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O ETF 5GTK11 faz a sua estreia nesta quinta-feira (3) na Bolsa brasileira. Gerido pela gestora Investo, o fundo de índice chega ao mercado com 1.666 investidores, negociando as suas cotas com um valor inicial de R$ 100. Segundo a B3, este é o primeiro ETF focado nos segmentos de 5G e telecomunicações a ser listado na Bolsa, dentre os 59 ETFs de renda variável disponíveis ao investidor.
No Brasil, existem poucas empresas de capital aberto expostas à tecnologia 5G, que ganhou destaque com os leilões realizados no ano passado. Companhias como Vivo, Oi e provedoras regionais de internet – como Brisanet, Desktop e Unifique – são algumas das opções disponíveis para o investidor pessoa física. Há ainda a alternativa de investir em companhias no exterior e ETFs deste segmento nos Estados Unidos.
Foi esse o motivo que levou a Investo a olhar alternativas de investimento fora do País. “O setor de 5G no Brasil é muito pequeno ainda, por isso não está nos nossos planos ter um ETF desse segmento com empresas listadas no Brasil”, disse Cauê Mançanares, CEO da gestora Investo ao InfoMoney.
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Para garantir ao investidor brasileiro uma exposição ampla ao segmento de 5G, a Investo decidiu replicar outro ETF, o ETF FIVG (Defiance Next Gen Connectivity ETF), listado na bolsa de Nova Iorque desde abril de 2019.
O ETF FIVG tem cerca de US$ 1,3 bilhão sob gestão e, por sua vez, replica o índice BlueStar 5G Communications Index, que reúne uma cesta de ativos de cerca de 90 empresas envolvidas no desenvolvimento, implementação e serviços da tecnologia 5G.
Desta forma, quando o investidor adquire uma cota do ETF 5GTK11, da Investo, estará investindo no ETF FIVG que replica o índice BlueStar 5G com exposição a essas empresas do segmento.
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“Pela regulação, 95% do patrimônio do ETF 5GTK11 será investido em cotas do ETF FIVG, mas a Investo pretende aplicar entre 99,9% ou 99,8% dos recursos nele. O restante fica alocado em um fundo soberano de liquidez diária do BNP para fins de caixa”, explica Mançanares.
Embora existam pelo menos outros dez ETFs do segmento 5G listados nos Estados Unidos, o CEO da Investo explica que optou pelas cotas do FIVG por três fatores. O primeiro é o tamanho do ativo: o ETF tem quase US$ 1,3 bilhão sob gestão, superior ao patrimônio do ETF IVVB11, que replica o S&P 500, por exemplo.
O segundo motivo foi a liquidez e por último, a característica de ser um ETF de 5G “puro” – ou seja, que reúne empresas que estão de fato relacionadas ao 5G, e não apenas empresas de tecnologia ou comunicação.
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Cesta de ativos
Quem investe no ETF 5GTK11 está exposto à cesta de ativos do índice BlueStar 5G Communications Index.
No dia 2 de fevereiro, esta cesta era composta por 97 empresas. Os maiores pesos eram de Samsung, com 5,21% de participação no índice, seguida da Qualcomm, com 5,06%, e da American Tower, com 4,96%.
É possível encontrar também companhias como Advanced Micro Devices, Analog Devices, NXP Semiconductors, AT&T, Marvell Technology., Verizon, Apple e Amazon na carteira.
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Segundo a Investo, o índice BlueStar 5G reúne companhias de nove setores relacionados ao 5G, tais como: tecnologia de comunicação e dados (39,16%), operadoras de rede (16,93%), virtualização de rede (10,92%), tecnologia de cloud computing (9,71%), REITs (a versão americana dos fundos imobiliários) de torres 5G (6,3%), semicondutores para aplicação 5G (5,42%), otimização de rede (4,95%), fibra ótica (3,30%) e REITs de data center (3,27%).
A maioria das companhias presentes no índice (quase 84%) são dos Estados Unidos. Empresas dos Países Baixos, Suíça e Finlândia também lideram com 3,30%, 2,83% e 2,52% de representatividade, respectivamente.
Mançanares explica que o índice é rebalanceado semestralmente, em maio e novembro, quando algumas empresas podem entrar ou deixar a carteira do índice. Em caso de uma empresa interessante do segmento 5G abrir capital, esta pode ser integrada no índice sem precisar esperar o rebalanceamento.
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Para integrar a cesta de ativos do BlueStar 5G Communications Index existem alguns requisitos, por exemplo, ter uma capitalização de mercado de US$ 1 bilhão, para empresas dos segmentos de operador de redes e REITs, e um valor de mercado de US$ 150 milhões para os outros segmentos acima citados.
As companhias também devem ter um free float (ações em livre circulação no mercado, disponíveis a todos os investidores) de 10%.
