As 10 maiores altas e baixas de ETFs em abril

Fundos de índices de renda fixa e REITs lideram; criptomoedas e temáticos recuam

Katherine Rivas

(Shutterstock)
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Juros e ETFs? Parece uma combinação bastante improvável, mas quando a inflação entra em cena ninguém escapa. O movimento dos juros americanos e brasileiros impactaram diversos ativos do mercado financeiro em abril, surpreendentemente até os ETFs (fundos de índice) sentiram à flor de pele as mudanças na política monetária.

ETFs de renda fixa que garantem uma exposição a títulos públicos atrelados à inflação foram o destaque do mês, seguidos por ETFs de fundos imobiliários.

Apenas cinco ETFs fecharam abril no azul. No entanto, ETFs do segmento de REITs (Real Estate) e alguns de renda fixa que investem em títulos pós-fixados e prefixados também estavam entre os melhores desempenhos do mês, apesar de apresentar uma leve variação negativa.

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Na contramão, os ETFs de criptomoedas – que brilharam em março- ficaram entre os piores desempenhos de abril, acompanhando a diminuição do apetite ao risco dos investidores e um momento ruim no mercado de criptoativos.

ETFs temáticos e que replicam teses de tecnologia também sofreram perdas.

O novato WEB311 da gestora Hashdex, que acabou de chegar à Bolsa, já figura entre os piores desempenhos, recuando 21,75% em abril.

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No balanço de ETFs de abril, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento exclusivo feito por Einar Rivero com a plataforma TC/Economatica.

Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em abril:

ETF Retorno em abril 
B5P211 1,85%
GOLD11 1,63%
IMBB11 1,30%
XFIX11 0,10%
IB5M11 0,00%
IRFM11 -0,35%
ALUG11 -0,50%
B5MB11 -0,65%
URET11 -0,71%
FIXA11 -0,87%

Fonte: TC/Economatica

ETFs de renda fixa lideram

As mudanças na política monetária brasileira acabaram beneficiando os ETFs de renda fixa. Segundo Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, a percepção de que os juros brasileiros de longo prazo podem se estabilizar e a inflação ficar concentrada no curto prazo impulsionou o desempenho dos ETFs de renda fixa.

Os que replicam índices da família IMA-B – com uma cesta de títulos do Tesouro IPCA+ de diversos vencimentos- e capturam o movimento da curva de juros tiveram uma boa rentabilidade.

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“A mesma coisa aconteceu com os fundos imobiliários que são vistos pelo investidor como ‘títulos do Tesouro IPCA+ com gordura’.

O analista da Monett aponta que com uma possível queda na curva de juros de longo prazo, o desempenho dos fundos imobiliários melhora. Motivo que levou o ETF XFIX11 a valorizar 0,10% em abril.

Já a expectativa de que a inflação de curto prazo deve aumentar acabou puxando ETFs como o B5P211 – que oferece uma cesta com títulos do Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com juros semestrais, com vencimentos em até cinco anos. Este foi o melhor ETF de abril, com alta de 1,85%.

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Para conhecer os ETFs de renda fixa confira esta reportagem:

Qual é o melhor ETF de renda fixa? Com 7 opções na B3, analistas apontam os mais indicados para cada estratégia

Paletta acredita que o desempenho dos ETFs de renda fixa e os de fundos imobiliários deve continuar favorável no curto prazo.

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É a hora dos REITs

Após um tempo sumidos, os ETFs de REITs (Real Estate, equivalentes aos FIIs do mercado americano), voltaram ao radar e integram os melhores desempenhos de abril.

O ETF URET11, que segue o índice FTSE Nareit Equity REITS, teve leve queda de 0,71% no mês. Já o ALUG11, que replica o índice MSCI US IMI Real Estate 25/50, recuou 0,50%.

Ambos os ETFs oferecem ao investidor uma exposição a mais de 150 empresas do setor imobiliário americano, detentoras de diversas propriedades.

