Dúvida não é mais se haverá “pouso forçado” nos EUA, e sim duração e profundidade da recessão, diz SPX

Para a casa, linha entre causar uma recessão e arrefecer o mercado de trabalho, controlando a inflação, é tênue

Bruna Furlani

(Getty Images)
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A reboque de dados de inflação piores nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, surpreendeu o mercado ao elevar a taxa de juros americana em 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) na reunião de junho. Embora a atitude tenha sido visto como mais agressiva, a autoridade monetária terá que seguir com o trabalho duro pelos próximos meses.

A visão é da SPX, renomada gestora de Rogério Xavier. Em carta mensal divulgada nesta quarta-feira (13), a casa fez um alerta: “A questão agora não será apenas se veremos um pouso forçado, mas sim qual será a duração, a profundidade e as consequências da recessão que se avizinha” nos Estados Unidos.

Para a casa, a linha entre causar uma recessão e arrefecer o mercado de trabalho, controlando a inflação, é tênue. Nesse sentido, a gestora defende que não será possível aumentar a taxa de desemprego americana em mais de 0,5% sem provocar uma recessão técnica – ou seja, sem fazer com que a economia dos Estados Unidos recue por dois trimestres seguidos.

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Dados divulgados na manhã desta quarta-feira (13) corroboram o cenário traçado pela SPX de que os Estados Unidos deverão enfrentar em breve uma recessão, na visão de analistas. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos apresentou dados bastante elevados, subindo 1,3% em junho na comparação mensal (valor acima do esperado), e 9,1%, na base anual.

O núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia diante da maior volatilidade dos preços, também foi superior ao previsto por analistas, ao avançar 0,7% na comparação anual e 5,9% na anual.

Embora a carta tenha sido escrita antes da divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos, analistas da SPX já alertavam para o problema de conduzir a política monetária com olhar mais para frente, mas com base em números de inflação corrente, o que tende a “resultar em um aperto exagerado de condições financeiras”.

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“Some-se a isso o enxugamento do colossal balanço do Banco Central americano que está apenas começando, e temos um cenário muito desafiador. Entretanto, não nos parece existir um elo especialmente fraco na economia americana que seja claramente a primeira peça do dominó a cair”, ponderam os especialistas.

Para a SPX, o Fed parece “à mercê” de desdobramentos externos, como a guerra na Ucrânia e os efeitos que ela possui sobre as commodities, já que ambos os países envolvidos no conflito são intensivos em matérias-primas, com destaque para a Rússia.

Na Europa, a situação também não parece muito confortável, na visão da casa. Os analistas da gestora destacaram que a maior dúvida reside no fato de como será possível manter economias tão diferentes de forma saudável.

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“Conviver com uma inflação na zona do euro de 8,6%, mercado de trabalho apertado (taxa de desemprego de 6,6%) e, ao mesmo tempo, assistir ao Banco Central ainda terminando a execução de seu programa de afrouxamento quantitativo com taxas básicas negativas de -0,50%, não nos parece razoável”, argumentam os especialistas.

Diante desse cenário, a gestora destacou que segue com alocação em que aposta na alta do dólar americano e com posições que se beneficiam da queda de ações nos Estados Unidos e na Europa.

Ao mesmo tempo, a SPX manteve posições favoráveis à alta das taxas de juros em países em que acredita que há grande desequilíbrio entre as condições econômicas e os preços de mercado, com maior alocação de risco em nomes específicos em países emergentes.

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A SPX também afirmou que manteve a exposição comprada (que se beneficia da alta) das ações chinesas, além de ter continuado sem posições relevantes em commodities.

Brasil é “cabo das tormentas”

Na esteira de um cenário mais negativo para todo o globo, o Brasil também será afetado, juntamente, com a deterioração que parece complicar ainda mais a situação do país, à medida em que as eleições se aproximam, segundo a SPX.

Na visão da casa, o atual governo “abriu a caixa de ferramentas” em junho, ao propor o aumento do auxílio emergencial para R$ 600, passando pelo vale-gás, além do voucher ou “pix dos caminhoneiros”, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios.

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O texto foi aprovado ontem (12) em primeiro turno, por 393 votos a 14, na Câmara dos Deputados. Nesta quarta-feira (13) pela manhã, deputados analisavam os destaques.

Na carta, a SPX destacou que, com a proximidade das eleições, “começam a aparecer as ideias, sempre oportunistas, de congelamento de aumento dos pedágios, tarifa do metrô, chacoalhando a confiança no marco regulatório”.

Nesse sentido, diz, a tarefa do Banco Central parece ficar cada vez mais difícil, mesmo já tendo levado a taxa Selic para um nível contracionista, com juros reais acima do neutro, ou do que o balanço fiscal de médio prazo do país consegue suportar.

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“O mercado vai pressionando o BC, adicionando os riscos políticos e fiscais à equação, como argumento para projeções altistas da taxa básica. No Brasil, o cabo é sempre das tormentas, apesar de toda a boa esperança”, alerta a SPX.

Embora o cenário seja mais complicado no Brasil, a casa afirma que segue com posições em que se beneficiam da queda dos juros no Brasil. Ao mesmo tempo em que mantém alocação em que aposta no recuo das ações brasileiras.

Em junho, o SPX Nimitz rendeu 2,40%, ante um CDI de 1,01% no mesmo período. Segundo a gestora, as contribuições positivas para a performance do fundo vieram das alocações em ações e moedas. Já as contribuições negativas se concentraram nos mercados de commodities, crédito e juros.

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