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Pouco impactados pela Selic, Investimentos Alternativos no Brasil ainda recebem só 5% de aportes institucionais

Nos Estados Unidos, fundações trocam liquidez por retorno elevado e percentual destinado a esta categoria de ativos chega a 23%

MoneyLab

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O objetivo de qualquer estratégia de investimento é buscar o melhor retorno possível, dentro de um determinado nível de risco que está disposto a aceitar. No processo de escolha de onde investir os recursos, a liquidez do ativo – facilidade em resgatar o valor investido – para muitos é determinante mesmo que o retorno projetado seja menor.

Na ponta contrária, estão os chamados Investimentos Alternativos, de menor liquidez e alto retorno. Nos Estados Unidos, esta categoria de ativos vem ganhando espaço nas carteiras dos investidores institucionais, mas no Brasil o avanço ainda é tímido e se dá de outra maneira.

Na categoria de Investimentos Alternativos estão produtos como fundos de Private Equity (PE), que investem em empresas não listadas na bolsa e participam da gestão, Real Estate (imobiliário), fundos de Infraestrutura, e alguns tipos de produtos de crédito privado.

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“São produtos em que o investidor troca liquidez por um retorno maior no longo prazo”, explica Bruno Zaremba, sócio e head de Private Equity e Relação com Investidores da Vinci Partners, uma empresa brasileira que se tornou referência em Investimentos Alternativos no Brasil, hoje com R$ 58 bilhões sob gestão*.

“A diferença de participação destes produtos nas carteiras dos institucionais brasileiros, comparados ao do exterior, ainda é muito grande.”

O percentual alocado em produtos Alternativos pelos fundos de pensão norte-americanos, segundo o Preqin Special Report do final do ano passado, saltou de 13% para 23% das carteiras entre 2010 e 2020, com destaque para Private Equity e Real Estate.

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Os fundos de pensão públicos, ainda significativamente sub alocados nesta categoria, planejam aumentar a exposição a estes ativos porque as necessidades de retorno das instituições não são atendidas pela renda fixa tradicional.

A taxa de retorno média presumida dos planos de pensão estaduais é de 7%, enquanto o rendimento de títulos públicos de 30 anos é de 2,5%. Pesquisa revelou que 79% dos fundos norte-americanos pretendem, até 2025, elevar os aportes em Private Equity, e 67% em dívida privada.

No Brasil, além do percentual dos recursos dos fundos de pensão alocados em Alternativos ser de apenas 5%, o crescimento desta categoria tem se dado de outra maneira, conforme explica Zaremba. “No mercado americano, a indústria se desenvolveu puxada por fundos cujo retorno vem do ganho de capital, como Private Equity e Venture Capital, que aqui tem participação pequena. No Brasil, foram os fundos de ativos performados, ou de renda, que saíram na frente.”

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Neste grupo, de ativos de renda, estão fundos imobiliários, de dívida, de infraestrutura, desde que de projetos prontos (performados), ou com ações pagadoras de dividendos. O que determina esta diferença, explica o executivo da Vinci Partners, é também o viés de liquidez do investidor brasileiro.

“Os fundos de renda têm retorno menor, mas são mais líquidos, quando comparados com os fundos de ganho de capital que podem render inflação mais 20% ou 25% ao ano.”

Outra diferença importante entre fundos alternativos de renda ou de ganho de capital é a correlação maior com a taxa de juro de curto prazo.

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No grupo de ganho de capital, se o juro real brasileiro (Selic menos inflação) sai de 2,5% para 5,5%, não faz muita diferença para produtos como fundos de Private Equity, cujo retorno pode ultrapassar 20% real ao ano.

Baixo impacto da Selic

“O movimento atual de aumento da Selic no Brasil em nada afeta a boa atratividade destes produtos”, explica Bruno Zaremba. Se for um fundo de renda, como o imobiliário, que paga inflação mais 7% ou 8% ao ano, quando o juro sobe há uma reprecificação dos ativos.