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Diferente dos fundos imobiliários, os REITs têm uma estrutura semelhante à de uma empresa, ou seja, são vistos como mais do que geradores de renda, importa também a sua valorização.

Segundo Felipe Paletta, da Monett, o desempenho dos ETFs de REITs acompanhou o movimento de inflação elevada e alta de juros nos Estados Unidos. “Historicamente os REITs têm um desempenho melhor do que o S&P 500 em momentos de alta da inflação”, afirma.

Ele explica que no começo do ano, os REITs estavam sofrendo com expectativa de alta dos juros americanos, mas os investidores voltaram a comprar os ativos fazendo uma leitura de que o mercado norte-americano está longe de passar por outra bolha.

“O preço dos imóveis e aluguéis está em alta, isso dá um conforto e fundamento melhor para que os REITs continuem performando bem”, destaca Paletta.

O URET11 tem taxa de administração de 0,38%, enquanto o ALUG11 apresenta uma taxa de 0,60% ao ano pela gestão.

Veja também:

Índice tradicional ou carteira diversificada? Confira as diferenças entre ETFs de REITs, os fundos imobiliários americanos, disponíveis na B3

Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em abril:

ETF Retorno em abril
QDFI11 -22,99%
WEB311 -21,75%
DEFI11 -20,13%
TECB11 -18,57%
SHOT11 -16,84%
BTEK11 -14,80%
BITH11 -14,02%
TECK11 -13,66%
ETHE11 -12,61%
HASH11 -12,41%

Fonte: TC/Economatica 

ETFs de criptomoedas vivem momento ruim

Com os juros dos Estados Unidos aumentando, o apetite ao risco dos investidores diminuiu e quem se deu mal foi o mercado de criptoativos. Em consequência, os ETFs da categoria acompanharam o movimento de queda em abril.

Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, aponta que o mercado de criptomoedas iniciou o mês com uma onda de otimismo e com um valor de mercado superior a US$ 2 trilhões. No entanto, após esse movimento de baixa, o mercado fechou o mês com um valor de US$ 1,75 trilhões.

ETFs de criptomoedas que acompanham teses de contratos inteligentes (smart contracts), finanças descentralizadas, bitcoin e ethereum sofreram juntos. Todos os ETFs da gestora Hashdex fecharam o mês no vermelho, enquanto o QDFI11, da gestora QR Asset focado no DeFi, recuou 22,99% e liderou as perdas de abril.

Helena avalia que estratégias como finanças descentralizadas e smart contracts acabaram sofrendo mais, pela percepção do investidor de que são teses mais arriscadas do que se expor a ETFs mais tradicionais, focados no bitcoin e ethereum.

“Ainda existe a possibilidade de que os ETFs de criptomoedas continuem nesse movimento”, avalia a analista.

Veja também:

HASH11 faz 1 ano e pode virar maior ETF do mercado em 2023, aponta CEO da Hashdex

Temáticos e techs perdem espaço

Além dos ETFs de criptomoedas, estavam entre as maiores quedas do mês ETFs ligados a teses de tecnologia e inovação.

Segundo Arthur Maria do Valle, fundador da consultoria Trendset e associado a Ohm Research, o motivo desses ETFs estarem entre os piores desempenhos do mês é pelo fato de serem temáticos. “Estudos acadêmicos mostram que ETFs temáticos não necessariamente desempenham melhor que ETFs de índices amplos”, explica.

Valle lembra que ETFs temáticos concentram as suas estratégias em setores específicos, ficando desta forma mais expostos às oscilações de mercado decorrentes de fatores macroeconômicos, como aumento da taxa de juros, inflação elevada, entre outros.

“ETFs temáticos não apresentam uma diversificação suficiente para que ocorra uma compensação de algum setor que está com desempenho ruim”, afirma.

Quando o mercado está em queda teses temáticas não se sustentam, segundo o especialista.

 

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.