O aumento da mistura de álcool na gasolina pode fazer o rendimento do motor cair?

Para especialista, apesar de o consumo de combustível poder subir, consumidor não sentirá impacto no motor, nem bolso

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A quantidade de álcool misturada à gasolina passará de 20% para 23% a partir do dia 20 de novembro. Além da dúvida quanto à diferença que isso fará no preço do litro do combustível, fica mais uma questão no ar: o rendimento do motor será afetado?

O governo autorizou a nova mistura na quarta-feira (31), atendendo pedido de usineiros. A polêmica em torno do preço consiste no seguinte: o derivado da cana-de-açúcar é mais barato que o de petróleo, então se pressupõe que aumentar sua proporção no combustível pressionará o preço.

Por outro lado, a alta no consumo da substância pode acabar impulsionando o valor, por causa da lei da oferta e da procura.

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Efeitos da nova mistura no rendimento

Outro ponto chama a atenção: além da diferença das matérias primas, um dos fatores que fazem com que a gasolina seja mais cara que o álcool é o fato de que o segundo rende menos.

Partindo dessa premissa, o consumidor pode concluir que aumentar sua quantidade por litro implica em rebaixar o rendimento do motor, queimar mais combustível por quilômetro rodado e, conseqüentemente, elevar os gastos na hora de abastecer.

Segundo Antônio Moreira dos Santos, professor de Termodinâmica e Motores da
Escola de Engenharia de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo), não há motivos para se preocupar quanto a isso.

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Diferenças não serão perceptíveis para motorista

Ele explica que a mudança da porcentagem de adição de álcool é muito pequena. Um dos efeitos pode ser um leve aumento no consumo de combustível pelo motor, que “não passará de 0,5%, com certeza”. Nos carburados, os mais antigos, pode ocorrer também uma suave queda de potência.

Já nos mais modernos, de injeção eletrônica ou flex, em que o motor se adapta ao combustível, a potência pode, inclusive, aumentar. Isso porque o álcool é mais anti-detonante, ou seja, evita batida de pino, aumentando o ponto de ignição.

De qualquer forma, Santos acrescenta que “qualquer diferença que possa haver não será perceptível para o motorista, podendo ser observada apenas em equipamento de teste de motores”. Mesmo se pensando no longo prazo, o gasto total com abastecimento do carro também não deve ser alterado para o consumidor por conta dessa medida.