“Por isso passamos por um momento mais desafiador para os imobiliários, mas é um ajuste ao novo ambiente e após a reprecificação eles voltam a ser interessantes. Tem fundos imobiliários da Vinci pagando dividendo de 10% ao ano e protegidos da inflação, que corrige os aluguéis, além de serem isentos de IR.”

Nos fundos geridos pela Vinci Partners, tem havido a captação de recursos de investidores institucionais, mas aquém da possibilidade por um conjunto de razões, que incluem um certo conservadorismo das fundações, políticas de investimento voltadas para outro momento de mercado, além de alguns aspectos regulatórios.

“Se um título federal de maior prazo, como uma NTN-B de 10 anos, oferece um retorno que supera a meta atuarial de 5%, mesmo com um nível mínimo acima, ele prefere não arriscar”, pontua o executivo, lembrando que nos últimos anos, com juro baixos, muitos institucionais e também pessoas físicas começaram a investir em produtos Alternativos buscando maior retorno.

Nos últimos anos, os fundos de Private Equity, de Infraestrutura e de Real Estate geridos pela Vinci começaram a receber aportes de institucionais. “Este é um momento de teste do conceito no Brasil, em que parte da carteira está sendo composta por Alternativos. Com os retornos chegando e os bons gestores se destacando a tendência é crescer”, avalia Zaremba.

Se um investidor tem 20% da carteira em PE, por exemplo, com retorno de 30% ao ano, só com esta alocação o retorno adicionado ao portfólio é de 6%.

“Os limites definidos pelas fundações em seus regulamentos para investir em produtos estruturados é baixo, algumas vezes até abaixo do que o regulador exige no Brasil. Tem um certo conservadorismo”, comenta Roberto Leuzinger, sócio da Vinci Partners.

Na gestora, referência em Investimentos Alternativos no Brasil, os números de captação de seus produtos confirmam esta realidade. Na área de mercado privado, que engloba Private Equity, Imobiliário e de Infraestrutura, os fundos captaram neste ano mais de R$ 2 bilhões.

No último fundo de Private Equity da Vinci, o VCP III, a captação chegou a R$ 4 bilhões que foram investidos em setores como alimentação, saúde, telecomunicações e serviços financeiros. Apenas R$ 150 milhões vieram do institucional local.

O restante é de fundações de fora do país, com 60% de participação, e pessoas físicas que aportaram R$ 500 milhões no fundo. “O interesse do institucional local deveria ser pelo menos igual à pessoa física”, afirma Zaremba.

A Vinci Partners tem uma área destinada a estruturar soluções de investimento para os Institucionais, normalmente demandada por clientes que buscam aportar recursos em crédito, hedge funds ou private equity.

“Nós desenhamos a estratégia de investimento e vamos ao mercado selecionar os melhores gestores, incluindo nossos fundos e de outros players. É um modelo de arquitetura aberta na escolha dos produtos e alocação que fazemos para eles.”

Este ano, a área de Soluções de Investimento da Vinci Partners captou R$ 6 bilhões. “Hoje, eles ainda têm interesse em produtos Alternativos mais líquidos, como fundos de crédito e hedge funds. Vai chegar o momento em que os fundos de pensão brasileiros terão uma participação maior em Alternativos de forma geral. Atualmente, temos mais fundos de pensão estrangeiros como clientes do PE do que os locais, que falam a nossa língua, conhecem melhor a realidade do país e não correm risco cambial ao investir em Alternativo”, pontua Zaremba.

Conheça mais sobre as áreas de negócios da Vinci Partners em vincipartners.com.

*Data-base das informações do site: setembro/21 | O AuM é calculado com dupla contagem, incluindo fundos de um segmento que investem em outros segmentos. Não há dupla contagem para fundos cogeridos por dois ou mais segmentos de investimento da Vinci Partners.

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