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SÃO PAULO – O gigante de e-commerce Mercado Livre (MELI34) e o fundo de investimentos Kaszek patrocinam uma nova companhia de investimento. A Special Purpose Acquisition Company (SPAC) se chama MELI Kaszek Pioneer Corp, e protocolou uma oferta pública inicial (IPO) na bolsa americana de valores Nasdaq. Serão 25 milhões de ações ordinárias Classe A, a um preço inicial de US$ 10 por ação.
O objetivo da nova companhia de investimento é “acelerar o desenvolvimento do ecossistema digital na América Latina”, segundo comunicado sobre o lançamento da SPAC. A companhia tem um “cheque em branco” para investir em uma empresa de tecnologia na região. A MELI Kaszek Pioneer Corp pretende concluir a aquisição dessa empresa-alvo em até dois anos após o IPO.
O veículo é o quinto SPAC de olho em tecnologia na região (Softbank, Valor Capital, Alpha e XP lançaram iniciativas). A expectativa é de que o “MEKA” (código de negociação do SPAC) seja precificado em até duas semanas.
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Mercado Livre e Kaszek têm uma história em comum. O Kaszek foi criado em 2011, após Hernan Kazah e Nicolas Szekasy saírem do Mercado Livre. Os antigos COO e CFO da gigante de comércio eletrônico uniram seus sobrenomes para criar o fundo. O objetivo é usar a experiência pioneira na internet para fomentar mais startups pela América Latina. Completam a equipe Nicolas Berman, Santiago Fossatti, Andy Young e Mariana Donangelo.
O fundo acumula 91 startups investidas. Nove delas são unicórnios, ou startups avaliadas em ao menos US$ 1 bilhão. Creditas, Gympass, Kavak, Loggi, MadeiraMadeira e Nubank são alguns exemplos. Fossatti conversou recentemente com o Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, sobre uma captação de US$ 1 bilhão para o Kaszek investir em mais startups da América Latina.
BofA Securities, Goldman Sachs & Co LLC, Allen & Company LLC e J.P. Morgan devem coordenar o IPO da SPAC.
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O que são SPACs?
Os SPACs (Special Purpose Acquisition Companies), ou companhias de propósito específico de aquisição, são empresas que servem apenas para comprar outras empresas e abrir seu capital sem passar pelo lento, incerto, longo, doloroso e arriscado processo de tradicional de IPO.
O processo se resume à criação de uma pessoa jurídica pelo patrocinador, que abre o capital na bolsa. Essa empresa é só uma casca, ou shell company. Com o dinheiro em caixa, ela sai à caça de uma empresa que ainda não esteja listada, fecha um acordo com a empresa alvo e se funde a ela. O SPAC deixa de existir e as ações listadas da shell company passam a representar a da empresa adquirida.
Quem compra as ações de um SPAC, portanto, precisa confiar na capacidade da sua equipe de encontrar e adquirir uma boa empresa. É como dar um cheque em branco para um gestor. O risco é alto, mas em um ambiente de juros muito baixos ou negativos, existem investidores dispostos a isso.
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Em 2016, 13 SPACs abriram capital. O número era muito pequeno, pois naquela época o SPAC ainda era considerado o último recurso de empresas que não conseguiriam fazer um IPO tradicional. Em 2019, o número já era de 54, mas em 2020 o ritmo acelera ainda mais, para 248. O número foi superado apenas nos três primeiros meses de 2021, que teve mais de 300 SPACs.