‘Existe incerteza de transição eleitoral e espero que não tenha uma guinada de política econômica’, diz presidente da Caixa

Executiva participou da Expert XP e ressaltou feitos da equipe econômica: "parece que tem muita gente torcendo contra o Brasil"

Anderson Figo

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A crise internacional provocada pela pandemia de coronavírus há dois anos não assusta a nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, para quem “o Brasil está indo bem”. Durante a Expert 2022, evento organizado pela XP, em São Paulo, a executiva falou que o país está em rota de crescimento e que espera que não haja “uma guinada de política econômica” com uma eventual transição eleitoral no próximo ano.

“Eu não acho assustador, não. Acho que o Brasil está indo bem. A gente teve um teste de resiliência tão grande que eu acho que as pessoas estão com visões, parece que tem muita gente torcendo contra o Brasil”, disse. “A gente tinha um binômio de reformas fiscais, consolidação fiscal, controle de gastos, e reformas de mercado, com marcos regulatórios, melhora de produtividade, competitividade, reformas estruturantes”, completou.

Daniella citou o esforço do governo em aprovar a reforma da Previdência no primeiro ano de trabalho do ministro Paulo Guedes e ressaltou as entregas realizadas pela equipe econômica do governo até então, apesar da mudança de estratégia exigida pela pandemia.

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“A gente fez o primeiro dever de casa, uma reforma de R$ 1 trilhão, onde o brasileiro foi pra rua. E aí veio a pandemia, e a pandemia foi um choque econômico que acho que foi um privilégio para o Brasil ter um ministro como o ministro Paulo Guedes naquele momento, a história vai reconhecer isso, a solidez de formação e tudo o que ele fez na velocidade que fez”, afirmou.

“Você pega sua estratégia e vira do avesso. Você sai de uma estratégia de controle de gastos, pega uma licença, gasta R$ 700 bilhões para salvar vidas, empresas e empregos. Ele reformulou a estratégia de gestão do próprio ministério quando a gente foi para o trabalho remoto, de secretarias especiais para grupos temáticos. Um grupo trabalha crédito, um grupo trabalha social, um grupo trabalha saúde. E eu transversal, articulando isso tudo com o Congresso”, completou.

“Eu não consigo lembrar em que momento a gente fez saneamento, Banco Central independente, marco do gás, das telecomunicações, das startups, porque foram dois anos combatendo pandemia. O leilão do 5G, teve o PIX, que foi uma revolução de transação financeira, teve lei de liberdade econômica, mais de dez marcos legais.”

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Projeções

A executiva afirmou que muitos economistas erraram nas previsões de recessão em 2022 e que ela fez uma série de reuniões com empresários no começo do ano para mostrar premissas que, na visão dela, o mercado não estava enxergando, como a virada de chave do programa de concessões do governo de modelo de outorgas para capex.

“Eu lancei o monitor de investimento lá pelo ministério da Economia que estão lá estratificados por contrato quase R$ 900 bilhões de investimentos contratados por região, por setor, pelos próximos 10 anos. Isso gera um carry de crescimento porque você tem investimento contratado, você tem a cadeia de fornecedor, você tem os empregos diretos, você tem a renda do emprego. É um carry de crescimento que eu acho que o mercado não tinha ou não quis cair a ficha”, disse.

Outra premissa que, segundo ela, o mercado está deixando de levar e conta em suas projeções é a geração de emprego. “A geração de emprego estava muito forte. Se você pega do pior momento da pandemia para hoje, foram 14 milhões de empregos gerados. A gente conseguiu atravessar uma pandemia tendo resultado quase zero de emprego”, disse.

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“A crise fiscal que a Dilma gerou, que foi ela com ela mesma num mundo crescendo sem pandemia, destruiu 2 milhões de empregos, e a gente sai zerado e agora já tem um saldo muito positivo, conseguindo fechar o governo com uma taxa entre 8%, 8,5% e 9%, estamos com saldo de 200 a 300 mil vagas por mês, e a maior população ocupada da história”, completou a executiva.

Otimismo

Daniella afirmou que o governo nunca abriu mão da meta fiscal. “Tanto no micro quanto no macro, eu vejo o Brasil bem. Vejo o Brasil muito bem posicionado enquanto matriz de segurança energética e alimentar do mundo, numa agenda virtuosa. É um regime político aberto, uma democracia sólida. Você tem problema na Rússia, você tem problema na China”, disse.

“Apesar da crise toda lá fora, o fluxo de investimentos não muda. A riqueza gira e talvez seja a hora de girar para cá. Pode ser um pouco Alice no País das Maravilhas, mas eu acho que se a gente tivesse construído uma psicologia do quão bem a gente foi na resposta à crise da Covid, como a gente conseguiu conciliar responsabilidade fiscal com respostas efetivas e o desempenho que o Brasil teve em relação às nações mais prósperas do mundo, era para estar um clima muito mais construtivo. As pessoas falando bem do Brasil”, completou.

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A executiva afirmou que o Congresso Nacional está muito maduro em relação ao fiscal. “Eles te testam até o limite, mas eu vejo um Congresso sem nenhuma vontade de ter uma irresponsabilidade fiscal completa. É óbvio que tem um desafio agora em relação à cooperação que houve das despesas em relação ao teto. Mas existem propostas bastante sólidas, principalmente em relação à desvinculação e desindexação do Orçamento”, disse.

“Estamos indo para 2,5% de crescimento. Espero que seja um processo de transição eleitoral suave, mas que principalmente a gente não tire o Brasil dessa rota de prosperidade que a gente entrou porque estamos indo para uma taxa de crescimento perto de 20% do PIB, a maior que a gente já teve nos últimos dez anos, e é isso que vai nos colocar num crescimento estruturado, numa redução de desigualdade e geração de riqueza e renda com que a gente sonhou e do tamanho que a gente merece ter.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.