Inflação do consumidor no Japão sobe 3% em setembro e desafia BoJ

Energia manteve a maior contribuição para os aumentos de preços, mas também houve altas em alimentos e bens de consumo duráveis

Roberto de Lira

Movimentação de pessoas em Tóquio (Crédito: Shutterstock)
Movimentação de pessoas em Tóquio (Crédito: Shutterstock)

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A inflação do Japão atingiu 3% em setembro, a maior taxa mensal desde 1991 – com exceção de um aumento em 2014 motivado por uma alta de impostos sobre vendas -, informou hoje o escritório de estatísticas do país.  O núcleo da inflação, que exclui preços voláteis, subiu 2,8%.

Embora a energia tenha permanecido com a maior contribuição para os aumentos de preços em relação ao ano anterior, também foram registradas altas em alimentos processados e bens de consumo duráveis. Segundo especialistas, isso mostra que a inflação está se espalhando.

Neste mês, os preços de cerca de 6,7 mil itens alimentares foram elevados, de acordo com uma pesquisa do Teikoku Databank divulgada pelo Japan Times. No ano fiscal iniciado em abril, o preço de mais de 20 mil itens subiu, aumentando os custos das famílias em pelo menos 70.000 ienes (o equivalente a US$ 466) por ano.

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Enquanto isso, o crescimento dos salários continua abaixo da inflação, com os últimos dados de salários reais mostrando uma queda de 1,7% em relação ao ano anterior.

Mesmo com a alta dos preços mostrando aceleração, o Banco do Japão (BoJ) ainda mantém uma política acomodatícia. No final de setembro, a autoridade monetária do país decidiu manter inalterada a taxa de juros anual a -0,1%. E os presidente da instituição, Haruhiko Kuroda, disse considerar “apropriada” a postura da entidade.

Com isso, foi mantida a tendência de desvalorização do iene. A divisa japonesa atingiu ontem um patamar mínio histórico de ¥ 150 por dólar, mantendo os investidores em alerta para uma possível intervenção no câmbio.