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SÃO PAULO – A Hashdex é uma gestora de criptoativos fundada em 2018 por um trio de brasileiros que busca conectar esta nova classe de ativos ao mercado financeiro regulado. Pioneira em várias frentes deste segmento, ela lançou o primeiro ETF de criptos do mundo em 2020 e estreou no mesmo ano esta categoria no Brasil e na América Latina com o lançamento do HASH11.
Os três anos de estrada podem parecer pouco para uma empresa do mercado financeiro, mas, no mundo das criptomoedas, é suficiente para transformá-la em veterana: a companhia nasceu quando a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) sequer havia regulamentado a comercialização de fundos de cripto no Brasil e todos os bitcoins somados valiam cerca de US$ 250 bilhões, quase um quinto do atual.
A história da Hashdex
Na época, o mercado vinha de uma queda de cerca de 50% após uma explosão de projetos que haviam animado investidores, mas acabaram não vingando. Eles iam de Ofertas Iniciais de Tokens (ICO, na sigla em inglês) suspeitas a criptomoedas como a Bitconnect, que chegou a ser uma das primeiras do ranking global antes de ser revelada uma pirâmide.
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“Eu estava muito mais preocupado em não investir nos [projetos] que davam errado e encontrar os que davam certo”, relembra Marcelo Sampaio, cofundador e CEO da Hashdex. Ele conta, no entanto, que começar em meio a um mercado de baixa deu à empresa a oportunidade de encontrar seu ritmo e não se ver obrigada a acompanhar o frenesi característico de um bull market.
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A calma veio da certeza obtida anos atrás, de que aquilo tudo era não só o futuro das finanças, como não se tratava apenas de Bitcoin (BTC). Sampaio conheceu o BTC em 2011, enquanto navegava por fóruns na internet recheados de entusiastas que discutiam se a cripto era ou não uma moeda. O fascínio por este mundo novo foi imediato.
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“Muito cedo vi que blockchain e redes descentralizadas poderiam fazer muito mais do que apenas meio de pagamento e dinheiro digital”, diz. Para ele, já estava claro que o potencial estava não só no Bitcoin, mas na tecnologia que criava um incentivo imbatível para redes.
“Chegou uma hora que eu queria investir dinheiro de verdade, mas de um jeito que o meu contador não iria querer me matar”. No entanto, investir em cripto não era simples, ao menos não para quem se preocupava em seguir a regulamentação existente na época.
Após longa carreira na área de tecnologia no Vale do Silício na Microsoft e Oracle, além de experiência em investimentos, Sampaio começou a estudar os produtos de cripto existentes no mercado e descobriu que nenhum era suficientemente bom.
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Com uma lacuna a ser preenchida, ele foi atrás de Bruno Caratori, que vinha de Stanford e havia sido head de risco da Gávea, e de Thiago Costa, PhD em Matemática Aplicada por Harvard, para fundar a empresa que buscaria resolver este problema.
HDAI: surge um índice de criptomoedas
A Hashdex começou nos EUA e logo focou seus esforços para criar produtos para aquele mercado. O desafio que se impôs logo de cara era característico de um meio inexplorado: como investir em cripto sem saber qual será o vencedor? Sampaio se deu conta de que, para evitar cair em armadilhas, precisava de um índice focado no mercado cripto.
“Eu me vi fazendo um índice na mão e falava para o Stefano [Sergole, diretor de distribuição da Hashdex]: cadê o S&P de cripto? Alguém tem que fazer isso”, conta, em referência ao S&P 500, principal índice do mercado de ações americano. “A gente queria ser o asset manager [gestora de ativos] e não provedor de índice”.
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As circunstâncias logo mudaram o rumo inicial da empresa e, após busca intensa pelos poucos especialistas em índices do mundo, surgiu o Hashdex Digital Assets Índice (HDAI), que mais tarde seria a referência dos fundos passivos da gestora oferecidos no Brasil.
O ambiente regulatório no país natal dos fundadores era mais favorável, o que acabou criando as condições ideais para o início de uma operação que havia nascido para ser global.
Essa vocação apareceria de novo em 2021, quando o índice HDAI foi substituído pelo Nasdaq Crypto Index (NCI), criado em conjunto com a Nasdaq, e que hoje serve de guia para o HASH11, o primeiro ETF de cripto do Brasil.
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Leia também:
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ETF cripto: HASH11
A Hashdex lançou, em fevereiro de 2021, o Hashdex Nasdaq Crypto Index ETF, primeiro fundo de índice de criptomoedas, negociado na Bolsa de Valores de Bermuda. Mas, seu principal produto veio um mês depois, dessa vez na brasileira B3.
Trata-se do HASH11, que é um fundo de índice negociado no Brasil e regulado pela CVM que replica o NCI, composto por uma cesta de criptoativos recalculada a cada três meses e que busca representar os principais ativos do mercado. Em outubro de 2021, ela tem a seguinte configuração:
- Bitcoin (BTC): 66,34%
- Ethereum (ETH): 29,93%
- Litecoin (LTC): 0,89%
- Chainlink (LINK): 0,72%
- Uniswap (UNI): 0,59%
- Bitcoin Cash (BCH): 0,58%
- Filecoin (FIL): 0,54%
- Stellar (XLM): 0,41%
A gestora também tem outros dois ETFs, o BITH11 e o ETHE11, que investem 100% em Bitcoin e Ethereum, respectivamente, além de quatro fundos com exposição a criptomoedas e que contam com patrimônio de mais de R$ 1,7 bilhão.
Aporte milionário
Em maio de 2021, a Hashdex levantou US$ 26 milhões em rodada de financiamento liderada pela Valor Capital com a participação de nomes como Softbank, Coinbase Ventures, Globo Ventures, além de Igah, Alexia VC, Fuse, Endeavor Scale Up Ventures, Norte Ventures e do já investidor Canary.
Desde então, a empresa investe na sua expansão, e confessa que o mercado profissional está mais difícil do que antes pela alta necessidade de pessoal especializado aliada à concorrência de outras empresas do setor.
Além disso, a empresa tem foco na internacionalização, deixando claro que o Brasil foi apenas o mercado inicial. A aposta está na parceria com a Nasdaq, que escolheu a Hashdex para levar sua marca para o mundo.
“A Hashdex nasceu para ser global, inclusive nossos investidores investiram nisso. Vamos seguir para outros mercados”, explica o CEO em meio a uma viagem de negócios para Nova York.
Em outubro de 2021, a Hashdex conta com R$ 4,3 bilhões em ativos sob gestão e mais de 250 mil cotistas, enquanto o ETF HASH11 é o terceiro maior do Brasil em número de investidores.
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