Via (VIIA3) vê sinais de boa recuperação de clientes nas lojas; pressão da inflação continua, diz CEO

Contudo, empresa apontou otimismo para o ano; segundo executivo, Dia das Mães deste ano registrou o melhor fluxo de clientes nas lojas da Via desde 2018

Felipe Alves

Loja da Casas Bahia em shopping (Shutterstock)
Loja da Casas Bahia em shopping (Shutterstock)

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Enquanto vê o aumento do fluxo de pessoas nas lojas físicas e maior rentabilidade como destaques positivos no balanço do primeiro trimestre de 2022 (1T22), a Via (VIIA3) também vê a pressão da inflação nas suas despesas. A sessão pós-resultado, nesta terça-feira (10), reflete o cenário dúbio para a ação VIIA3. O papel chegou a subir 6,69% no início do pregão, mas virou para queda e, às 14h10 (horário de Brasília), tinha baixa de 2,60%, a R$ 2,62, acompanhando também o menor ânimo do mercado ao longo do dia.

Em teleconferência de resultados nesta terça, o CEO Roberto Fulcherberguer destacou que o Dia das Mães deste ano registrou o melhor fluxo de clientes nas lojas da Via desde 2018, excluindo dias de BlackFriday.

Ele citou que do início do ano até meados de fevereiro a empresa registrou um período “bastante complexo” com os reflexos da variante Ômicron. Mas desde meados de fevereiro, o fluxo veio gradualmente aumentando novamente em todas as lojas pelo país.

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“Vemos bons sinais de trânsito de clientes, o que faz com que nossas vendas nas lojas físicas tenham boa recuperação. Vemos bom início de recuperação de SSS (vendas de mesmas lojas)”, destaca o CEO. O objetivo agora é, cada vez mais, reduzir os itens core da companhia para aumentar a participação no marketplace e crescer a cauda longa de produtos.

A varejista, dona das Casas Bahia e do Ponto, reportou lucro contábil de R$ 18 milhões, o que representou uma queda de 90% frente aos R$ 180 milhões de igual período de 2021. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 758 milhões no trimestre, uma alta de 29,8% sobre igual período de 2021, com margem de 10,2%.

Pressão da inflação

Focada em reduzir despesas e deixar a companhia mais produtiva, a Via não quer prejudicar os serviços para o consumidor, segundo Roberto Fulcherberguer, CEO. Mas, segundo ele, a pressão da inflação está grande nas despesas.

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A redução dos custos de aquisição de clientes foi o grande ganho da empresa, ao passo que o foco é depender cada vez menos de injetar muito dinheiro para fazer a aquisição de clientes. Por isso, a Via foca em ampliar fontes de aquisição de clientes, como escalar marketplace e o crediário.

“Com a falta de liquidez no mercado, as plataformas que dependem de queimar muito caixa para fazer GMV [ou volume bruto de mercadorias] tendem a ter maior dificuldade”, afirma o CEO, que destaca o foco em crescimento com preservação de rentabilidade.

Segundo ele, os números do 1T22 ainda têm impactos da pandemia, mas comprovam o otimismo da empresa para o restante do ano. “Estamos muito satisfeitos com a nossa estratégia, escalando os negócios que vão além do nosso ecossistema”, pontua Roberto Fulcherberguer.

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Empréstimo pessoal cresce de forma segura

André Luiz Calabro, Diretor Executivo de Soluções Financeiras da Via, diz que a empresa está atenta às situações macroeconômicas, mas que está segura em relação às soluções de empréstimos que tem feito.

“Estamos atentos e seguros não só em relação à inadimplência, mas observamos no primeiro trimestre e em abril a melhora nos indicadores de curto prazo, que são os indicadores de inadimplência das carteiras até 60 dias”, ressalta ele.

O CEO da Via, Roberto Fulcherberguer, ressalta que a expectativa é crescer ainda mais a carteira de crédito ao longo do ano, que até o 1T22 somou R$ 5,2 bilhões.

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Rentabilidade é destaque positivo, mas cenário é desafiador

Analistas do mercado avaliaram os resultados do 1T22 da Via como mistos.

A XP destacou que a Via apresentou um resultado sólido, com destaque para rentabilidade. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da Via ficou 13% acima do esperado pelos analistas da casa. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) apresentou uma melhora de 1,4 ponto na base anual, indo para 9,1%, beneficiada com maior controle de despesas de vendas, gerais e administrativas. Já a margem Ebitda ajustada foi de 10,2%.

A rentabilidade também foi o destaque no trimestre para o Itaú BBA, com margem Ebitda acima do esperado com redução de despesas.

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O GMV online cresceu 4% na base anual, impulsionado pela expansão do marketplace (3P), enquanto as lojas físicas mostraram alguma recuperação no trimestre, mas não suficiente para evitar uma queda de 2% na base anual nas vendas líquidas, para R$ 7,4 bilhões.

Para o Bradesco BBI, os resultados foram mistos porque, embora a margem Ebitda tenha surpreendido positivamente, o lucro líquido ficou apenas um pouco acima do ponto de equilíbrio e o crescimento do GMV (de 3% em base anual) foi baixo, abaixo do Mercado Libre (alta de 23%) e Americanas (projeção do BBI de avanço de 18% em base anual), em parte devido à maior exposição à categoria de eletrônicos e eletrodomésticos.

A XP e o Itaú BBA possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos, com o BBA possuindo preço-alvo de R$ 4,70, ou upside de 75%.

O Morgan Stanley, por sua vez, segue com recomendação underweight (exposição abaixo da média, ou equivalente à venda), “aguardando um cenário de receita mais favorável, juntamente com uma melhoria adicional da margem líquida”. O preço-alvo é de R$ 4, 48,7% acima do fechamento da véspera.

Segundo o Morgan, apesar dos números positivos de despesas gerais e administrativas, os analistas veem um cenário difícil persistindo para as categorias principais da Via, especialmente para a vertical de eletrônicos.

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