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Ibovespa fecha em alta de 0,55% no dia e avança quase 5% em julho; Dólar recua 1,1% no mês

Mudança de leitura em relação à inflação e ao aperto monetário melhora perspectiva de investidores em todo o mundo

Vitor Azevedo

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa fechou em alta de 0,55% nesta sexta-feira (29), aos 103.164 pontos. No mês, o benchmark brasileiro acumulou alta de 4,69%, com uma forte alta na semana, de 4,29%.

O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou, parcialmente, a performance vista nos Estados Unidos mas também foi muito impulsionado pelas ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), que subiram, respectivamente, 6,42% e 5,76% – após o anúncio de dividendos acima do esperado.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 0,97%, 1,42%,  e 1,88% – no melhor mês desde novembro de 2020.

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“Mês de julho foi muito volátil, de mudança brusca na narrativa do mercado. Começamos com investidores preocupados com o cenário inflacionário global. Com curva de juros para cima. O tom, no entanto, mudou bruscamente com os dados de atividade dos EUA arrefecendo e com a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês)”, explica Sérgio Zanini, gestor da Galápagos Capital.

Na decisão desta semana, as autoridades do Federal Reserve se comprometeram a controlar a inflação, mas também sinalizaram que não acham que os apertos terão de ser muito elevados, por conta da atividade econômica e com a alta dos preços desacelerando.

A publicação da prévia do produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre, com queda a economia do país recuando 0,5%, também ajudou a reforçar essa tese.

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Os tresuries yields de dez anos, que começaram julhos negociados a 3,09%, fecharam o dia em 2,65%. Os para dois anos saíram de 3,05% para 2,89%.

“Hoje, com o PCE, mercado ficou um pouco mais em dúvida, mas não houve uma mudança de tendência”, contextualiza Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset. “Preço das commodities estão caindo, bem como dos combustíveis. As pesquisas regionais dos EUA também mostram que a atividade se mantém, enquanto a alta dos preços desacelera”.

Todo esse sentimento de inflação mais baixa e de menor necessidade de aperto monetário ajudou a diminuir a aversão ao risco – o DXY, índice que mede força do dólar frente a seus pares no mundo, chegou a tocar os 108,60 pontos no meio do mês, mas hoje ficou em 105,82, caindo 0,49% no dia.

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O real também se valorizou. O dólar comercial, apesar de ter avançado 0,21% nesta sexta, fechou o mês em queda de 1,16%, a R$ 5,174 na compra e na venda. Na semana, a moeda recuou 5,91% – maior queda desde a semana que se encerrou em 6 de novembro de 2020 (-6,07%). Até sexta passada, a divisa americana tinha alta de 5,09%. Em 2022, perde 7,19%.

“Basicamente, saímos de um cenário de bolsa em queda para um de leve otimismo. Os ativos de risco do mundo terminam julho majoritariamente em alta e o dólar, em queda. As curvas de juros também fecharam bastante”, diz Zanini.

Além do movimento macroeconômico, os resultados das companhias também vêm trazendo certo otimismo para os investidores.

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“A temporada de balanço segue a todo vapor. Nos EUA, destaque para os números das companhias de tecnologia, que estão vindo melhores do que o esperado. Havia receio de que a alta de juros iria impactar os números negativamente, mas várias estão vindo melhores do que o esperado”, comenta Kaue Franklin, especialista em renda variável da Aplix Investimentos.

Segundo ele, os números das companhias brasileiras também estão surpreendendo positivamente. A Petrobras, já mencionada, por exemplo, trouxe ontem números vistos como positivos e disparou por conta da distribuição de dividendos.

O resultado da companhia, além de ser positivo para as ações, também ajudou a tirar pressão da curva de juros brasileira, segundo comentários – isso porque a antecipação dos proventos, pedida pelo Governo Federal, aumenta o caixa para o ano e ainda é vista como uma forma menos agressiva de intervenção.

Os rendimentos dos DIs para 2023 recuaram quatro pontos-base hoje, para 13,80%, os para 2025 foram a 12,72%, recuando 11 pontos. No meio da curva, os DIs para 2027 e 2029 tiveram suas taxas caindo 13 e 14 pontos, respectivamente, para 12,62% e 12,74%¨.

Para agosto, segundo os especialistas, o mercado continuará atento aos mesmos pontos: dados macroeconômicos e resultados trimestrais.

“O mercado deve continuar mapeando a temporada de balanços aqui e nos Estados Unidos e de olho também nos guidances, para ver como o empresariado interpreta a economia no futuro”, comenta Ermínio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

Kautz, da EQI, destaca que já na próxima semana há dados de manufatura, serviços e do mercado de trabalho nos EUA. “O mercado ficará muito atento. Se houver a confirmação das pesquisas regionais, com desaceleração da inflação e leve recuo da atividade econômica, pode ser uma boa notícia”, define.

Apesar disso, o sentimento dos gestores da EQI e também da Galápagos ainda é de ceticismo.

A primeira casa vê que o Fed terá de subir juros a um patamar de 3,75% ou 4%, sendo que a curva hoje precifica 3,5%. “O bom momento pode ser revertido, na medida que o Fed continue comprometido com a inflação”, pontua Kautz.

“Nós, da Galápagos, não acreditamos que o patamar de juros é suficiente para remediar a inflação americana, mas achamos que o mercado pode se animar um pouco nos próximos 30 ou 60 dias, com um provável pico inflacionário”, comenta Zanini, da Galápagos.

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