Desigualdade de renda aumenta chance de depressão

De acordo com pesquisa, pessoas que vivem em áreas urbanas tem mais tendência a ser deprimidas do que as que moram em áreas rurais

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SÃO PAULO – Quando a desigualdade de renda aumenta, a probabilidade de a pessoa sofrer de depressão emocional também sobe, apontou o estudo realizado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e divulgado na quarta-feira (22).

De acordo com a pesquisa, as pessoas que vivem em áreas urbanas tem mais tendência a ser deprimidas do que as que moram em áreas rurais, provavelmente porque a desigualdade é mais percebida nas áreas urbanas. Já o nível de renda, medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país, não afeta a probabilidade de depressão.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), transtornos mentais podem custar até 4% do PIB. O estudo dos fatores que podem levar à depressão é importante para melhorar a qualidade de vida e felicidade, além de ser útil para os formuladores de políticas na identificação de grupos de risco e elaboração de políticas de saúde pública.

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Para a realização da pesquisa, foram analisados dados da Pesquisa de Opinião Gallup 2007 para 93 países.

Países
O estudo mede a probabilidade de cidadãos de um país serem mais propensos a depressão do que cidadão dos Estados Unidos. O país norte-americano foi usado como referência devido à ampla disponibilidade de dados e pesquisas.

Os cidadãos da Etiópia, Coreia do Sul e Bolívia, por exemplo, tem mais probabilidade de ser deprimidos do que os que vivem nos EUA. Já os cidadãos da Mauritânia, Albânia e Dinamarca são os que apresentam menor probabilidade. Segundo a pesquisa, 32 países não apresentaram diferença significativa em relação aos EUA.

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Religião
O estudo ainda aponta que a possibilidade de depressão diminui quando a porcentagem de pessoas religiosas na população total é alta. Entre 14 países com a mais alta taxa de desigualdade, porém com baixas taxas de probabilidade de depressão, pelo menos oito tinham alto índice de pessoas religiosas.

Entre esses países, estão Honduras e Panamá, com alta porcentagem de católicos, Níger e Senegal, com alto índice de muçulmanos, Jamaica e Uganda, com alta proporção de protestantes, e Brasil e Moçambique, onde há as três religiões.

De acordo com a pesquisa, o efeito da religião pode ter mais do que compensado o da desigualdade de renda.

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Outros fatores
A probabilidade de depressão é mais baixa em países com uma porcentagem elevada de pessoas com mais de 65 anos de idade e tende a subir nos países com alto número de pessoas entre 15 e 64 anos.

Quando se trata do gênero, os homens tendem a ser menos deprimidos que as mulheres, sendo que a probabilidade de depressão é quase 1,6 ponto percentual menor neles.

De acordo com o estudo, as pessoas casadas ou que vivem como casadas tendem a ser menos deprimidas do que pessoas solteiras. Já os que passaram por uma separação ou viuvez têm mais possibilidade de ficar deprimidos do que os solteiros e casados. Além disso, ser divorciado tem um impacto negativo maior do que ficar viúvo.