Ata do Copom promete mexer com projeções para a taxa Selic

Dados da atividade produtiva, inflação doméstica e crise subprime mudaram cenário de atuação do comitê

Juliana Pall Farias

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SÃO PAULO – Interrompendo a seqüência de dois cortes consecutivos de 50 pontos-base, o Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – em sua última reunião diminuiu o ritmo de flexibilização monetária e cortou a taxa Selic em 25 pontos-base, levando-a a 11,25% ao ano.

Na próxima quinta-feira (13), será divulgada a ata do encontro ocorrido nos dias 4 e 5 deste mês. O documento, amplamente aguardado pelo mercado, promete mexer com as divergentes opiniões e projeções sobre a conduta futura da política monetária brasileira.

Isto porque as incertezas sobre os desdobramentos, a magnitude e os possíveis impactos econômicos da crise subprime, as pressões inflacionárias domésticas e os indicadores nacionais que sinalizam melhor desempenho do setor produtivo do país trouxeram um novo cenário à tona.

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Expectativas para a Ata do Copom

“A ata desta reunião será fundamental para avaliar os próximos passos do Copom”, diz o banco HSBC. Por ora, os analistas da instituição projetam que o comitê efetuará mais um corte de 25 pontos-base na taxa Selic em sua reunião de outubro, interrompendo o ciclo de cortes em dezembro.

“Ressaltamos que essa avaliação estará sob reavaliação nesta semana, diante da análise do conteúdo da ata dessa reunião”, completa o HSBC. Independente de a pausa ser determinada em outubro ou em dezembro, o banco acredita que a probabilidade desta ocorrer em 2007 é extremamente elevada.

O banco de investimentos Espírito Santo avalia que a minuta que será publicada na próxima quinta-feira deverá indicar os fatores a serem considerados na possibilidade de mais um corte em outubro, ainda considerado relevante segundo o consenso de mercado apurado pelo último relatório Focus do Banco Central.

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“O comitê não assinalou enviesamento em relação ao próximo passo da política monetária, mas emite sinais de que o final do ciclo de afrouxamento dos juros está próximo”, diz o banco.

À espera de tom conservador

A Mercatto Investimentos compartilha da opinião de que a visão do Copom sobre o atual cenário só ficará mais clara com a divulgação da ata. Por ora, a percepção é que a
redução do ritmo de cortes da Selic sugere que os membros do comitê estejam mais cautelosos não só diante do cenário externo de incertezas, mas também frente à deterioração dos indicadores de inflação corrente, que vem sendo acompanhados por dados muito fortes de atividade.

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“A demanda está bastante aquecida e ainda poderá se acelerar adicionalmente com os novos estímulos monetários, além dos que ainda não começaram a influir devido às defasagens normais de política monetária”, diz a instituição em relatório.

A ABN Amro Corretora também espera um tom mais conservador e dicas sobre o atual
diagnóstico da autoridade monetária acerca da inflação doméstica. “Estimamos que, em
comparação à reunião anterior, tenha havido aumento na inflação projetada pelo BC para 2007 e 2008”, dizem os analistas da corretora.

A expectativa da ABN é que, independentemente do teor da ata, o Copom deverá manter a taxa Selic em 11,25% ao ano na reunião de outubro, bem como em muitas
outras reuniões subseqüentes. “A razão para tal é que os dados vindouras até a próxima reunião não deverão trazer novas informações que justifiquem corte adicional”.

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Comentário do Copom já traz pistas sobre conduta futura

A decisão unânime do colegiado veio acompanhada por um comentário mais elucidativo do que o usualmente publicado. “O Copom avaliou a conjuntura macroecônomica e considerou que, neste momento, o balanço de riscos para a trajetória prospectiva da inflação ainda justificaria estímulo monetário adicional”.

Na opinião da equipe de analistas do JP Morgan, o uso das palavras “neste momento” e “ainda” abrem espaço para uma pausa no ciclo de cortes da Selic (iniciado em setembro de 2005) no próximo encontro do comitê. Contudo, tal movimento não significaria o fim da trajetória de redução da taxa básica de juros do país.

Os analistas do banco de investimentos também observam que a menção à “conjuntura macroeconômica”, em vez da usual referência ao cenário inflacionário, mostra que o comitê, a despeito da relativa resiliência do mercado doméstico à tensão externa, está atento à possibilidade da crise nos mercados de crédito impactar negativamente a economia brasileira.

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