O BlueStar 5G Communications Index precisa ainda reunir quatro grupos de empresas na sua composição: 40% do índice precisa estar alocado em empresa de core equipment (que trabalham com antenas, roteadores de rede, semicondutores para comunicação), 30% em REITs (empresas de torre de celular, data centers, fibra ótica), 15% em NFV (soluções de maximização de eficiência da rede) e 15% restantes em eMBB (chips para aparelhos) e cloud-core.
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Confira os dez ativos mais representativos do índice:
Empresa | Peso no índice |
Samsung | 5,21% |
Qualcomm | 5,06% |
American Tower | 4,96% |
Keysight Technologies | 4,71% |
Analog Devices | 3,78% |
Crown Castle | 3,75% |
Marvell | 3,21% |
Equinix | 3,15% |
NXP Semiconductor | 2,74% |
Infineon Technologies | 2,65% |
Fonte: Investo. Dados até 02/02/2022*
5GTK11: custos e dividendos
Ao comprar cotas do ETF 5GTK11, o investidor estará sujeito a uma taxa de administração total de 0,78% ao ano. Esta taxa é composta por duas variáveis: uma taxa de 0,30% do ETF original, o FIVG, e a taxa cobrada pela Investo, pela gestão passiva do fundo, de 0,48%. Os planos, segundo Mançanares, são de reduzir a taxa de 0,48% conforme o fundo aumente o volume de negociação.
Além desta taxa, o investidor está sujeito ao imposto de renda que é de 15% sobre o ganho de capital ou 20% em caso de lucro com operações de day trade.
O investidor também não recebe dividendos do ETF 5GTK11, quando pagos pelas empresas. Os proventos são reinvestidos automaticamente no fundo, sendo possível ter um ganho indireto com a valorização do patrimônio e das cotas.
“Suponhamos que a cota custa R$ 100 e o dividendo pago por cota seria de R$ 2. No lugar do investidor receber o provento, ele verá a sua cota crescer para R$ 102”, exemplifica o CEO da Investo.
Vale a pena?
Segundo analistas consultados pelo InfoMoney, o ETF 5GTK11 pode ser uma alternativa de se expor ao segmento 5G, com diversificação regional e sem precisar encarar o risco de escolher um ativo do setor de forma errada.
Para Vitor Aguiar e Hugo Queiroz, analista e diretor do TC Matrix, é importante o investidor ter uma parcela do segmento 5G na carteira porque o setor deve se beneficiar com tickets médios maiores e a eficiência dos players a curto e médio prazo. No entanto, também existem riscos, como o surgimento de novas tecnologias, por causa da dinâmica do mercado.
Entre os pontos positivos do ETF 5GTK11, eles destacam a diversificação de empresas, segmentos relacionados ao 5G e também a diversificação geográfica. “O investidor estará exposto à tese do 5G e telecom, e não a empresas específicas”, destacam.
Já entre os pontos negativos, eles citam a performance do fundo de índice que pode ser pior do que o desempenho de algumas companhias presentes na cesta de ativos.
Eles também apontam que o ETF tem um peso maior em empresas dos Estados Unidos, um dos líderes da corrida do 5G, além de exposição a China, com 1% de peso na cesta de ativos.
Bernardo Guttmann, analista de Tech, Media e Telecom (TMT) da XP, destaca que o ciclo de adoção e penetração do 5G pode ser mais lento do que esperado, especialmente no caso de inovações que requerem uma infraestrutura mais complexa – como aparelhos 5G ou carros autônomos.
“Para ter todos os benefícios do 5G, você precisa ter um data center próximo ao local de consumo”, explica. Implementar tudo isso na rede pode levar muito mais tempo. Neste cenário, Guttmann avalia que escolher o player vencedor na cadeia 5G não é tarefa fácil.
“No ETF da Investo, tem algumas empresas de fibra, microprocessadores, torres, cloud, operadoras de telefonia, uma cadeia grande e complexa. Nesse sentido o ETF pode ser interessante”, comenta.
Riscos
Como todo ativo de renda variável, nem tudo são vantagens. Existem também riscos que devem ser observados pelo investidor que pretende comprar o ativo.
Entre os principais está valorização cambial, pela sua exposição a ações americanas cotadas em dólar. Além disso, há o risco das próprias empresas que integram o ETF. Um desempenho ruim de uma delas também afeta o fundo de índice, embora o risco seja inferior ao de investir nas empresas diretamente.
“No ETF você está investindo apenas no direcional do 5G. Terão empresas bem sucedidas e outras, nem tanto”, reforça Aguiar do TC Matrix.
Outras formas de se expor
Para quem não gosta da ideia de investir via ETFs no segmento 5G, os analistas consultados pela reportagem citam algumas companhias.
Segundo Bernardo Guttmann, da XP, as que arremataram os maiores blocos de leilão 5G em 2021 foram a Vivo (VIVT3) e a Tim (TIMS3). Já entre as provedoras regionais a mais agressiva foi a Brisanet (BRIT3).
Além destas, os analistas do TC Matrix citam Oi (OIBR3), Desktop (DESK3) e Unifique (FIQE3).
No exterior também existem alternativas, tais como Verizon (VERZ34), AT&T, Skyworks (S1SL34).
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