Dólar tem queda acentuada contra real antes de Fed e Copom

"Hoje foi um dia de agenda bem leve, e o mercado foi direcionado por fluxos, principalmente", disse Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) -O dólar teve forte queda contra o real nesta segunda-feira, em sessão direcionada principalmente por fluxos, com todas as atenções do mercado voltadas às reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, que se encerram na quarta-feira.

O dólar spot teve queda de 0,95%, a 5,0723 reais na venda, sua maior desvalorização diária desde 2 de junho (-1,201%). Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,98%, a 5,078 reais.

“Hoje foi um dia de agenda bem leve, e o mercado foi direcionado por fluxos, principalmente”, disse à Reuters Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos.

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Segundo ele, as expectativas dos mercados estão girando em torno dos encontros desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) e do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o que deve se manter até a divulgação das decisões.

Na maior economia do mundo, temores de superaquecimento econômico têm elevado ruídos relacionados a um possível aperto monetário precoce por parte do Fed, o que deixará os analistas atentos ao comunicado do banco.

Já no Brasil, devido a aumento nas expectativas de inflação, “esperamos que o Copom antecipe novo aumento da Selic em 0,75 ponto percentual para a reunião de agosto e retire a mensagem de que a normalização da política monetária deverá manter algum grau de estímulo à atividade”, escreveram analistas da Genial Investimentos.

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Sua aposta está em linha com a de outros participantes do mercado. Uma pesquisa recente da Reuters com economistas mostrou que o BC anunciará o terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual em sua taxa básica de juros na próxima semana, e possivelmente indicará um ciclo mais agressivo à frente ao abandonar seu compromisso com uma “normalização parcial” da política monetária.

Caso esses dois cenários se concretizem, a tendência é de valorização do real, têm repetido especialistas. “Com o BC subindo juros, o mercado de renda fixa local vai ficando mais atrativo”, disse Netto, da Acqua-Vero, referindo-se a operações de “carry trade”, uma estratégia que consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.

“Há ainda a ampla liquidez nos Estados Unidos e na Europa; esse dinheiro vem para países emergentes, como Brasil, e os ingressos levam a uma tendência de alta da moeda local.”

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Além da política monetária, alguns investidores chamaram a atenção nesta terça-feira para a notícia de que o Senado tem sessão convocada para a votação, na quarta-feira, da medida provisória que trata da privatização da Eletrobras.

Sinais de avanço na agenda de privatizações doméstica tendem a beneficiar o real, uma vez que elevam a perspectiva de ingresso de recursos no Brasil.

Segundo Netto, depois da “super quarta” de decisões de política monetária, que há dias vem dominando o radar dos investidores, o mercado de câmbio doméstico deverá continuar monitorando dados sobre a inflação e a atividade econômica, enquanto, no médio prazo, o foco começará a passar para as eleições presidenciais de 2022.

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