Novo plano da Petrobras é “sóbrio” e “sem surpresa”, mas dividendos são destaque

Companhia deve distribuir um dividend yield de 20% ao ano, podendo aumentar a depender do preço do petróleo

Vitor Azevedo

Petrobras (Foto: Mario Tama/Getty Images)
Petrobras (Foto: Mario Tama/Getty Images)

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou na noite desta quarta-feira (25) o seu plano de investimentos para os próximos cinco anos. A quantia que a estatal pretende investir passou por uma revisão, com um alta de 24%, ou US$ 13 bilhões, frente às projeções antigas, chegando a US$ 68 bilhões. Mesmo com a alta, analistas definiram o plano como sóbrio e sem grandes surpresas.

Durante a tarde, as ações da Petrobras operavam com ganhos de 3,82% a ON e de 3,84% a PN, enquanto o Ibovespa subia 1,21%.

Veja Também: Cobertura da apresentação do plano estratégico da Petrobras no Bolsa Ao Vivo

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O Credit Suisse chamou a atenção para o alto dividend yield que a companhia promete pagar – em cinco anos, a quantia a ser distribuída, segundo projeção que leva em consideração o petróleo Brent cotado em média a US$ 55, deve ser de algo entre US$ 60 milhões e US$ 70 bilhões, um retorno de 20% sobre o preço do papel ao ano.

“Os dividendos anuais esperados a serem pagos pela empresa somam rendimento de US$ 13 bilhões (20%), mas pode ser mais se o Brent de longo prazo de US$ 60 por barril se materializar contra os US$ 55 por barril da empresa”, disse o Bradesco BBI.

O plano reforçou a visão do banco de que provavelmente ocorrerá um pagamento extraordinário de dividendos neste ano.

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Mais dividendos

Ao detalhar o plano estratégico da estatal para 2022-2026, no Investors Day, nesta quinta-feira (25), a diretoria reforçou que pretende distribuir entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em dividendos nos próximos seis anos.

Do valor total, a expectativa é que entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões sejam pagos à União, que é a acionista controladora da companhia.

A política de dividendos da Petrobras reflete não só o aumento da governança da estatal, mas também é reflexo do atingimento da meta de endividamento que permite a empresa trabalhar com mais previsibilidade, mas por outro lado demanda também mais flexibilidade.

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Rodrigo Araújo Alves, diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras destacou entre as principais motivações para aprimorar a política de remuneração aos acionistas a dívida do 3º trimestre abaixo dos US$ 60 bilhões – considerada patamar alvo, e não como teto.

Além disso, há ainda a expectativa de maior previsibilidade com a remuneração mínima anual e investimento da fórmula de fluxo de caixa livre para contemplar o bônus de assinatura de leilões, além de um comprometimento com a melhor alocação de capital.

A expectativa da Petrobras é pagar dividendos trimestrais, com eventuais pagamentos extraordinários. Isso ocorrerá desde que os dividendos não comprometam a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo.

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Segundo Rodrigo Araújo Alves, o plano estratégico de 2022-2006 é equilibrado entre distribuição de fluxo de caixa de investimentos, distribuição de dividendos e manutenção da dívida.

“Para uma companhia que chegou a pagar US$ 8 bilhões de despesas por ano, temos hoje um plano mais saudável pelo esforço de desalavancagem do último ano”, destaca ele.

Petrobras acena para mudança de matriz energética

Pela primeira vez, o Plano Estratégico da Petrobras trouxe a possibilidade de a estatal diversificar seus negócios para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. A iniciativa de assumir maiores compromissos ESG e com a descarbonização foi destacada pelo banco suíço.

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O Bradesco BBI também apontou os “esforços evidentes” da empresa em reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, que ficaram em US$ 2,8 bilhões, e afirmou que a alta dos investimentos em exploração e produção (E&P) era esperada, também por conta da alta do Brent – o braço ficou US$ 57 bilhões dos aportes, ou 82% do total.

Pré-sal continua sendo grande foco

Apesar dos avanços em investimentos em ESG, apontados pelos dois bancos, o pré-sal continua sendo o grande foco para os aportes da companhia, o que não gera surpresa, uma vez que vem gerando bons resultados – “Os ativos de longo ciclo do pré-sal permitem uma sólida remuneração aos acionistas, mesmo após grandes investimentos em exploração, desenvolvimento e produção”, comentou o BBI.

O foco no pré-sal, entretanto, reduziu levemente a previsão do Credit Suisse para o Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) da Petrobras – o processo de desinvestimento em outros setores, com venda de ativos (refinarias, por exemplo), fez a companhia reduzir a sua projeção de produção de 2,3 milhões de barris por dia para 2,1 milhões.

O caixa dos desinvestimentos, porém, compensa a baixa da produção, segundo o banco, gerando caixa – se todas as vendas de ativos se consolidarem, a Petrobras deve gerar US$ 10,8 bilhões nos próximos anos.

Com isso, espera-se que a companhia consiga ainda reduzir a sua dívida líquida em algo entre US$ 10 bilhões ou US$ 15 bilhões. “O que significa que o rendimento do fluxo de caixa do acionista (FCFE, na sigla em inglês) é ainda maior, em cerca de 25%”, apontou o CS.

O BBI manteve recomendação de outperform para a Petrobras, com preço-alvo de R$ 42, frente à cotação de quarta-feira (24) de R$ 28,37. O Credit Suisse também manteve recomendação outperform para os ADRs da petroleira, com preço-alvo em US$ 14, ante US$ 10,48 no fechamento de Nova York de ontem.

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