cobrança e decide quando inclui ou não os atrasos no cadastro de inadimplentes. “Um prestador de serviços de energia, por exemplo, pode incluir um CPF depois de um determinado tempo de atraso. Aquela dívida pode, sim, afetar o score e derrubar a pontuação, já que indica que a capacidade de pagamento está diminuindo e, consequentemente, os riscos aumentando”, ressalta Heber.
Mitos e verdades
1. Colocar CPF na Nota Fiscal aumenta o score
Mito. O CPF na nota fiscal não faz parte das informações usadas pelos birôs de crédito na hora do cálculo do score. Ou seja, pedir a inclusão do CPF em supermercados, lojas, farmácias ou outros estabelecimentos não diminui nem aumenta a pontuação.
2. O score não é aberto para qualquer um
Verdade. Um CPF só pode ser consultado pelo próprio consumidor ou por instituições para análise de crédito. Outras pessoas ou empresas não conseguem ver ou manipular as informações para marketing, envio de e-mails e outras atividades. “Em uma das pontas temos o portador do CPF e, na outra, as empresas com as quais ele busca algum tipo de relacionamento para conseguir crédito. Ninguém de fora pode acessar os dados”, ressalta Heber.
3. Ter uma renda alta aumenta o score
Mito. Ter um salário alto não significa ter uma boa pontuação no score. O que vale são seus hábitos financeiros, como pagar as contas em dia e evitar dívidas.
4. Dá para aumentar o score na hora
Mito. O score leva um tempo para ser atualizado de acordo com o histórico de pagamentos. Ao pagar uma conta ou regularizar uma dívida, o score não é automaticamente recalculado. Portanto, é importante ficar atento e entender que não existe uma fórmula mágica para aumentar a pontuação instantaneamente.
5. Pessoas com score baixo podem conseguir crédito
Verdade. Ter um score baixo não exclui as chances de conseguir um crédito. Nas faixas menores de pontuação, o consumidor terá mais dificuldade em encontrar um crédito, mas existem credores dispostos a tomar o risco, cobrando taxas muito maiores. “Nesse caso, acho importante avaliar se realmente é o momento de tentar um crédito. Acredito que seja mais vantajoso limpar o nome, quitar as dívidas e só depois buscar opções com melhores condições”, ressalta Heber.
6. Posso pagar para aumentar meu score sem mudar hábitos
Mito. Golpistas costumam oferecer esse tipo de serviço, mas não existe nenhuma forma de pagar pelo aumento do score. A única maneira de elevar a pontuação é manter as contas em dia e, em caso de inadimplência, negociar as dívidas e pagar os atrasos. “O caminho para um bom score é ter o controle da vida financeira, se conhecer financeiramente e trabalhar com a mentalidade de gastar menos do que ganha”, ressalta Heber.
7. Manter os dados atualizados ajudam a melhorar a pontuação
Verdade. Manter as informações em dia ajuda a aumentar o score. A lógica é simples: quanto mais as empresas sabem sobre você, mais confiança têm na hora de liberar crédito. “Por meio desses dados o mercado vai te conhecer. Dessa forma, as empresas sabem que você realmente é você e que não se trata de uma fraude. Manter os dados