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SÃO PAULO – O Brasil vive uma situação bastante complicada e falta do governo um plano da ação, afirmou nesta quinta-feira (14) o economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em uma live realizada com Ilan Goldfajn, que também já comandou o BC e hoje é presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil.
Segundo ele, o quadro econômico do País já preocupava e agora com a pandemia do novo coronavírus a situação ficou mais “confusa”. Ele explica que o cenário atual provoca um grande gasto do governo e o problema que já era grande, “ficou enorme”.
“Vai ser um ano horroroso, [o PIB] vai cair 6%, 8%, ninguém sabe o que esperar nessa hora”, disse ele ressaltando ver uma tempestade perfeita no Brasil.
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Armínio afirmou que o País ainda está na fase ascendente da pandemia e que um dos problemas é que nem todo mundo consegue seguir o isolamento social, principalmente aqui com a desigualdade social. Ilan acrescentou ainda que o grande problema é a incerteza da duração desta situação: “quanto maior a duração, maior o custo”.
“Não me arrisco a fazer grandes projeções. Mas é um quadro que não é sustentável, é preocupante”, alertou o economista destacando que “era importante que o governo tivesse uma agenda para ancorar as coisas”.
Armínio disse ainda ter analisado números e que 80% do gasto público no Brasil vai para a Previdência e para o funcionalismo, sendo que no resto do mundo, segundo ele, este valor é de 60% ou menos. “Não dá para ser assim”, disse.
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Segundo ele, mesmo com a reforma aprovada no ano passado, é preciso ter uma agenda, que pode ser de 5 a 8 anos, para realizar mais mudanças na Previdência.
O economista alertou ainda para o fato de que no lado do funcionalismo nada foi feito até agora. Segundo ele, em um prazo de 10 anos seria possível economizar cerca de 3 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB). “Parece exagero, mas não é”, ressaltou.
O ex-presidente do BC destacou que o Brasil tem “um problema gigantesco, mas existe um mapa para a solução”. “É bem complicado, mas eu sinceramente acho que dá para fazer”, disse ele, destacando, porém, que não há como saber se algo será feito já que o presidente Jair Bolsonaro foi contra a reforma da Previdência no passado.
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Armínio concluiu ainda destacando a situação política do País, que segundo ele fez um movimento pendular muito forte, dizendo que o Brasil saiu de anos de governo de esquerda para uma direita que era para ser mais liberal na economia, mas não que não foi.
“É muito difícil não chegar na conclusão de que o problema está no executivo”, disse completando que o atual governo decidiu “não fazer política”, mas confundiu isso com “não fazer política antiga”.
“Vivemos um momento em que o governo está tendo dificuldade em conduzir as coisas. Governo que optou por sair da política e agora está voltando […] tá tudo parado, e eu não sei o que vai acontecer a partir daqui”, completou.
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