Produção industrial, ofertas de ações e tensão EUA x China: o que acompanhar na próxima semana

Tudo que o investidor precisa saber antes de operar na semana

Anderson Figo

SÃO PAULO — A próxima semana promete ser movimentada na agenda de indicadores econômicos e também no noticiário corporativo e político. Maio foi importante para a Bolsa brasileira, que registrou sua maior alta para o mês desde 2009, por isso o mercado fica atento para uma possível correção neste início de junho, a depender dos dados que serão divulgados.

Por aqui, a produção industrial de abril será divulgada no dia 3 e o PMI (índice gerente de compras, na sigla em inglês) do setor manufatureiro de maio sai já na segunda-feira, dia 1º de junho. No começo do mês também sai a balança comercial de maio.

Esses indicadores, segundo analistas, devem mostrar maiores efeitos das medidas de isolamento na atividade do que o PIB divulgado hoje, que se refere apenas ao primeiro trimestre deste ano e teve queda de 1,5% sobre o período anterior.

O mercado vai continuar de olho ainda na evolução da pandemia de coronavírus no Brasil, que agora só fica atrás dos EUA em número de infectados, com total de mais de 400.000 casos. Alguns estados já começaram a afrouxar medidas de isolamento, mas os números ainda indicam que o pico da doença ainda não passou por aqui.

O dólar deu um certo alívio em maio, mas a volatilidade da moeda foi grande. Por isso, os investidores vão continuar de olho nos próximos passos do Banco Central. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse ontem que a autoridade monetária brasileira estava pronta para atuar mais fortemente no mercado se for necessário.

Campos Neto disse ainda que a instituição segue atenta e atua quando há “disfuncionalidade”, como quando a moeda se descola dos pares ou dos fundamentos econômicos. O BC anunciou um leilão repo, de operação compromissada em moeda estrangeira, para segunda-feira, 1º de junho.

No noticiário corporativo, será definido na quinta-feira (4) o preço por ação em oferta da Centauro, pouco mais de um ano após o IPO. Já a Ambipar pediu a retomada da análise de sua oferta inicial, enquanto a Via Varejo se prepara para fazer uma oferta follow-on bilionária.

Já na pauta política, a tensão é entre o governo e o Supremo Tribunal Federal. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro elevou o tom sobre as decisões que têm sido tomadas pelos ministros do STF, esquentando o clima dos bastidores de Brasília.

Cena externa

Lá fora, a tensão entre Estados Unidos e China piorou de uma semana para outra e os investidores seguem atentos para o que vai acontecer nos próximos dias. O clima pesou após o plano de Pequim de impor uma lei de segurança em Hong Kong.

Hoje, em um rápido discurso de cerca de dez minutos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adotar um tom bastante duro sobre a China, culpando novamente o gigante asiático pela crise com a pandemia da Covid-19. “O mundo precisa de respostas da China sobre o coronavírus ”, disse.

Trump também acusou a China de estar à frente das decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e afirmou que está encerrando relações com a Organização, mas não detalhou esse rompimento com a OMS, apontando apenas que vai realocar o financiamento retirado há algumas semanas para outras iniciativas.

De acordo com o presidente americano, a OMS foi “pressionada” pela China a dar direcionamentos errados ao mundo sobre o novo coronavírus. “O mundo está sofrendo agora como resultado dos malfeitos do governo chinês”, destacou.

Na agenda de indicadores, o destaque será o relatório de emprego dos EUA, na próxima sexta (5). O Payroll deve mostrar corte de 8 milhões de empregos em maio, um dado elevado mas bem menor do que os mais de 20 milhões de abril.

Já a China divulga PMIs neste fim de semana e o índice oficial de manufaturas deve subir de 50,8 para 51,1 em maio, segundo estimativas levantadas pela Bloomberg.

Na Europa, a Alemanha divulgará dados de atividade na próxima semana, como PMI e desemprego. E o Banco Central Europeu (BCE) se reunirá na quinta-feira (4), com expectativa de manutenção das taxas de juros.

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.