Florestas, automação e semicondutores: conheça as apostas para 2022 da Pimco, que vê inflação como maior risco

Geraldine Sundstrom avalia que os os bancos centrais foram mais tolerantes com a alta de preços para que a retomada não fosse impactada na pandemia

Bruna Furlani

(Gerd Altmann/Pixabay)
(Gerd Altmann/Pixabay)

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SÃO PAULO – Os gargalos nas cadeias produtivas e a injeção de estímulos monetários durante a pandemia ajudaram a fazer com que o fenômeno da inflação, que não era comum em países desenvolvidos, passasse a assombrar agentes financeiros ao redor do mundo. A alta de preços é hoje o maior risco para os mercados em 2022, na visão de Geraldine Sundstrom, gerente de portfólios e diretora-gerente da Pimco, gestora internacional com US$ 2,2 trilhão sob gestão.

“A questão é que a inflação continua a subir e o núcleo da inflação não deve baixar até o fim de 2022. A pergunta agora é o que o Fed [Federal Reserve, banco central americano] vai fazer”, disse, durante o evento Macro Vision 2021, organizado pelo Itaú Unibanco, nesta quinta-feira (11). “O problema é se o Fed pressionar muito o acelerador. Por isso, nós estamos monitorando a inflação”.

Para a executiva, a alta de preços é mais temporária do que o mercado avalia agora – mas, ainda assim, deve durar por um período mais longo do que o previsto anteriormente. O ponto, segundo ela, é que mesmo diante de pressões inflacionárias, as autoridades monetárias adotaram uma postura um pouco diferente do usual na pandemia.

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Geraldine avalia que os os bancos centrais foram mais tolerantes com o avanço da inflação justamente para que o processo de retomada econômica não fosse prejudicado, à medida que a crise sanitária melhorasse ao redor do mundo.

Ainda que o avanço da inflação e a consequente necessidade de uma política monetária mais inclinada ao aperto de juros costumem atrapalhar a expansão da atividade econômica, o cenário-base da gestora não é de estagflação global – em que o crescimento econômico é baixo, acompanhado de elevação da taxa de desemprego e de um aumento contínuo de preços.

Em sua justificativa, Geraldine diz que o processo de normalização das economias não terminou totalmente e que ainda há uma série de estímulos que estão sendo feitos para reanimar a atividade ao redor do mundo. Além disso, ela explica que a transição para uma sociedade mais verde está aumentando o nível de investimento e provocando a redistribuição de riquezas, o que tende a gerar maior crescimento.

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Maiores apostas para 2022

Ao ser questionada sobre maiores apostas para o ano que vem, a executiva da Pimco disse que os casos de maior sucesso vão estar em ações de empresas com investimento forte em florestas, automação e semicondutores.

Ela explica que, no primeiro caso, com o mundo almejando emissão zero de carbono, a produção das florestas vai trazer respostas em termos de reutilização de plástico e de outros produtos poluentes. Mesmo sem citar exemplos de companhias, ela disse que esse é um setor em que as companhias não estão precificadas nas bolsas para essa nova era.

Na sequência, um setor de destaque deve ser o de automação. Geraldine diz que um dos grandes temas que têm pautado os presidentes das companhias é sobre como tornar os trabalhos mais autônomos, fazendo maior uso de máquinas e menos de humanos. Para ela, dentro desse cenário, o destaque ficaria por conta de companhias de radares, sensores e carros autônomos, que devem ganhar maior importância nos próximos anos.

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Destaque também para o setor de semicondutores. A executiva da Pimco ressalta que a escassez desse tipo de produto deve seguir por mais tempo. Isso porque, segundo ela, a nova era é mais tecnológica e, por isso, precisará de mais semicondutores. O problema, diz, é que ainda não é possível precisar quanto será consumido.

“Carros autônomos, compartilhamento em nuvem, eficiência energética, tudo isso utiliza muitos semicondutores. Vamos precisar de mais semicondutores e como a indústria é bastante concentrada e não há muitas no mundo, os valuations que vemos ainda não estão levando em conta esse cenário”, diz.

“Levando isso em consideração, a indústria de semicondutores pode crescer 20 vezes mais, e os preços podem ficar bem mais altos”, avalia.

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Criptomoedas

De olho nas inovações, um dos temas que têm sido vistos com maior atenção pela Pimco é o das criptomoedas. Ao ser questionada sobre os criptoativos, a executiva disse que uma parte da gestora começou a investir, mas ainda com pequenas alocações, sem entrar em detalhes sobre os ativos de sua preferência.

“Estamos engatinhando nisso neste momento. Nós acreditamos que é algo que é preciso ir com calma e cuidado, porque é muito volátil e bastante afetado por mudanças em regulação, como vimos na China”.