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A história da Kinea começa em 2007, quando o Bank Boston foi vendido para o Itaú, em uma estrutura pouco conhecida no Brasil na época, mas que era comum em todo mundo: uma gestora independente que conta com a robustez de uma grande instituição financeira por trás.
A distribuição, a marca e suporte passaram a vir do Itaú – mas, segundo Marco Freire, sócio e gestor da Kinea, todo o processo de análise e investimento é próprio da gestora. A comunicação se dá em um comitê trimestral de sócios para alinhamento.
Freire e Ruy Alves, também gestor da Kinea, foram os convidados do episódio 57 do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.
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Alves reforça que a gestora tem uma cultura particular – e que, apesar de ter nascido com o vínculo com o Itaú, benéfico em diversos aspectos, busca ter seu próprio jeito de ser, pautado na mente aberta e na flexibilidade. Na sua visão, isso foi responsável por transformar a Kinea em uma das maiores gestores independentes do mercado brasileiro.
A Kinea surgiu como uma gestora de multimercados, mas ao longo do tempo se transformou em uma plataforma com diversas áreas de negócios. Hoje, conta com estruturas em ativos imobiliários, private equity, previdência, infraestrutura, ações, renda fixa, além dos multimercados já estruturados.
Dentro da célula de multimercados, Alves conta que a gestora trabalha com apenas um produto de base. Cada estratégia possui um nível de risco e liquidez e, por isso, operam com retornos potenciais distintos. Freire reforça a importância da diversidade de ideias, e comenta que, na estrutura multigestores, a chamada “meritocracia de ideias” é o pilar principal.
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A Inflação estrutural
A lista de riscos e pontos de atenção para o cenário macroeconômico atual é longa. Freire comenta sobre uma possível nova “guerra fria”, que vai gerar mais gastos por parte dos governos; uma potencial desglobalização, que pode separar o mundo em dois blocos; os desafios das políticas fiscais; e a transição verde, que não deixa de ser temática relevante.
Em linhas gerais, os gestores da Kinea até enxergam um arrefecimento da inflação durante o ano, mas acreditam que o assunto “escassez” ainda fará parte das principais temáticas do mundo.
“Quando o banco central americano começa a se preocupar com alguma coisa, a gente precisa se preocupar com outra coisa”, diz Freire.
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O movimento considerado tardio do Fed (Federal Reserve) levanta pontos de atenção em relação ao futuro das políticas monetárias, que gera incertezas aos investidores e leva a Kinea a manter posicionamento neutro em relação as ações globais.
Além disso, Freire reforça que o mundo passa por uma mudança de paradigma, que começou principalmente na crise de 2008. Em sua visão, o crescimento tende a ser menor nos próximos anos e vai demandar maior atenção na seleção de ativos.
Essas mudanças refletem, de acordo com Freire, na dinâmica do mercado. Até aqui, o que havia era um movimento desinflacionário e de juros baixos. Agora, estamos em processo de alta de juros e inflação estruturalmente mais alta. Os gestores também enxergam que a digitalização da economia evoluiu consideravelmente, mas isso não quer dizer que não existam oportunidades especificas nos ativos digitais.
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Sobre o primeiro trimestre de 2022, em que os fundos multimercados tiveram retornos elevados, os gestores creditam os seus às posições em commodities (em especial, o petróleo), nas apostas na alta de juros dos Estados Unidos e em uma visão mais construtiva para o Brasil.
Olhando para o futuro, Freire pontua que o medo da inflação no Brasil está consideravelmente exagerado e que essa visão, diferentemente do consenso do mercado, pode gerar oportunidades.
A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast estreou no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.