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SÃO PAULO – A aquisição do hortifruti Natural da Terra (HNT) pela Americanas (AMER3) anunciada ontem foi interpretada por analistas do mercado financeiro como positiva para os papéis da companhia, uma vez que amplia o portfólio de produtos e garante uma nova frente de negócios.
Há contudo, desafios a serem superados após a compra e há quem defenda que apenas uma parceria teria sido mais eficiente.
Nesta quinta-feira (12), por volta das 10h50, os papéis AMER3 apresentavam alta de 1,5% na B3, negociados a R$ 46,36.
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Em relatório, a XP diz ver a aquisição como estrategicamente positiva, pois adiciona uma nova categoria com alta recorrência ao portfólio.
A alta penetração digital da rede de hortifruti, bem como o aumento da exposição a tendências saudáveis – a maior parte dos produtos é concentrada em alimentos frescos –, também são fatores positivos.
Os analistas comparam a aquisição da Americanas com a entrada da Amazon no varejo de alimentos por meio da Whole Foods, nos Estados Unidos, e destaca que esse movimento se difere da estratégia de outras empresas brasileiras, que hoje optam por fazer apenas parcerias por meio de seus marketplaces.
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O time de análise da XP destaca, contudo, que o valuation da operação não foi barato, uma vez que está praticamente em linha com as varejistas de alimentos e ligeiramente abaixo da AMER (em 9,6 vezes o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) estimado para 2021).
A XP mantém sua recomendação de compra para AMER3 e LAME4, com preços-alvo de R$ 82 e R$ 12 por ação, respectivamente.
A aquisição também é tida como positiva pela Guide Investimentos, dado o potencial sinérgico que pode ser criado após a total integração.
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Além disso, a expansão para o segmento de alimentação é um passo bastante importante para a Americanas, segundo o time de análise, em virtude da entrada da empresa no segmento de alimentos e perecíveis, próximo setor a ser explorado pelas grandes varejistas.
Na avaliação do Itaú BBA, a aquisição pode ser um bom acréscimo para a Americanas devido à frequência e tráfego adicionais, bem como uma expansão potencial da plataforma HNT, ganhando espaço no mercado online.
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“Acreditamos que esses fatores, combinados com o recente desempenho inferior das ações, podem levar a uma reação positiva do mercado, apesar das complexidades adicionais da aquisição”, escrevem os analistas.
Já o Credit Suisse diz que a aquisição está em linha com a estratégia de melhorar a recorrência de compras e que a alavancagem da Americanas chegará a 0,8 vez o caixa líquido para o Ebitda, o que abre espaço para outras grandes fusões e aquisições.
Mas também há desafios pela frente
Apesar da interpretação de analistas de que a reação à aquisição deva ser positiva no mercado, as corretoras destacam que também há desafios pela frente.
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O principal risco, segundo a XP, é a execução. Isso porque a Americanas está entrando no varejo alimentar através do 1P (estoque próprio), que é uma categoria com uma dinâmica diferente do seu negócio atual, principalmente devido ao maior giro dos produtos, margens menores e prazos de validade mais curtos.
Outra dificuldade, segundo o Itaú BBA, recai sobre a expansão da rede de hortifruti para outros estados e regiões, principalmente por conta da complexidade em manter um amplo, fresco e bem variado portfólio de produtos.
Apesar da complexidade operacional da aquisição, dadas as vantagens potenciais e o baixo desempenho recente da ação AMER3 na Bolsa, o banco espera uma reação positiva do mercado.
O Itaú BBA tem recomendação de compra para os papéis AMER3 e preço-alvo de R$ 74.
Aquisição poderia ter sido uma parceria
Já o Bradesco BBI diz acreditar que uma parceria entre as empresas poderia ter sido mais eficiente, evitando que a Americanas tivesse que desembolsar uma grande quantia pela rede de hortifruti e ainda ter que lidar com todo o processo de expansão.
Segundo os analistas, por mais que a Americanas consiga acelerar o crescimento da Natural da Terra, ainda não ficou claro como que a rede de hortifruti irá acelerar significativamente o crescimento da plataforma central da Americanas.
“Sim, a categoria de supermercados é grande e uma importante fonte de crescimento, mas isso já estava sendo explorado por meio do negócio asset light Supermercado Now (plataforma para supermercados terceirizados). Isso já foi dimensionado para 60 cidades em oito estados e conta com Carrefour, GPA e Grupo BIG como parceiros, enquanto a HNT adiciona lojas em 11 cidades em 4 estados existentes. A necessidade de adquirir uma rede de lojas, gastando R$ 2,1 bilhões, não está clara para nós no momento”, escrevem os analistas, em relatório.
Para o banco, é possível que haja alguma sinergia na venda cruzada – aproveitando os usuários de HNT de alta frequência para vender outros produtos da plataforma da Americanas – mas isso não foi mencionado na declaração da empresa, destaca.
“Achamos ainda que a base de usuários ativos é provavelmente pequena se compararmos aos 23 milhões de clientes ativos de comércio eletrônico da Americanas”, completa o time de análise.
O Bradesco BBI manteve sua recomendação neutra para as ações AMER3 e preço-alvo de 90.
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