Tenho um terreno que vale R$ 100 mil; devo vendê-lo para investir?

Raul Shalders Ulup, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

Publicidade

Pergunta

Tenho um terreno em minha cidade que vale em torno de R$ 100 mil. Comprei há cerca de dois anos e já obtive uma rentabilidade sobre o valor pago na época, porém, não vejo grandes saltos na valorização do terreno.

Vale a pena vender o terreno e pegar o dinheiro para investir em fundos a curto, médio e longo prazos? O valor será somente para investimento visto que não preciso do dinheiro. Poderia deixar o terreno “valorizando” porém acho que existe algum outro meio de obter uma rentabilidade maior. Ou também talvez esse não seja o momento de vender o terreno?

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Leitor: Mario

Resposta de Raul Shalders Ulup, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF

Prezado Mario,

Continua depois da publicidade

A se considerar o momento econômico instável que passamos no Brasil, ninguém poderia afirmar que seu terreno irá valorizar mais que aplicações do mercado financeiro, nem garantir com absoluta certeza o que acontecerá. Mas temos algumas indicações que podem ajudá-lo na decisão.

Nos últimos anos, como se sabe, o mercado imobiliário teve forte valorização aproveitando-se, também, das baixas taxas de juros que remuneravam o capital do investidor. Este cenário recentemente começou a mudar. Por um lado, atualmente, os imóveis já não valorizam como antes, reduzindo as oportunidades de ganho. Por outro lado, a taxa básica de juros, a taxa Selic, disparou o que tornou o mercado financeiro atrativo para quem quer investir.

Portanto, considerando este raso resumo do cenário econômico atual e desde que seu terreno não esteja localizado em uma área que possa passar por uma supervalorização, a resposta mais provável seria sim. Em se permanecendo as condições atuais, valeria a pena vender o terreno e investir em produtos do mercado financeiro que projetem maior rentabilidade. Porém, antes de tomar esta decisão, você precisa analisar as questões fiscais e adequação do seu perfil de investidor ao produto de investimento.

Continua depois da publicidade

Do ponto de vista fiscal, guardada alguma exceção em relação ao seu terreno e desde que não seja seu único imóvel, você terá que recolher o imposto sobre lucro imobiliário. Isto é, como adquiriu o terreno há 2 (dois) anos, você deve pagar 15% sobre a diferença entre o valor da venda e da compra do terreno. Por exemplo: Se comprou por R$ 70.000 e vendê-lo por R$ 100.000 terá R$ 30.000 de lucro. Sobre os R$ 30.000 incidirão 15% de imposto, ou seja, R$ 4.500 que deve recolher como tributo sobre o lucro imobiliário.

Quanto a escolha do produto financeiro de investimento, você deveria considerar o trinômio:

• Qual seu objetivo com este recurso? Quanto você quer ganhar? Quer ganhar da inflação ou quer obter 10%, 15%, 20% ao ano?

Continua depois da publicidade

Para chegar neste objetivo qual sua:

• Necessidade de liquidez? Ou seja, em que prazo que precisará deste recurso;

• Qual sua disposição a risco? Em geral, quanto maior o retorno, maior o risco;

Continua depois da publicidade

Objetivo, Liquidez e Risco. Respondidas essas três perguntas, você terá um direcionamento para o produto mais adequado. Se considerarmos que não vai precisar do dinheiro nos próximos 6 meses, não vale a pena investir em fundos de curto prazo, opte pelos de longo prazo, pois a alíquota do imposto de renda será menor. Nas condições atuais, com o valor que possuirá pela venda do terreno e a taxa Selic em 12,75%, existem muitos fundos que seu banco ou corretora podem lhe oferecer com uma rentabilidade superior à valorização do seu terreno.

Fuja dos fundos com taxas de administração maior que 1%. Além dos fundos de investimentos, o banco pode oferecer Letras de Crédito de Agronegócios (LCA) ou imobiliárias (LCI). Estes produtos, além de terem rentabilidades muito interessantes, contam com isenção de pagamento de IR para pessoa física e são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$ 250.000 por CPF e instituição financeira. Se não quiser recorrer ao seu banco/corretora, tente o Tesouro Direto (www.tesouro.fazenda.gov.br) que encontrará títulos públicos também com remunerações interessantes.

Espero ter lhe ajudado a esclarecer sua dúvida. Se ainda estiver hesitante em tomar uma decisão, procure um especialista. Um planejador financeiro poderá lhe auxiliar na tomada de decisão.

Continua depois da publicidade

Raul Shalders Ulup é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Perguntas devem ser feitas no e-mail onde_investir@infomoney.com.br