Consigo poupar R$ 800 por mês e quero investir em ações; é uma boa ideia?

Waldir Leoncio, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta

Tenho 20 anos e pretendo montar uma carteira para aposentadoria baseada no recebimento de dividendos. Já li vários livros, vi muitos vídeos e fiz curso de análise fundamentalista.

O meu problema é: pela minha idade, não tenho um grande salário, portanto consigo investir R$ 800 por mês e já tenho cerca de R$ 1,5 mil investidos na bolsa em uma small cap, na qual eu já não tenho tanta certeza se é a empresa correta para mim. Por conta disso, não consigo comprar nem ao menos um lote de qualquer empresa com bons fundamentos e bons dividendos.

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Não tenho intenção de entrar na renda fixa, muito menos de participar de fundos de investimento. Gostaria de saber qual caminho devo seguir. Se seguro o dinheiro e deixo na renda fixa até eu conseguir um salário melhor, ou se insisto em small caps, mas faço melhores procuras.

Leitor: Lucas

Resposta de Waldir Leoncio, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF

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Prezado Lucas,

Parabéns por pensar em sua aposentadoria desde jovem. O poder dos juros compostos ao longo dos anos lhe será um grande aliado no alcance de um pé-de-meia bem polpudo.

Um investidor aposentado deve ter boa parte de sua carteira investida em ativos cujo propósito principal é gerar renda passiva. Exemplos clássicos desse tipo de ativo incluem imóveis, papéis de renda fixa e ações de empresas com histórico de pagamento de dividendos generosos. Por outro lado, um investidor que ainda está a algumas décadas de se aposentar não tem necessidade de deixar todo seu dinheiro nesses ativos; ele pode aproveitar a maior expectativa de rentabilidade em classes de ativos que primam pela multiplicação do capital em vez da geração de renda passiva. Sem sair do mercado financeiro, nessa classe encontram-se o investimento em empresas relativamente pequenas listadas em bolsa (as “small caps” que você mencionou), além de ativos puramente especulativos como commodities e moedas.

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Como pode imaginar, a segunda classe de investimentos que mencionei é mais arriscada que a primeira, cabendo ao investidor avaliar seu desejo e necessidade de mitigar esse risco incluindo em sua carteira de longo prazo ativos menos arriscados. Recomendo que procure pessoalmente um planejador financeiro certificado para que encontrem juntos o percentual ideal de distribuição de seus recursos entre renda fixa e renda variável.

A boa notícia é que uma poupança mensal de R$ 800 não é nada má. Desconsiderando os R$ 1,5 mil que já possui e estimando uma rentabilidade de 6% acima da inflação (algo que qualquer título Tesouro IPCA+, a antiga NTN-B Principal, entrega hoje em dia), você terá o equivalente a quase R$ 771 mil aos 50 anos. Aos 55, será efetivamente milionário e aos 60, terá acumulado nada menos que o que hoje equivalem a R$ 1.510.713,63. Tudo isso na sem sair da renda fixa e sem considerar um possível aumento em sua capacidade de poupança no futuro.

Imagino que sua preocupação seja com o fato de que a maioria das corretoras de valores do mercado cobra uma taxa fixa por compra e venda de ativos na bolsa. Se considerarmos uma corretagem de R$ 15 por operação, estamos falando em quase 2% de taxas sobre os R$ 800 que você aplica por mês. Isso sem falar nos emolumentos cobrados pela BM&FBovespa e o fato de que você terá de pagar mais tributos na hora de vender os ativos. São custos que você deve, sim, levar em consideração na hora de aplicar, mas que tendem a perder relevância para o investidor de longo prazo, que não fica comprando e vendendo seus ativos a todo o momento. De qualquer forma, lembre-se que há corretoras que cobram, em condições especiais como a colocação de ordem por telefone, corretagens variáveis conforme a chamada Tabela Bovespa. Nessa tabela, o custo de corretagem tem um mínimo de R$ 2,70. Porém, para um investimento de R$ 800 a taxa ficaria em R$ 14,49, apenas um pouco abaixo do que o cobrado pela internet. Por essa mesma tabela, investimentos de R$ 1 mil já ficariam mais caros que os R$ 15 que supusemos no início deste parágrafo.

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Não obstante seu desejo de evitar fundos de investimento cabe-me mencionar uma classe especial de fundos de ações que costuma interessar a pequenos investidores de todos os níveis de conhecimento: os fundos de índice (ETFs). Eles diferem-se dos fundos tradicionais por serem vendidos diretamente em bolsa e por serem tipicamente passivos, o que os torna relativamente baratos de se manter e convenientes para quem busca diversificação dentro da bolsa de valores. Por exemplo, o mais antigo ETF do Brasil, o PIBB11, possui uma taxa de administração de apenas 0,059% a.a.. Você pode aprender mais sobre ETFs bem como encontrar uma lista dos fundos atualmente à venda na BM&FBovespa nesta página. Há, inclusive, ETFs próprias para acompanhar o desempenho do segmento de “small caps” (SMAL11) e para ações de boas pagadoras de dividendos (DIVO11).

Qualquer que seja sua decisão, aconselho-o a não concentrar seus investimentos em um punhado de ações de um só segmento, nem em uma só maneira de investir (compra direta em vez de via fundos). Bons analistas fundamentalistas costumam se especializar em alguns poucos setores, pois é pouco viável aprender a identificar empresas boas e baratas em diversos setores. Caso tenha interesse em escolher suas ações a dedo, recomendo que se especialize em alguns perfis específicos de empresa. Para o bem da diversificação de sua carteira, porém, peço que também considere investir parte de seus recursos em ativos com correlação baixa ou negativa com o segmento de sua especialidade.

Waldir Leoncio é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

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As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Perguntas devem ser feitas no e-mail onde_investir@infomoney.com.br