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Os resultados do quarto trimestre da Lojas Renner (LREN3), divulgados na noite de quinta-feira (17), não animaram os analistas de mercado.
A varejista registrou lucro líquido de R$ 415,8 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), cifra 17,5% superior ao registrado no quarto trimestre de 2020, mas alguns números foram vistos como bastante negativos.
Por um lado, as tendências da receita, que somou R$ 3,560 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, alta de 22% na comparação com igual etapa de 2020, foram consideradas positivas. Porém, as margens mais baixas ofuscaram esse dado positivo, fazendo com que algumas casas reduzissem as projeções para a ação da companhia, como o caso do Bradesco BBI, ou colocassem o papel em revisão, caso do Itaú BBA.
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A rentabilidade foi o destaque negativo. A margem Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, sobre receita líquida) ajustada atingiu 21,8% no período, baixa de 3,5 pontos percentuais frente a margem registrada em 4T20. A XP destacou os resultados mais fracos do que o esperado da varejista de moda, com as margens ainda pressionadas pela pressão de custos e investimentos na construção do seu ecossistema combinado à provisão de bônus feita no trimestre.
Desta forma, as ações iniciaram a sessão desta sexta-feira (18) em forte queda, chegando a ter perdas de 7,73%, a R$ 21,13.
Analistas do Bradesco BBI ressaltam que a Renner teve um bom desempenho de receita, que foi ofuscado pelas margens, pressão que já era esperada. Contudo, a contração em relação a 2019 foi maior do que esperado, mesmo após revisar as estimativas para baixo no final de janeiro.
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A maior preocupação é a margem bruta, que caiu 3 pontos percentuais em relação a 2019. A empresa havia sinalizado uma base de comparação difícil em 2019, mas a bandeira Renner teve a menor margem bruta do quarto trimestre em vários anos, o que significa que a inflação de custos (matérias-primas, frete e câmbio) tem cobrado seu preço (remarcação está em níveis historicamente baixos ).
Como consequência, os analistas reduziram a estimativa de margem bruta para 2022 – anteriormente esperavam alguma recuperação ano a ano, mas agora assumiram estabilidade. Assim, mantiveram a recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para Lojas Renner, mas cortou o preço-alvo de R$ 40 para R$ 37, ainda um potencial de alta de 61% em relação ao fechamento da véspera. Já o Itaú BBA colocou a ação da Lojas Renner em revisão devido à menor rentabilidade.
A visão negativa justificava a queda. Contudo, ao longo da tarde, as ações foram se recuperando ao longo da sessão e, ao final do dia, fecharam com salto de 5,46%, a R$ 24,15.
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Confira o gráfico da ação da Lojas Renner abaixo:
Além da alta do mercado em geral, com um impulso a mais para as ações de varejistas (e também construtoras) com os investidores ainda repercutindo a aproximação de um fim de ciclo de alta de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a teleconferência de apresentação dos resultados do quarto trimestre acabou gerando um maior ânimo para os investidores. Isso ao esclarecer certos pontos do balanço e direcionar os investidores sobre o caminho da companhia nos próximos meses.
Conforme destacou o Credit Suisse em breve nota, os executivos da companhia não trouxeram uma grande mudança na perspectiva, mas levaram sinalizações claras sobre as principais preocupações do mercado, que estava ansioso por saber mais detalhes sobre as despesas operacionais da companhia, os lucros e o uso dos recursos.
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Na teleconferência, Daniel Santos, CFO da Lojas Renner, afirmou que, em 2021, houve ganhos de eficiência digital, mas as despesas gerais e administrativas foram impactadas, atingindo patamares superiores àqueles anteriores à pandemia. Como fatores que explicam esse quadro, Santos destacou a inflação; lojas com produtividade ainda abaixo do usual por conta da pandemia; despesas com a ampliação do canal digital; e investimentos em um novo centro de distribuição.
Contudo, ele afirmou que a maturação do centro de distribuição deve gerar até 3 pontos percentuais em eficiência, e que os canais digitais também devem se tornar mais eficientes. Em 2022 e 2023, diz esperar que a empresa ganhe eficiência, de forma a chegar mais próximo dos níveis de 2019.
Fabio Faccio, CEO da varejista, afirmou ainda que as vendas em janeiro foram mais fracas por conta da propagação da variante Ômicron do coronavírus, mas que as de fevereiro e março vieram mais fortes.
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Ele vê como positivos os movimentos de governos estaduais e prefeituras de suspenderem medidas de restrição de mobilidade, que vêm levando a maior segurança do público e aumento das vendas. O executivo afirmou que as vendas da nova coleção de outono e inverno estão positivas.
Já Faccio afirmou que a alocação de capital em 2022 será bastante focada em crescimento orgânico. Ele afirmou que não há nenhum movimento concreto em fusões e aquisições, mas que elas são sempre avaliadas.
Além disso, destacou que o desempenho das lojas vem sendo especialmente bom entre as pequenas e médias, mais longe dos grandes centros. A empresa tem focado em projetos de lojas menores em locais em que não está presente, onde não há risco de canibalização de vendas de outras unidades, e há custos menores e ROIC (retorno sobre o capital investido) maior. Ele afirmou que as lojas continuam relevantes como pontos de venda, coleta, trocas e showrooms.
O Citi destacou que, durante a teleconferência, a Renner reforçou o seu perfil defensivo e lembrou os ganhos de fatia de mercado durante cenários macroeconômicos desafiadores, como em 2014 e 2015, assim como a importância das lojas físicas. “De fato, o seu plano de capex [investimentos de capital] para 2022 em R$ 1 bilhão envolve a abertura de 40 lojas (20 Renner, 10 Youcom, 5 Camicado e 5 Ashua)”, apontam.
Os analistas do banco destacam, como já mencionado acima, que as despesas impactaram o resultado, mas a dinâmica de vendas está melhorando e a companhia está com margens defensivas. Dessa forma, reforçaram a sua visão de compra para a ação da varejista, com preço-alvo de R$ 37. Assim, após um movimento de “pânico” no mercado na abertura, as ações foram amenizando também com as sinalizações dos executivos, que ajudaram a acalmar os ânimos dos investidores.
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