EmCasa, site de imóveis que aposta em corretores com salário fixo, recebe R$ 110 milhões

Startup tem equipe própria com 80 especialistas de vendas; novos recursos irão para tecnologia, expansão geográfica e serviços financeiros

Mariana Fonseca

Gabriel Laet, Gustavo Vaz e Lucas Cardoso, cofundadores da EmCasa (Divulgação)
Gabriel Laet, Gustavo Vaz e Lucas Cardoso, cofundadores da EmCasa (Divulgação)

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SÃO PAULO – O Brasil tem 839 startups que atuam com construção e gestão de propriedades, ou construtechs e proptechs. Existe uma grande competição pelos mesmos objetivos, como tornar a compra de um imóvel mais simples. Mas também existe dinheiro disponível para startups que se destacam.

Uma delas é a EmCasa. A startup de aquisição online de propriedades anunciou mais recursos para competir com gigantes como os unicórnios Loft e QuintoAndar. A proptech captou um aporte de R$ 110 milhões, divulgado nesta quarta-feira (21).

O site de compra e venda de imóveis usará os novos recursos para continuar investindo em tecnologias proprietárias, para chegar a novas cidades e para oferecer novos serviços financeiros.

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O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com o cofundador Gustavo Vaz sobre a proposta da EmCasa e sobre os próximos passos da startup.

Foco em equipe de vendas e tecnologia

A EmCasa foi criada por Gabriel Laet, Gustavo Vaz e Lucas Cardozo em 2018. A relação de Vaz com o mercado imobiliário começou cedo: sua mãe se tornou corretora de imóveis quando ele tinha cerca de dez anos de idade, e permaneceu por quinze anos na profissão.

“Ela sentiu dificuldade de se recolocar no mercado após ter dois filhos, e a profissão de corretor de imóveis acolhe bem esse perfil. Os corretores são bem empreendedores: aprendem ao longo do processo e assumem uma grande responsabilidade, porque a compra de um imóvel é talvez a transação mais complicada na vida de uma pessoa”, diz Vaz.

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“Mas os corretores não têm recursos para prestar um serviço dessa magnitude. Não recebem ferramentas, treinamento nem salário mínimo. Quem fica meses sem vender um imóvel entra em estado de ansiedade.”

A EmCasa surgiu após as experiências de Vaz em startups de mobilidade urbana e de compra e venda de automóveis. “Vi como a tecnologia poderia transformar setores, e resolvi fazer o mesmo para o mercado imobiliário. Tínhamos uma oportunidade”.

A startup promove a compra e venda online de imóveis. Como diferencial para outros sites, Vaz defende tecnologia e equipe de vendas proprietárias. A EmCasa tem um sistema gestão com algoritmos que analisam o perfil do cliente para definir qual imóvel seria indicado e qual corretor pode melhor atendê-lo. Já os corretores são chamados de especialistas de vendas.

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“Todas as empresas do mercado atuam com corretores da mesma forma. Torná-los funcionários da startup, com treinamento para entender as necessidades do cliente e remuneração fixa, faz a experiência dos clientes ser melhor. Tira a pressão das duas partes por fechar logo o contrato”, diz Vaz. O fundador afirma que os corretores se tornam mais produtivos, fazendo dez vezes mais transações do que um corretor tradicional.

A EmCasa também faz assessoria jurídica das propriedades em seu site, tendo advogados em sua equipe que checam certidões e cuidam de contratos e escrituras. Ainda, a startup se conecta com grandes bancos por meio de interfaces de programação (APIs) para mostrar ao cliente suas possibilidades de financiamento.

“Fazemos uma espécie de leilão entre as instituições financeiras, gerando uma redução de taxa aos clientes. Uma pequena redução de juros faz muita diferença em um financiamento grande e longo”, diz Vaz. O negócio se monetiza de duas maneiras: uma comissão quando a venda do imóvel é fechada, e uma comissão recebida dos bancos quando o crédito imobiliário é aprovado por meio do site.

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Aplicativo da EmCasa (Divulgação)
Aplicativo da EmCasa (Divulgação)

O primeiro ano foi dedicado à criação desses sistemas e processos – a EmCasa vendeu apenas cinco unidades. As vendas começaram a partir de 2019, enquanto 2020 foi voltado ao crescimento do negócio. A pandemia de Covid-19 mudou a dinâmica de comprar e vender propriedades, segundo Vaz.

“Entre abril e junho, as pessoas ficaram cautelosas em fazer grandes compras. A gente aproveitou o momento para olhar para dentro da empresa e investimos em um curso de 80 horas para qualificar nossa equipe comercial. Teve um impacto positivo nos profissionais, quando as vendas voltaram ao normal e inclusive cresceram diante de taxas de juros mais baixas. Nossa proposta de compra digitalizada teve boa aderência e estávamos preparados para absorver a demanda, porque fazemos isso desde 2018.”

Em 2020, a startup registrou R$ 350 milhões em transações, alta de 125% sobre 2019. Na média anualizada (resultado do último mês multiplicado por 12), a EmCasa atinge R$ 700 milhões em transações.

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Novo investimento e expansão

A EmCasa já tinha captado um aporte semente de US$ 1 milhão e uma série A de US$ 10 milhões. O aporte atual teve a entrada de Globo Ventures, Igah Ventures e Flybridge no quadro de investidores da startup.

“Cada um desses investidores traz uma contribuição significativa para a mesa. A Globo Ventures entende muito do negócio, tendo experiência com o Zap Imóveis. A Igah Ventures tem experiência em amadurecer negócios aqui no país, sendo investidora da recente companhia aberta Infracommerce. Já o Flybridge é um fundo americano com investimentos selecionados no Brasil, como MadeiraMadeira e também Infracommerce”, diz Vaz. MAYA Capital, Monashees, NBV, ONEVC e Pear Ventures já eram sócios da empresa e acompanharam a rodada série B.

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A EmCasa pretende aprofundar sua operação nas capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas também chegar a novas cidades. Alguns serviços financeiros em que a startup está de olho são consórcio e empréstimo com garantia de imóvel (home equity). No acumulado de 2021, a EmCasa projeta alcançar R$ 1 bilhão em transações – quase o triplo do visto em 2020.

A EmCasa tem 200 funcionários, 80 deles na equipe de vendas. Até 2024, a startup espera chegar a 1.500 funcionários. “Uma nova captação é provável nesse prazo, mas vamos avaliar onde faz mais sentido captar: no mercado privado ou no mercado público. Deixaremos a companhia preparada para qualquer processo, inclusive um IPO [oferta pública inicial de ações]. Fazemos auditoria há três anos, e temos comitê interno para reportar números aos nossos investidores”, diz Vaz.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.