Privatizar a Petrobras (PETR3;PETR4) é uma escolha da sociedade, diz Adolfo Sachsida

Ministro diz que não dá palpites na estatal, mas afirma que empresa precisa estar preparada para competir

Mitchel Diniz

Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR

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O Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse nesta quinta-feira (4) que cabe à sociedade escolher se a Petrobras (PETR3;PETR4) será uma empresa estatal ou privada. “Não dá para achar petróleo no pré-sal e a empresa dizer que é pública para ter prioridade, mas justificar que é privada quando o preço da gasolina aumenta”, afirmou Sachsida, durante o painel “O Desafio Energético do Brasil”, na Expert XP 2022.

“Eu tenho a minha preferência e quero ela privada”, complementou o ministro. Ao assumir o MME, em maio deste ano, uma das primeiras iniciativas de Sachsida foi encomendar estudos para a privatização da petrolífera. Questionado se há chances da proposta de privatização ser enviada ao Congresso ainda este ano, ele afirmou que ministério estuda essa possibilidade.

“Mas um projeto deste tamanho, você precisa ter muita segurança para gerar competição e acima de tudo ter consensos para poder avançar”, disse Sachsida. O ministro criticou a demora da petrolífera em vender suas refinarias. “Tem um termo de ajuste de conduta, tem que ser feito”, disse.

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“Não dou palpite na Petrobras”

Sachsida evitou comentar a atual política de preços da petrolífera. “Nós não controlamos o preço do barril, mas se o dinheiro vier para o Brasil, o câmbio valoriza e vamos conseguir uma redução estrutural correta no preço dos combustíveis”, disse.

O ministro acredita que essa dinâmica se beneficiaria de uma realocação de portfólios de investimentos globais, buscando um porto seguro no Brasil. “Vamos aprovar marcos legais, criar um ambiente favorável pra investimentos e o preço [dos combustíveis] vai cair naturalmente”, afirmou.

Sachsida diz que não dá palpite na Petrobras e seu papel foi levar um presidente para a companhia que estivesse acostumado com competição. “Eu prefiro mais competição, porque você dilui o poder”, disse o ministro. “Enquanto ministro de Minas e Energia, saibam de uma coisa: eu vou gerar competição no setor é bom que ela [a Petrobras] aprenda a competir, porque vai ter competição. Essa é a única maneira de protegermos os consumidores brasileiros”, complementou.

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Mesmo afirmando que o melhor a se fazer pela Petrobras é não intervir, Sachsida foi parabenizado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, pela redução de 3,6% no preço do diesel para as distribuidoras anunciada hoje pela Petrobras. “Parabéns pela queda de 20 centavos no preço do diesel hoje. Mais uma ação do governo federal na boa direção de olhar o consumidor em primeiro lugar”, disse Leite.

Sem competição, sem transição

O ministro disse ainda que a falta de competição no setor inviabiliza que a Petrobras tenha uma agenda ESG. Ele usou o exemplo de players globais que estão caminhando para uma transição energética, como Shell e BP. “E a Petrobras? Será que alguém vai colocar um ‘xis’ que ela tá indo?”, indagou Sachsida.

“A Petrobras pode ser um grande player  das energias renováveis e esse é o caminho. O Brasil tem que pressionar para criar uma economia verde e neutra em emissões até 2050″, afirmou Joaquim Leite.

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Sachsida disse que, como toda empresa grande e responsável no mundo, a Petrobras precisa ter um programa social desenvolvido pelos próprios executivos da empresa. “Eu não ganho R$ 210 mil por mês, é o presidente da Petrobras. É ele e os diretores que tem de desenvolver programas sociais”, afirmou.

“O Brasil tem que ser o Canadá da mineração”

Durante o painel, Sachsida afirmou que está fazendo mudanças no MME para fortalecer o segmento de mineração. “O nosso norte em mineração é o Canadá. Um país com respeito à sustentabilidade, que é exemplo do mundo, e uma potência mineradora”, disse o ministro.

Sachsida afirmou que aumentar tributos no setor é um “erro brutal”. “Temos é que explorar essa riqueza de uma maneira ambientalmente sustentável e socialmente justa. Com isso, vamos beneficiar o meio ambiente, a população brasileira e os próprios estados e municípios vão crescer”.

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O ministro do meio ambiente defendeu a mineração regular, dizendo que a atividade tem baixa impacto nas florestas. “Mineração cuida de floresta. Você tem casos de áreas na Amazônia de impacto de menos de 3%. Quando você faz a cava para minerar, você traz riqueza para a região que protege os outros 97%”, disse Joaquim Leite.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados