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Com o indicador que mede o risco de investir no Brasil em queda e investidores internacionais em busca de rendimentos maiores, o Tesouro Nacional emitiu nesta segunda-feira, 4, cerca de US$ 3,0 bilhões em títulos da dívida externa. A venda foi feita com as menores taxas de juros desde 2012, quando o Brasil ainda tinha o selo de “bom pagador” das agências de rating, o chamado “grau de investimento”.
A maior parte, cerca de US$ 2,5 bilhões, foi em um novo papel com prazo de vencimento de 30 anos, denominado Global 2050. Outros US$ 500 milhões foram da nova emissão de título com prazo de 10 anos, o Global 2029.Parte da emissão de longo prazo foi empregada na recompra de outros títulos que haviam sido colocados no mercado externo, muitos com custo maior e menor liquidez nas negociações. Essa “troca” de papéis ficou em torno de US$ 1 bilhão.
Nas emissões que geraram “entrada” de investidores – ou seja, US$ 1,5 bilhão do Global 2050 e os US$ 500 milhões do Global 2029 -, a demanda superou em três vezes o volume ofertado no caso do papel de 30 anos e em cinco vezes no título de 10 anos. Foi a primeira vez que o Tesouro ofertou no mercado externo dois títulos de prazos diferentes de forma simultânea.
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A “superoperação” foi avaliada positivamente pelo governo porque, além da demanda forte pelos papéis, as taxas de juros foram as menores em sete anos. A última emissão de título de 30 anos tinha sido em julho de 2016. Em março deste ano, houve emissão do Global 2029, com taxa de 4,5% ao ano, na época a menor desde que o Brasil perdeu grau de investimento, alcançando um montante total de US$ 1,5 bilhões.
Parâmetros
O anúncio de nova emissão de títulos globais do Tesouro funciona como uma forma de o governo estabelecer parâmetros para o mercado internacional em relação aos investimentos em empresas brasileiras. O coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michel Viriato, explica que a curva de juros de longo prazo que esses papéis traçam ajuda a nortear os investidores estrangeiros na hora de comprar dívidas de empresas privadas brasileiras, os chamados bonds.
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“O prêmio sobre a remuneração dos títulos do Tesouro americano (Treasure) é baseado no risco-país. Nesta terça-feira, 5, esse prêmio está em 2,65% acima do que paga o Treasure para os papéis que vencem em 2050. É condizente com o risco que o país oferece. Na dívida privada, o investidor de fora vai buscar pagar um pouco acima disso”, disse ele.
Para o coordenador do curso de Economia da FGV em São Paulo, Joelson Sampaio, essa também é uma boa prática do Banco Central à medida que atrai um investidor de mais longo prazo. “É um investimento melhor para o país porque se reflete na economia real.”
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