Mercado Livre (MELI34) é a ação top pick do Itaú BBA no e-commerce; Via (VIIA3) é rebaixada

Já as ações de Magazine Luiza e Americanas foram mantidas com recomendação equivalente à compra, ainda que com redução das projeções

Lara Rizério

(Crédito editorial: Leonidas Santana / Shutterstock.com)
(Crédito editorial: Leonidas Santana / Shutterstock.com)

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O Itaú BBA reiniciou a cobertura para as ações de varejistas com exposição ao e-commerce, reiterando preferência pelo Mercado Livre (MELI34). A companhia tem BDRs (Brazilian Depositary Receipts) negociados na B3, mas a recomendação é para os ativos MELI negociados na Nasdaq.

Os analistas da casa possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o ativo MELI, com preço-alvo de US$ 1.557,00, o que configura um potencial de alta de 43% em relação ao fechamento de sexta-feira (11).

O banco aponta que a empresa está nos estágios iniciais de monetização de seu negócio de comércio, gerando receitas crescentes de anúncios e fulfillment – termo, muito usado no e-commerce, que mostra que o estoque dos vendedores é gerenciado pelo próprio Mercado Livre, desde o armazenamento da mercadoria até a entrega para o cliente. Isso tanto no Brasil quanto no México, modelo então que deve continuar a apoiar as taxas e margens.

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Enquanto outros players estão se concentrando em proteger o caixa, investindo com mais responsabilidade no Custo de Aquisição do Cliente (CAC), o Mercado Livre se beneficia de sua enorme base de tráfego orgânico, mantendo a impressionante resiliência do crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) na região.

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Simultaneamente, o seu negócio de crédito no Mercado Pago está trazendo boas margens e qualidade, impulsionando também o quadro geral de rentabilidade.

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Ainda construtivos com Magazine Luiza e Americanas; Via rebaixada

Sobre os demais players de e-commerce, os analistas mantiveram uma abordagem construtiva em Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3), mantendo recomendação outperform, mas ajustando seus respectivos valores justos para baixo.

“Continuamos a assumir trajetórias crescentes de participação de mercado para ambos, mas agora em um ritmo mais lento.  Acreditamos que, no curto prazo, a ação do MGLU sofrerá mais, pois a empresa tem mais exposição a categorias que estão ciclicamente mais fracas hoje”, apontam os analistas, destacando a maior exposição a eletrodomésticos e eletrônicos.

O BBA prevê desaceleração no GMV do Magalu, o que deve afetar a receita. Contudo, avalia que os números de rentabilidade foram revisado para cima à luz de uma abordagem menos agressiva em algumas diretrizes da plataforma (por exemplo, preço e frete), impactando positivamente as margens brutas e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).

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“Considerando as vantagens competitivas da empresa relacionadas ao omnichannel, bem como a implantação de sua estratégia de ecossistema (ou seja, Super App), que deve ser capaz de suportar o crescimento da empresa no longo prazo, acreditamos que o Magazine Luiza será capaz de capturar uma parcela significativa da digitalização do varejo do país, mesmo com um cenário mais difícil à frente, como exemplificado por sua participação de mercado implícita de 22% em 2025 (versus 16% em 2020)”, avaliam os analistas da casa.

Para a Americanas, a expectativa do BBA é de que a Americanas acelere seus ganhos de market share (participação de mercado) nos próximos anos. Portanto, seguem com as estimativas de GMV online estáveis ​​em relação ao modelo anterior, em R$ 53 bilhões para 2022 e R$ 67 bilhões para 2023. Além disso, pela primeira vez incorpora nas estimativas as aquisições da Uni.co e Hortifruti Natural da Terra, ajudando as estimativas de receita, atingindo R$ 34 bilhões em 2022 e R$ 41 bilhões em 2023 (alta de 7% para 2022 e avanço de 8% para 2023 versus o modelo anterior).

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“No entanto, à luz de um ambiente competitivo mais difícil e prováveis ​​investimentos futuros em CAC, projetamos margens brutas pressionadas em relação às nossas estimativas anteriores, atingindo 30,6% em 2022 e 31,1% em 2023. Isso, aliado aos esforços de implantação do ecossistema de Americanas, que leva a maiores investimentos, implica em revisão para baixo para as margens Ebitda [Ebitda sobre receite líquida], atingindo agora 10,8% em 2022 e 10,9% em 2023 (versus projeção anterior de 13,1% e 15,9%, respectivamente)”, apontam.

Contudo, mesmo com um cenário difícil pela frente, os analistas acreditam que a resiliência das lojas físicas da empresa em tempos de turbulência,  a conclusão da fusão das operações e iniciativas como AME Digital, integração das fusões e joint venture com a Vibra (VBBR3), podem levar a novas oportunidades, destravando valor para os próximos anos.

Já para Via (VIIA3), o BBA aponta estar adotando uma abordagem mais conservadora à medida que a empresa digere a situação de contingência em antigos processos trabalhistas. Dessa forma, reduziu a recomendação de outperform para marketperform (em linha com a média do mercado)

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O banco atualizou seus números sobre a Via para incorporar os resultados recentes da empresa e o cenário mais difícil para o e-commerce que esperam para os próximos anos. A estratégia de foco em rentabilidade ao invés de crescimento, aliada a forte concorrência no mundo online, pode levar a um efeito negativo na sua participação de mercado no futuro.

“Isso, aliado a um cenário macro desafiador para a divisão física nos próximos trimestres, nos levou a mudar nossa recomendação”, apontam os analistas.

O preço-alvo justo para 2022 é de R$ 12 para MGLU3 (ainda um potencial de alta de 89% frente o fechamento de sexta-feira), de R$ 44 para AMER3 (upside de 35%), enquanto que o preço-alvo para Via é de R$ 4,70, ou potencial de alta de 14%.

Sobre o ambiente competitivo em geral, os analistas apontam que ele está cada vez mais complexo, com a Shopee sendo ainda o tema principal em nossa conversa com investidores. “A empresa alcançou uma notável penetração de 30% em smartphones no Brasil em janeiro de 2022, patamar que alcançado apenas pela MELI”.

Dito isto, embora o tráfego continue a aumentar, ainda é impulsionado principalmente por jogos dentro do aplicativo do Shopee, com baixa conversão para GMV, apontam os analistas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.