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SÃO PAULO – A empresa de meios de pagamentos StoneCo (STNE) teve prejuízo no segundo trimestre, com uma provisão extra, após admitir ter sido surpreendida com falhas em seu negócio de crédito. Depois do resultado, pior do que o esperado pelos analistas, os ativos tinham queda de 6,06% no pré-market da Nasdaq por volta das 9h30 (horário de Brasília), a US$ 46,50.
A companhia anunciou nesta segunda-feira que teve prejuízo ajustado de R$ 150,5 milhões no período, ante lucro de 150,3 milhões um ano antes. Em termos líquidos, a companhia teve lucro de R$ 526 milhões, mas devido a um ganho contábil de 715 milhões com a marcação a mercado de alguns investimentos.
Embora tenha visto seu volume total de pagamentos somar R$ 60,4 bilhões, alta de 58,6% em um ano, a StoneCo viu uma piora em várias de suas métricas, devido a uma baixa de R$ 397,2 milhões ligados a ajustes no valor estimado de crédito a receber e, consequentemente, menores empréstimos.
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A receita total da companhia, que em julho concluiu a aquisição da empresa de software para o varejo Linx, foi de R$ 613,4 milhões, foi 8,1% menor ano a ano.
“Apesar da forte evolução em nosso principal negócio de SMB (pequenos negócios), atualmente enfrentamos desafios em nossa operação de crédito, principalmente como resultado de níveis mais elevados de inadimplência e menores expectativas de recuperação de clientes inadimplentes”, afirmou a StoneCo no relatório sobre o balanço.
“Embora reconheçamos que nossas capacidades de subscrição e processo de cobrança ainda precisam evoluir devido ao estágio inicial de nossa solução de crédito, acreditamos que o mau funcionamento dos prestadores de serviços de registro de contas a receber desempenhou um papel importante nos resultados abaixo do esperado, pois permitiu que os comerciantes transferissem as transações para outros serviços de aquisição que, na prática, contornaram as garantias colaterais que nos deram”, acrescentou.
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O Credit Suisse destacou que a Stone reportou resultados fracos, com provisões adicionais (PDD) levando a um impacto negativo de R$ 397 milhões do produto de crédito na receita total da companhia. As provisões também levaram a empresa a reportar um lucro líquido ajustado negativo de R$ 150 milhões, versus expectativa de dado positivo de R$ 300 milhões.
Mesmo excluindo o impacto negativo do produto de crédito, os números ainda viriam com uma decepção frente às expectativas do consenso na receita líquida e lucro líquido, apontam os analistas, principalmente devido a um take rate – taxa cobrada a cada transação – ligeiramente mais fraco e despesas de capital de crescimento e financeiras acima do esperado.
Os analistas do Credit acreditam que os resultados no segundo semestre devem continuar limitados por pouca ou nenhuma originação de crédito e intensa competição no SMB, mas destacam que esse cenário mais negativo parece já estar precificado depois que o papel caiu 40% no acumulado do ano.
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“Apesar dos desafios de curto prazo, continuamos a ver o crédito como uma oportunidade e que deve contribuir para a expansão do take rate no futuro. Além disso, a Stone reafirmou seu guidance [projeção] de 950 mil clientes por ano, o que implica fortes adições líquidas de cerca de 90 mil por trimestre no segundo semestre”, avaliam, o que os analistas acreditam que será um pouco desafiador. Por fim, o TON, da divisão de meios de pagamentos da Stone, está crescendo rapidamente e pode surpreender, avaliam. Os analistas possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel, com preço-alvo de US$ 100, um potencial de alta de 102% em relação ao fechamento da véspera.
Os analistas do Itaú BBA também apontam os resultados de Stone como muito piores do que esperado por eles, também destacando o impacto dos ajustes no produto de crédito.
“Embora a administração recentemente tenha sinalizado questões relacionadas ao registro de contas a receber – levando a provisões adicionais e ao menor desembolso de empréstimos – acreditamos que os desafios atualmente enfrentados pela empresa podem levantar questões sobre o potencial e o ritmo de crescimento da solução de crédito, um produto que consideramos chave para a tese da empresa e para o valor justo da ação”, avaliam.
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Eles reforçam que o guidance de 2021 (fornecido no primeiro trimestre) de take-rate e o de lucro líquido ajustado foi suspenso, mas o guidance de adições líquidas foi mantido.
“Apesar dos esforços da empresa para esclarecer e antecipar questões relacionadas ao registro de recebíveis que prejudicaram as provisões e o desembolso de crédito durante o trimestre, acreditamos que o atual desafios tiveram um impacto maior do que o esperado no segundo trimestre. Eles também devem pressionar os próximos resultados trimestrais porque levará algum tempo para Stone retomar o desembolso de crédito. Dito isso, enquanto nós reconhecemos que os resultados trimestrais colocam uma pressão negativa significativa em nossas estimativas, optamos por manter nossas projeções para a empresa por enquanto, à medida que buscamos entender: i) as perspectivas de crescimento da carteira de crédito e o potencial de lucratividade no atual cenário desafiador; e ii) os efeitos de curto prazo da mudança na metodologia de contabilização do produto”, apontam os analistas do BBA.
A recomendação do banco, no momento, é outperform, com preço-alvo de US$ 95, ou potencial de alta de 92% frente o fechamento da véspera.
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(com Reuters)
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